O Natal pode ser sinal de libertação, de respeito pela Mensagem de Amor e de Tolerância, jamais de ofensa e de aviltamento dos outros. De que vale, hoje, no Mercado, cantarem tantos louvores ao Menino, se, depois, durante outros trezentos e tal dias, esquecerem-se das palavras cantadas?
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Um pouco por isto, quando assisto a atitudes políticas provocatórias em contraponto com estes protocolares cumprimentos de Natal, que não passam disso mesmo, de um rotineiro cumprimento de Natal, para a imagem e para as palavras de circunstância, neles descubro não os valores da sinceridade, mas a hipocrisia em estado puro. Simplesmente porque não podemos hoje ser uma coisa peçonhenta e, amanhã, andarmos a bater no peito. Isto é, ofender hoje e, logo depois, ter um cumprimento de Feliz Natal, com toda a carga de alegria e
de projecto que esta expressão encerra. É hipocrisia, por exemplo, na Assembleia Legislativa, insultar com o que há de mais reles, porque toca na vida pessoal das pessoas e, uns dias depois, desejar Bom Natal e Feliz Ano Novo a este ou àquele. É de mau gosto, espezinhar um dia e remeter, no outro, um postal de Feliz Natal!
O Natal é muito mais do que os cumprimentos protocolares. |
Eu sou muito sensível a estes jogos e às atitudes hipócritas. Não consigo entrar nesse jogo viciado e sujo. Nunca entrei. Olho-os com alguma comiseração. Pobre dos Homens que assim se comportam, nessa política do vale tudo, sem ética e sem moral. Os que utilizam tudo, mas tudo, as extensões do poder, os subservientes, os que não se importam de andar com o nariz colado ao joelho, a comunicação social que lhes é afecta, paga por todos nós, precisamente para criarem o ambiente que lhes interessa. O Natal não é isso. O Natal pode ser sinal de libertação, de respeito pela Mensagem de Amor e de Tolerância, jamais de ofensa e de aviltamento dos outros. De que vale, hoje, no Mercado, cantarem tantos louvores ao Menino, se, depois, durante outros trezentos e tal dias, esquecem-se das palavras cantadas?
Ilustração: Arquivo pessoal.
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