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domingo, 4 de outubro de 2009

FUNCHAL - CIDADE QUALIDADE OU FUNCHAL - CIDADE COM FUTURO?

No próximo Domingo os eleitores do Funchal vão decidir entre dois posicionamentos distintos: entre uma auto-evidenciada qualidade ou uma proposta que visa preparar o futuro para que a qualidade emirja. Trata-se, de facto, de dois caminhos substancialmente diferentes. Ora bem, quando olho para um cartaz e leio "Funchal - Cidade Qualidade" (PSD), tal obriga-me a interpretar e cruzar essa qualidade em termos de decisões políticas, económicas, sociais e culturais. Obriga-me a ir ao encontro da realidade. Infelizmente, não encontro essa qualidade. Porque a palavra qualidade está, indissociavelmente, ligada às exigências e necessidades dos consumidores. E os funchalenses são consumidores, na lógica da oferta e da procura, neste caso, entre as suas necessidades e o que a autarquia lhe oferece.Joseph Juran é um investigador da qualidade. O que é que ele nos diz? Que a qualidade pode ser definida em dois eixos: segundo a óptica dos resultados e segundo a óptica dos custos. Segundo a óptica dos resultados, a qualidade consiste nas características do produto ou dos produtos que satisfazem as necessidades dos clientes e geram lucros. Por aproximação à realidade autárquica, o problema é este: ou satisfazem as necessidades dos cidadãos e gera lucros, isto é, possibilita o bem-estar a todos os níveis, ou então, cresce o desconforto, o "prejuízo". Neste quadro, olho para a Cidade e não sinto essa auto-proclamada qualidade. Questiono, então, se se poderá falar de qualidade quando se calcorreia as zonas altas e se visualiza o desordenamento territorial, a ausência de acessibilidades fundamentais e se constata a existência de gravíssimas bolsas de pobreza por ausência de uma cidade solidária; poder-se-á falar de qualidade quando não se verifica uma resposta eficaz na protecção dos idosos; quando não existe uma visão global e estratégica para a mobilidade dos cidadãos; quando, ao contrário de uma cidade que liberta, dispomos de uma cidade que oprime; quando ao invés de uma cidade a favor do cidadão temos uma cidade contra o cidadão; quando não existe uma cidade respeitadora dos direitos humanos; quando há um evidente divórcio na defesa do património assumindo a cultura como libertação individual; poderá existir qualidade quando se desrespeita o solo urbano e quando não existe um compromisso com os cidadãos? Obviamente que não há qualidade. A qualidade não se determina por um passeio na Aveniga Arriaga e um café no Golden!
Mas a qualidade também pode ser vista na óptica dos custos. E aí significa ausência de defeitos. Qualidade significa um desempenho autárquico de excelência. E neste aspecto, Philip Crosby, autor que defendeu o conceito de “zero defeitos”, diz-nos que zero defeitos deveria ser um standart no desempenho da gestão e não apenas um slogan. E diz-nos que os responsáveis pela falta de qualidade são os gestores de topo pois acredita que a qualidade deve vir de cima para baixo. Ora bem, pelo que salientei não só não existe ausência de defeitos como a dívida da Câmara é hoje absolutamente disparatada e fora de controlo. Digamos que os "investimentos" não são proporcionais aos resultados no âmbito dessa ideia de qualidade defendida pela candidatura do PSD. Talvez porque, numa aproximação a Philip Crosby, estes autarcas nunca foram "vacinados" com "uma vacina preventiva que deveria conter três ingredientes: determinação, formação e liderança".
O problema reside aí, creio. De facto, tem sido evidente a falta determinação no sentido de novos reenquadramentos em função das novas lógicas que devem estruturar a cidade e que exigem um novo olhar para a dicotomia cidadão-autarquia; falta, certamente, formação, no que diz respeito a um debate mais profundo que a todos desperte e envolva num projecto que rompa com o passado, com a ideia estratégica de cidade que temos. Falta, finalmente, liderança, porque um projecto de mudança implica, necessariamente, capacidade para orientar de uma forma consistente. Acredito, portanto, porque mais profundo e audacioso, num "Funchal - Cidade com Futuro" (PS). Este slogan de campanha é muito mais que uma mera conjugação de palavras. Ele arrasta consigo duas ideias-chave: primeiro, porque não se remete aos erros do passado; em segundo lugar, porque descobre na cidade virtualidades que a podem catapultar a prazo para uma posição distintiva entre as demais. Entre uma e outra situações há um percurso e, naturalmente, um programa baseado em três perguntas fundamentais: onde estou, onde quero chegar e que passos tenho de dar para lá chegar? É o que deduzo do programa apresentado pelo Dr. Rui Caetano. Leio e sinto que ali não existe palavreado de campanha, produto fora de prazo, antes um compromisso com a cidade, um pensamento adequado nos vários componentes da cidade, uma ambição calculada, um humanismo sincero, um combate nas causas de uma cidade infeliz. Para o Dr. Miguel Albuquerque a Qualidade significa luxo e notoriedade. Para o Dr. Rui Caetano, pelo contrário, a qualidade é um processo e não um programa. É um processo de construção contínua, de aprendizagem no terreno, mas também de destruição de barreiras que impedem a própria mudança.
Foto do Funchal: Google imagens.

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