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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

POLÍTICOS DOENTES OU A DOENÇA DA POLÍTICA!


A podridão está aqui instalada, com muitas mãos sujas, com muita gente que, durante três dezenas de anos apregoaram a felicidade e, olhando hoje para os resultados, o que é sensível é que os mesmos geraram uma sociedade infeliz, pobre, dependente, desequilibrada, que carrega a Cruz porque foi obrigada a suportá-la através das falinhas mansas, dos discursos de poder e de medo, dos discursos redutores e, algumas vezes, miseráveis, contra todos quantos têm uma leitura diferente da condução dos actos políticos.

Assiste-se a um fortíssimo ataque aos políticos. Ainda esta manhã ouvi comentários oriundos do povo, num desses programas de antena aberta, muito causticos para o comportamento dos agentes políticos. Não deixa de ser verdade, embora seja muito preocupante, que os políticos, sobretudo os de primeira linha, têm vindo a colocar-se a jeito. As atitudes públicas, a mentira sofisticada, envolvida em papel celofane colorido, o ar convincente das palavras que não se conjugam com a dramática realidade vivenciada pelas pessoas, a ofensa, os interesses, os alegados negócios, a promiscuidade entre a actividade política e a actividade privada, enfim, coexiste aqui um explosivo mix que leva as pessoas a reagirem, a desabafarem e a carregarem sobre os detentores de cargos ou funções de natureza política. Quem se sente apertado, constrangido, com enormes dificuldades de viver a vida a que têm direito e que por ela lutaram ou lutam, obviamente, que descarregam e com razão face a muita podridão que por aí acontece.
É evidente que olho para a conjuntura internacional e olho, também, para a conjuntura nacional, todavia, não me conformo, isso não, com esta conjuntura regional. Eu diria, por razões autonómicas e do que daí deriva em termos de órgãos de governo próprio. A podridão está aqui instalada, com muitas mãos sujas, com muita gente que, durante três dezenas de anos apregoaram a felicidade e, olhando hoje para os resultados, o que é sensível é que os mesmos geraram uma sociedade infeliz, pobre, dependente, desequilibrada, que carrega a Cruz porque foi obrigada a suportá-la através das falinhas mansas, dos discursos de poder e de medo, dos discursos redutores e, algumas vezes, miseráveis, contra todos quantos têm uma leitura diferente da condução dos actos políticos.
Os serventuários do regime atacam por um lado (eu fui um dos visados, há relativamente pouco tempo), incute-se o medo através das queixas em Tribunal (o caso Dr. Raimundo Quintal, ainda ontem, foi um dos que estavam em linha de mira) e ouvi, também ontem, o Senhor Presidente da Assembleia Legislativa, em uma peça transmitida pela RTP-Madeira, cujo enquadramento e justificação não percebi, falar de "políticos doentes" e que há que ter "paciência" e não "contrariar". Bom, não sei se estaria a referir-se a Deputados que sugerem a abertura de um hospital psiquiátrico, aos deputados que "dormem", aos deputados que chumbam propostas de relevante interesse económico-social ou de um alto responsável que passou um dia na Assembleia a gesticular e a interromper com desprestigiantes "bocas" o que outros diziam, terminando a sua infeliz presença com um discurso digno de constar do anedotário político regional. Todas as interpretações são possíveis. Admito, no entanto, que a peça da RTP-Madeira que escutei constitua um excerto descontextualizado de uma ideia maior. Mas foi isto que passou. Quero eu dizer com estes exemplos, ao correr do pensamento, que os políticos estão a colocar-se a jeito para a crítica. Políticos a quem lhes falta humildade, políticos que não olham a meios, políticos mal formados do ponto de vista da Democracia, dos princípios e dos valores da vida, políticos de altos decibéis mas de duvidosa competência, políticos que julgam ter toda a verdade, quando apenas têm a sua e mal fundamentada. 
E a procissão ainda não está no adro. Depois das Presidenciais, lá para Fevereiro, as baterias vão começar a disparar, em que sentido e com que efeito, logo se verá. Mas, presumo, que nada de bom vem por aí. Há muita "folha feita", sobre pessoas e instituições, por isso, oxalá que o Povo saiba fazer a destrinça entre o essencial e o acessório.
Ilustração: Google Imagens. 

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