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sábado, 22 de janeiro de 2011

O DESPRESTÍGIO DA POLÍTICA


O PSD meteu-se em um beco sem saída possível. Ou melhor, poderá ter saída, a de empurrar esta Comissão até ao final da Legislatura e ela própria cair sem qualquer conclusão. Simplesmente porque os números fornecidos pelas várias entidades, quando somados e relacionados possibiltam um quadro demonstrativo da utilização do erário público para o exercício da propaganda e de outros fins politicamente muito pouco correctos. Mas, a seu tempo, tudo será descortinado. A procissão ainda vai no adro.



Obviamente que não estou em reflexão. A minha decisão vem de longa data. Mas estou em reflexão por uma outra coisa, essa Comissão de Inquérito à Comunicação Social, "imposta" pelo PSD-M em sede de Assembleia Legislativa da Madeira. Ontem assisti a duas audições: uma ao representante da RTP-M e outra ao Administrador do Diário de Notícias da Madeira, Sr. Richard Blandy. A primeira não teve história, demorou quinze minutos, porque os partidos políticos optaram por não fazer qualquer pergunta. O PSD solicitou um esclarecimento e por aí ficou. Um fracasso!
Na parte da tarde, durante duas horas e um quarto, o Senhor Richard Blandy respondeu às questões dos Deputados do PS, CDS, PCP e PSD. Em um tom sereno, de grande responsabilidade, de quem sabe que tem razão e, por isso, não precisa de andar à procura de justificações, o Administrador do DN encostou o PSD completamente às cordas, como vulgarmente se diz. Todos os aspectos relacionados com a liberdade de imprensa, mercado e competitividade empresarial foram ali, com teoria e com dados, escalpelizados, um a um, sem deixar quaisquer margens para possibilitar ao PSD a justificação do injustificável. No fundo, a grande questão que se coloca é o inexplicável apoio de quatro milhões por ano ao Jornal da Madeira, a distribuição "de borla" do seu produto e o exercício do "dumping" comercial. Sobre a política de preços deu um exemplo: uma participação necrológica custa, no DN, em média, cerca de € 150,00 e no Jornal € 25,00. E toda a publicidade é assim.
Se a intenção do PSD foi a de criar uma situação para provar a legitimidade dos apoios e o equilibrio dos mesmos pelos vários órgãos de comunicação social, as leituras e as sínteses que já produzi, das resmas de papel que me chegaram, leva-me a dizer que o tiro do PSD sairá pela culatra. Verifico uma disparidade nos números, situações absolutamente proteccionistas e muito graves à luz da própria Lei. O PSD meteu-se em um beco sem saída possível. Ou melhor, poderá ter saída, a de empurrar esta Comissão até ao final da Legislatura e ela própria cair sem qualquer conclusão. Simplesmente porque os números fornecidos pelas várias entidades, quando somados e relacionados, possibiltam um quadro demonstrativo da utilização do erário público para o exercício da propaganda e de outros fins politicamente muito pouco correctos. Mas, a seu tempo, tudo será descortinado. A procissão ainda vai no adro, pressuponho.
Defendi e continuarei a defender a existência do Jornal da Madeira. Não me custa nada aceitar a sua política editorial desde que cumpra as chamadas de atenção da Entidade Reguladora da Comunicação Social (o pluralismo, entre outros aspectos); desde que cumpra o que está assumido pela Autoridade da Concorrência, enfim, desde que entre no mercado em igualdade de circunstâncias com todas as outras empresas do ramo. O Governo Regional, esse não, esse não tem rigorosamente nada que retirar aos nossos impostos 4 milhões por ano para entregar a um Jornal que lhe faz a propaganda. É imoral e contraria a lógica em que deve assentar o mercado. Não posso aceitar que uma empresa, com 80 trabalhadores (DN), todos os dias tenha de criar as condições de êxito comercial, enquanto uma outra pode dar-se ao luxo de não se mexer porque o Governo lhe paga a factura. É imoral, repito. E nesta brincadeira já voaram dos nossos impostos 42 milhões de euros. Milhões que tanta falta fazem para combater o flagelo do desemprego e os necessários apoios sociais complementares, desde o abono de família, o complemento de pensão para os idosos, o apoio aos portadores de deficiência, o apoio às escolas para cumprirem os seus projectos educativos, enfim, um vasto leque de necessidades sentidas, face às quais o governo assobia para o lado como se nada estivesse a acontecer. 
Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

Espaço do João disse...

E, este pobre povo ignorante, ainda não se apercebeu que o 25 de Abril foi há 36 anos?
No entanto também a comunicação social que temos, nada ajuda.
Basta ver o tempo de antena e de comentários feitos quando da morte de Victor Alves "Capitão de Abril" em comparação com as parangonas editadas e os grandes tempos de antena dados pelas televisões, rádios e pelos jornais quando da morte do "homossessul" CARLOS CASTRO.
PAÍS COR DE ROSA.