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domingo, 13 de junho de 2010

AINDA BEM QUE AS 404 PERGUNTAS ESTÃO A GERAR DESCONFORTOS NO GOVERNO


Quais regras? Aquelas que não possibilitam um tempo mínimo para equacionar as questões, que não permitem a reformulação das perguntas, onde o tempo destinado a cada grupo parlamentar é sempre a descontar no tempo global das intervenções? Se é assim, obviamente, que nada será esclarecido.


Pergunta o DIÁRIO, de forma oportuna, ao Vice-Presidente do Governo, Dr. Cunha e Silva:
O PS tem 404 perguntas sobre as SD. A que é se deve sua pronta disponibilidade para na ALM dar explicações aos eleitores pelas políticas e decisões assumidas?
Resposta:
"É normal. Estou sempre disponível desde que se respeitem as regras do debate parlamentar e que nos permita esclarecer o que realmente são dúvidas, sendo que hão-de admiti-lo não tenho feito outra coisa sempre que vou ao Parlamento. Acho estranho, no entanto, que estando o Mundo, a Europa e o País na difícil situação que é de todos conhecida, e os portugueses em geral e os madeirenses em particular, por causa da tragédia de 20 de Fevereiro, com tantos problemas para resolver, a preocupação principal do interpelante seja essa. Mas lá estarei sempre que entenderem".
A pergunta é interessante sobretudo porque ela própria acabou por ter uma resposta ainda mais interessante. Afinal, sempre são 404 questões que equivalem a mais de 650 milhões que terão de ser pagos. As Sociedades de Desenvolvimento estão falidas, a Região não sabe para onde se virar para juntar receitas capazes de fazerem face às dificuldades, de onde se conclui a necessidade de debater tudo aquilo que, alegadamente, não foi oportuno construir. As perguntas destinam-se a isso mesmo, a esclarecer tudo, de forma aberta, sem condicionamentos regimentais, sem fugas, sem blá-blás, olhos nos olhos, no pressuposto que não deve não teme. O que acontece é que o Senhor Vice-Presidente vem logo dizer, cuidado, "desde que se respeitem as regras do debate parlamentar". Quais regras? Aquelas que não possibilitam um tempo mínimo para equacionar as questões, que não permitem a reformulação das perguntas, onde o tempo destinado a cada grupo parlamentar é sempre a descontar no tempo global das intervenções? Se é assim, obviamente, que nada será esclarecido.
O segundo aspecto da resposta ainda é mais curioso: "estando o Mundo, a Europa e o País na difícil situação que é de todos conhecida, e os portugueses, em geral, e os madeirenses em particular, por causa da tragédia de 20 de Fevereiro, com tantos problemas para resolver, a preocupação principal do interpelante seja essa".
Reparei bem... o Mundo, a Europa e o País. O Vice-Presidente, subtilmente, exclui a Madeira, Região Autónoma e com órgãos de governo próprio. É por isso mesmo, pelas dificuldades do País e da Região que, politicamente, as perguntas têm a sua razão de ser, por variadíssimos motivos, para que não se comentam mais erros, para se saber como pagar a dívidas acumuladas, para se perceber se a estratégia foi bem ou mal sucedida, para avaliar do bom e do mau investimento feito, dos projectos portadores de futuro e daqueles que se tornaram um pesadelo, para se concluir, enfim, da necessidade ou não de uma fusão de todas as sociedades de desenvolvimento. As 404 perguntas que poderiam ser 808, estão aí, no sentido de, repito, politicamente, avaliar todo o processo. A "preocupação do interpelante" (PS-Madeira) é, do meu ponto de vista, importante e oportuna, exactamente pelo motivo de existirem "tantos problemas por resolver".
Mas quero aqui assumir um aspecto que qualquer pessoa percebe em termos de debate parlamentar: as 404 perguntas não obrigam a uma resposta de tipo sequencial, uma a uma. A elencagem das preocupações, projecto a projecto, é uma coisa; outra, é o debate de sentido global que permita conhecer o imbróglio das Sociedades de Desenvolvimento. Dou um exemplo: podemos estar face a 20 questões, directas e indirectas, sobre a construção de restaurantes em concorrência desleal com os restantes agentes económicos. É óbvio que o que está em causa será o debate sobre essa opção política que distorce e compromete as lógicas do mercado e não uma resposta individualizada. Para o grupo parlamentar do PS o trabalho foi feito, o que necessário se torna agora é justificar as razões das várias políticas. Tão simples e tão transparente.
Eu percebo o incómodo, eu compreendo que é difícil, mas quem vestiu a pele de político com altas responsabilidades terá de aceitar que a Oposição existe exactamente para fiscalizar o governo e para gerar as condições necessárias na construção de uma alternativa. E, por fim, a "tolerância deve ser zero para o erro". CONCORDO!
Ilustração: Google Imagens.

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