Porquê? Porquê destruir quando tantas são as vozes a pedirem para pararem. Que interesses escondem? Reinaldo Oudinot (1766/1807) um dos "ilustres e brilhantes engenheiros da história do exército português” deixou uma OBRA ímpar e de uma relevância extrema para o Funchal. Estes senhores que (des)governam o que vão deixar? O apagamento da História, a brutalidade do camartelo e a incultura. Parem com esta vergonha. Funchalenses, mobilizem-se. Esta triste "obra", dita pública, faz-me trazer à colação a infelicidade do drogado. Quando não a tem, ressaca e estrebucha. O governo segue essa linha... quando lhe falta o cimento entra em desespero, politicamente ressaca. Todos os dias tem de inventar formas de conseguir meios (a dose) para aplicar no betão. Parem!
Eis um texto do Engº Danilo de Matos (FB):
O Secretário Regional Sérgio Marques anunciou há dias o lançamento da empreitada para “a reconstrução” do troço da ribeira de Santa Luzia entre as pontes D. Manuel e Bettencourt. Devido à urgência, disse ele, o GR iria recorrer ao ajuste directo, com o preço base de 2,7 milhões de euros - muito dinheiro para uma extensão de apenas 191 metros. Tanta pressa para trabalhos que vão cair em cima do Inverno e para escamotear o segredo de uma obra que fazia parte da empreitada da Foz - e saiu de lá não se sabe porquê.
Não vou repetir aqui tudo o que já disse sobre a importância histórica, patrimonial e cultural das muralhas e das pontes da ribeira de Santa Luzia. Venho, antes, propor a todos um novo combate pela salvaguarda deste pequeno troço da ribeira - o que ficou depois da destruição da ponte do Cidrão e da ligação à foz. Se conseguirmos, ficará como uma Memória do legado e da obra notável do Brigadeiro Engenheiro Reinaldo Oudinot. Vale a pena ainda lutarmos por isto.
Estamos, embora eu seja ‘suspeito’ quando falo destas coisas, perante o troço mais emblemático e genuíno da ribeira. Foi construído ainda em vida do Engenheiro Oudinot que acompanhou pessoalmente os trabalhos. Oudinot (1747-1807) viria a falecer no Funchal a 17 de Fevereiro, três anos depois do início das obras.
Além disso, este pedaço de ribeira atravessa o casco mais antigo do centro histórico e está ladeado por um conjunto de imóveis de grande valor patrimonial. As muralhas, não obstante os anos sem conservação e manutenção e os massacres provocados pelas máquinas dos empreiteiros que fizeram da limpeza do leito da ribeira um negócio, resistiram e encontram-se em estado bastante razoável. Estamos, por isso, na presença de um espaço canal fabuloso, que estabelece uma leitura única com o mar e a baixa da cidade.
Betonar as muralhas, atapetar com betão o leito da ribeira, ‘reabilitar’ de forma arcaica e grosseira a Ponte D. Manuel, substituir a ponte do Bettencourt, lançar uma pretensa ponte pedonal pindérica e gastar 2,7 milhões de euros para rebentar com o que resta dum legado histórico precioso – temos a responsabilidade cívica de dizer NÃO!
Chegou a altura, neste momento crucial da vida da Cidade em que todos queremos contribuir para a sua reconstrução e ‘embelezamento’, de agarrar esta oportunidade que está ainda em aberto. A Câmara e o Governo Regional devem entender-se para, em conjunto, encontrarem outra solução para a reabilitação deste troço da ribeira de Santa Luzia que possa, apesar de tudo, ficar para a história da Cidade.
O que venho propor é uma coisa muito simples, que só depende da boa vontade dos poderes envolvidos - uma operação exemplar de reabilitação do espaço, com base num projecto urbano a cargo do Gabinete da Cidade que foi recentemente, e em boa hora, constituído pela Câmara. Para isso é necessário e urgente a suspensão imediata dos procedimentos em curso para adjudicar a empreitada e a criação de uma comissão técnica pluridisciplinar para avaliar a situação e definir as linhas gerais da nova intervenção. Tudo planeado para iniciar as obras no início da Primavera. O debate desta proposta está aberto. A cidade precisa de um gesto democrático e cultural do género que aqui propomos.
A CIDADE EM PRIMEIRO LUGAR, É O QUE SE PEDE.
EVITEMOS MAIS UM DESASTRE CULTURAL.
PARTILHAR É TAMBÉM O QUE PEÇO, MAIS UMA VEZ, A TODOS OS QUE QUEIRAM MANIFESTAR O SEU APOIO.
Funchal, 05 de Setembro 2016
(Créditos fotográficos do autor)
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