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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A MUDANÇA NECESSÁRIA


Consigo, caro leitor, (em particular, claro) em cinco minutos, descrever uma possível equipa de governo do PS. Competir-lhe-ia, secretaria a secretaria regional, verificar, a partir do conhecimento existente, se, com muita qualidade, a alternativa existe ou não. Sabe, as ilhas já existem há 500 anos (de forma habitada), todos os seus líderes morreram e a vida continuou, sempre para melhor!

Um visitante deste meu blogue, a propósito de MUDANÇA POLÍTICA e das propostas que o PS tem vindo a apresentar, no quadro da construção de uma alternativa, deixou um interessante comentário:
"Sabe qual é o seu problema? É que orienta as suas opiniões contra o PSD regional, mas o seu PS nacional faz o mesmo ou pior... A garantia que um PS regional faria o que defende, se no poder, é zero. A sua luta até seria aceitável e válida, mas sempre fora dos partidos. Ou no mínimo, num partido sem ambições governativas onde se pode ser demagógico à vontade pois nunca terá que provar que aplica o que defende.
Dentro de um partido com ambições de ser poder as suas lutas soam a falso e de pouco valem. E têm o efeito contrário do que pretende. Menos votos. Pois os seus camaradas, quando (no) poder fazem o contrário".
Por outro lado, ao contrário do que o leitor assume, não há luta política, quando se fala de opções governativas fora dos partidos. Os movimentos cívicos são indiscutivelmente importantes, mas o nosso quadro político é pautado pela existência de partidos. E é com eles que temos de viver, conviver e decidir.
Considerei interessante porque permite várias leituras. Desde logo, parece-me óbvio que a leitura que emerge está profundamente marcada por um sentido partidário, que eu respeito, mas que não se coaduna com a realidade, tampouco com os fundamentos da vivência democrática. Repito, respeito todos os partidos e todas as opções. Os partidos, note-se bem, enquanto instituições e as pessoas que neles militam ou são meros simpatizantes. Isto para dizer que não oriento as minhas posições contra o PSD enquanto instituição. Entendo é que a sua práxis política, depois de trinta e quatro anos consecutivos, já deu tudo quanto tinha para dar. Revejo-me em outros princípios orientadores que me fizeram socialista. E o que vejo que o PSD está acorrentado aos interesses que ele próprio gerou e o próprio presidente é, hoje, refém desses interesses. E a Sociedade, por múltiplas razões, exige a mudança. Nascemos para sermos ivres e não meros pivots de uma estratégia.
Aliás, são os diversos indicadores sociais que testemunham a necessidade de mudança. Já aqui escrevi que, por princípio, rejeito mais do que dois mandatos. Um terceiro só deve ser concedido quando existe um claro vazio alternativo de poder. O que, valha a verdade, não é o caso. Desde há muitos anos que são apresentadas excelentes equipas, quer para as autarquias quer para o governo, e todas elas, salvo raras excepções, perdem os combates eleitorais. Perguntar-se-á, porque razão? São muitas, obviamente. São razões de natureza cultural, de ausência de participação política directa ou indirecta por parte da população, de formação escolar que desperte para a Liberdade responsável, razões de constrangimento político, subtil ou descarado, mas intencionalmente criado através de uma rede onde todo o associativismo está controlado, é o domínio do dinheiro que tudo subverte, é o desvio de milhões para a propaganda (um dos casos é o do Jornal da Madeira) que conduz a que as pessoas não tenham, por medo, repito, por medo, opinião, enfim, são muitas as variáveis deste complexo jogo.
Isto também para dizer que as pessoas, em função do comentário feito, não são todas iguais. O PS-Madeira, por exemplo, tem autonomia estatutária e veja-se, por exemplo, o que se passa nos Açores em determinados domínios do desenvolvimento. São realidades completamente diferentes, dir-se-á, porque existem culturas democráticas também distintas. O que não me parece correcto afirmar é que existe demagogia da minha parte quando escrevo seja lá o que for, animado pelas minhas convicções. Pelo contrário, tento, com a minha experiência e leitura da Região, do País e do Mundo, caminhar num sentido que me parece mais justo e mais consistente relativamente ao crescimento e desenvolvimento das populações, neste nosso caso, dos madeirenses e porto-santenses.
Ora, aceitar a posição do leitor como válida, obviamente, que teríamos de partir do princípio que nunca existiria alternativa, o que não é, de todo, um bom caminho. A Democracia exige inovação, criatividade, pessoas que tragam novas ideias que pela sua consistência transformem, localmente, a vida das pessoas. É esse o meu objectivo e se me conhecesse bem veria que assim é!
É por isso que reafirmo que a Madeira precisa, urgentemente, de mudar de actores políticos. Consigo, caro leitor, (em particular, claro) em cinco minutos, descrever uma equipa de governo do PS. Competir-lhe-ia, secretaria a secretaria regional, verificar, a partir do conhecimento existente, se, com muita qualidade, a alternativa existe ou não. Sabe, as ilhas já existem há 500 anos (de forma habitada), todos os seus líderes morreram e a vida continuou, sempre para melhor!
Ilustração: Google Imagens.

6 comentários:

Santos da Casa disse...

Pode haver alternativa, mas nunca "dentro" do seu PS. Pois como já se viu, há muitas promessas e a pratica, no poder é sempre contrária ao prometido.
E se um dia o seu PS chegasse ao poder na Madeira assim seria. E quaisquer idealismos socialistas seriam metidos na gaveta. Assim foi com Guterres assim tem sido com Sócrates. Assim será com qualquer um dentro de um partido com a ideologia que defende, totalmente incoerente com os novos tempos.
Quanto aos Açores de que tanto fala e gosta de referir (apenas para o que lhe interessa) não será diferente, quando acabarem as abébias que Sócrates lhes garantiu.
Antes, já Guterres tinha eliminado a dívida para abrir caminho a César, recém empossado como Presidente do Governo Regional.
Depois foi a Lei de Finanças Regional que assegura mais 200 milhões, por ano, em relação à Madeira. Olhe que não é pouco. Dá para tudo aquilo que você vai referindo como de diferênciante em relação à Madeira. A redução do IRS, os benefícios aos professores, os complementos de reforma, etc...
Mas o que acha que sucederá quando essas abébias tiverem de acabar, também nos Açores? Quando todo esse "peixe" socialista acabar e verificarem (todos os solialistas e quem estes enganam) que não há canas, nem quem as saibam usar?
Nessa altura, a pobreza militante (crescente à medida que mais apoios e subsidios se dão à boa maneira socialista) será agravada até um ponto que poderá ser muito mais crítico. Açores? Não obrigado.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
É verdade, "santos da casa (do PSD) já não fazem milagres".
Desculpar-me-á, mas penso que errou na sua observação, pois foi com Guterres que foram pagos cento e tal milhões de contos e foi com Sócrates que a Madeira contou com toda a solidariedade em função da Lei de Meios.
E quanto à comparação com os Açores, a questão pode ser posta ao contrário: como ficará este GR quando tiver de pagar a factura, mormente a partir de 2012?
Sabe, o problema é os governantes, particularmente o Presidente do Governo e o Secretário das Finanças partiram do pressuposto, como diz o Dr. Carlos Pereira, que eynes era empreiteiro. E não, ele é economista! E entre uma política de empreiteiro e um economista há uma diferença substancial, como sabe.
Foi através desta política regional que, agora, temos 16.000 desempregados e uma população pobre. A culpa não é do Continente nem da Constituição, mas das opções políticas erradas, tomadas aqui.

Santos da Casa disse...

Como disse, esses dados não são diferentes dos conseguidos pelos seus camaradas no resto do País (Açores incluidos). E sim. A culpa é (muita) da politica nacional que, por aqui não pode ser, devido à Constituição socialista que temos, tão demarcada como devia.
Quanto a Guterres, não me enganei não. Ele pagou inteirinha a dívida dos Açores e parte da dívida da Madeira. Abra os olhos, Sr. deputado e vai ver mais algumas coisas, para além do que lhe interessa.
Quanto à Lei de Meios, basta ano e meio da diferença de apoios entre a Madeira e Açores (nova LFR) para ficar esbatida...
É o que se chama a solideriedade socialista. Sempre para os Açores, alguma coisa para a Madeira, quando tudo se parte. E mais: nada de muito diferente aconteceu com os Açores face ao último terramoto. Solideriedade por motivos de catástrofe não deve meter política. Ou há ou não há. Não se regista nem fica dívida pendente. Apenas reconhecimento pelo devido que se concretiza.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu novo comentário.
Há dois aspectos que nos separam (eventualmente, entre muitos outros): primeiro, eu não nego a AUTONOMIA, portanto, a capacidade de sermos nós a definirmos o futuro, sem termos que andar agarrados às "saias" da Constituição. E porque sou autonomista, obviamente, tenho de assumir que existe uma Assembleia e um Governo próprios. O meu Caro parece-me que se esquece disso. A culpa é sempre dos outros.
Em segundo lugar, é basilarn que só se pode comparar coisas comparáveis. Estou farto de dizer isto. Os Açores têm 9 ilhas espalhadas por 600 km; a Madeira, duas, separadas por 50 km. A Madeira é periférica 1000 km do Continente; os Açores, 1500 km. Tudo isto faz a diferença. E ainda assim teêm um Orçamento Regional (global) inferior ao da Madeira. E o Senhor sabe que assim é!
Eu não preciso de abrir os olhos. Há muitos anos que estão arregalados em função do despesismo regional.
Finalmente, quanto à solidariedade. Eu entendo, que no caso das tragédias não há lugar à solidariedade nacional, mas sim À RESPONSABILIDADE NACIONAL. A solidariedade é coisa que me cheira a mão estendida e eu não gosto!

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Concordo consigo. De uma vez por todas, este Governo terá de ser substituído o mais brevemente possível, para bem de todos nós. Quanto mais não seja, porque o Presidente do Governo, rodeado que está por velhos cortesãos que só lhe dizem o que ele quer ouvir, vive na ilusão de uma Alice no país das maravilhas.
Mas não tenhamos grandes ilusões. O que o jardinismo teve de mais perverso foi o ter institucionalizado um regime que confunde democracia com ditadura do partido mais votado. Perverso porque, na prática, vai ser difícil, se não impossível, sair da espiral do abuso de poder. Quem vier depois, ou entra nesse esquema ou será tragado vivo.
O novo governo, por melhor que venha a ser o seu elenco, vai ficar prisioneiro do círculo vicioso que é a governação tradicional da Madeira pós 25 de Abril. Ou cede às práticas democráticas e será torpedeado sem piedade pelos revanchistas do poder deposto, ou terá de enveredar pelo mesmo caminho. E não podemos esquecer que o Homem é fraco e os novos governantes, a menos que estejam à beira de serem colocados num altar, não irão deixar de responder olho por olho e dente por dente. Há demasiadas tensões acumuladas ao longo de mais de três décadas para que a substituição se faça com o mínimo de serenidade. E, claro está — e isto é um aviso — num ambiente destes também não haverá lugar para cabeças pensantes e honestas. Pode estar certo de que irão rolar. Inexoravelmente.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
As suas preocupações dão muito que pensar. Eu espero que "quem vier depois" não entre nessa espécie de círculo vicioso. Mas sei, tal como deixa transparecer, que esta sociedade não está preparada para a vivência democrática. E isso é perigoso, muito perigoso.
Um abraço e um BOM ANO para Si e toda a Sua família.