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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O MANUAL DE ACÇÃO PSICOLÓGICA E A EXPERIÊNCIA DA GUERRA


Não convivo com a hipocrisia, com a mentira, com os falsos pregadores, com os espezinhamentos que começam na família e acabam no teatro das operações sociais, não convivo com o reles, baixo, acintoso, malcriado e até, perdoem-me a palavra, nojento. Não é esse o meu espaço de compromisso pessoal com a sociedade. Nunca foi.

A artilharia das palavras
Assim vai a cultura democrática na Região. Tudo parece normal, espontâneo, de dentro para fora, mas não, por detrás das atitudes infâmes, doentias, algumas com traços esquizofrénicos, alguma coisa se está a passar. E o que se passa tem, penso eu, duas causas: por um lado, um poder em queda e a resposta desesperada e, por isso, desajeitada; por outro, a solta de cães, o avanço dos buldozers, a artilharia pesada a abrir caminho à infantaria que se prepara para o "combate" do próximo ano. E nisto, de estratégia, convenhamos, muito sabem alguns desses pregadores. São trinta e tal anos, por montes e vales, cidades e sítios a lançar a semente. E quem se predispuzer a acompanhar a situação com alguma cuidado, cruzando as declarações produzidas, parecendo desconjuntadas, elas não são nem estão. As declarações compaginam-se, fazem parte de uma estratégia pensada ao pormenor, como se de um jogo de xadrez se tratasse. E isto percorre os diversos sectores da governação até às instituições, estratégia que começa, em muitos casos, com o levantamento da "folha de cada um" como soe dizer-se, bem à moda de uma "pide boazinha", para atacar, ferozmente, abrindo caminho à tal infantaria eleitoral. Preparam o terreno levando tudo pela frente. E neste acto masturbatório de garganta, vale tudo, a ofensa, a calúnia, a lama, a porcaria lançada sobre o bom nome de pessoas e das instituições. Saltam de todos os lados, mentalmente desengonçados, é verdade, mas firmes nos propósitos, na ajuda a quem lhes garante ajuda. Ao fim e ao cabo, seguem mais ou menos a mesma linha de um slogan que li há já alguns anos: "ajudei, ajudem-me". Julgo que era assim ou muito próximo disso. E os actores desta farsa sentem-se bem neste processo, a interpretar este papel num palco corroído pelo caruncho e com vestes a cheirar a naftalina. Devem ganhar muito com isso, a que níveis(?) apenas imagino, mas perdem, claramente, nos princípios e nos valores, na honestidade, na verticalidade, na noção de homens bons que a sociedade acaba, tarde ou cedo, por os classificar.
Saber gerir o silêncio!
Há um podridão instalada na nossa sociedade. A podridão dos interesses que geram um cheiro nauseabundo a partir da torrente de palavras e declarações provocadoras de vómito, e se é isso que sinto e, por isso escrevo, é porque não convivo bem com a malidicência, com o ataque à pessoa e não à estrutura de pensamento da pessoa. Não convivo com a hipocrisia, com a mentira, com os falsos pregadores, com os espezinhamentos que começam na família e acabam no teatro das operações sociais, não convivo com o reles, baixo, acintoso, malcriado e até, perdoem-me a palavra, nojento. Não é esse o meu espaço de compromisso pessoal com a sociedade, enquanto por aqui andar. Nunca foi. O que penso não constitui uma bíblia, apenas reflexões, ou melhor, contributos para uma sociedade melhor.
Há uma coisa que a vida me ensinou: saber gerir o silêncio acaba por ser tão ou mais importante quanto a permanência da voz portadora de mensagens.  Porque voltando à metáfora sobre o avanço dos buldozers (serventuários) e da artilharia pesada (das palavras) a abrir caminho à infantaria, a conquista do terreno pode não ser tão fácil como alguns desejam, porque é sempre possível a emboscada no momento próprio. O Povo já demonstrou que a sabe fazer. Enquanto um diz ou parece que leu o manual de acção psicológica, eu estive na guerra durante dois anos e, no mato, combati. E a teoria sem prática não resulta em pleno. Muito menos na sociedade. A ver vamos!
Ilustração: Google imagens.

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