Adsense

quarta-feira, 30 de abril de 2014

NOVINHA MAS COM TODA (IN)CULTURA PARTIDÁRIA


A candidata do PSD/CDS às Eleições Europeias de 25 de Maio, começou muito mal esta pré-campanha. Dou de barato a visita a Bruxelas para traduzir uma imagem "que já trabalha", mesmo quando ainda não foi eleita. Isso faz parte do folclore eleitoral e, portanto, tal propaganda, em  termos operacionais futuros, vale zero. Refiro-me a um outro aspecto, muito mais grave, por um lado, pela sua juventude que deveria ser pautada por um espírito aberto e democrático; por outro, os laivos de arrogância que tem vindo a demonstrar. Disse a candidata do PSD/CDS, Cláudia Aguiar: Antes um bom deputado da Madeira do que vários eleitos da Região ao Parlamento Europeu. (...) "Acho que se nós tivermos uma pessoa aplicada, empenhada e sobretudo a puxar sempre pela sua Região, neste caso pela RAM, por ser ultraperiférica e por ter tanta dependência dos fundos europeus, acho que podemos ir por aí (...)". Ir por onde? Pense lá bem no que disse. Na Madeira, existem vários candidatos, obviamente dois deles bem posicionados para garantirem a eleição, e candidata do PSD/CDS ignora todos os outros, coloca-se no pedestal quase dizendo mais vale só que mal acompanhada? Eu diria que se trata de um caso de "presunção e água benta...". Enquanto cidadão, se já estava, agora, estou totalmente esclarecido. Apenas pela avaliação política que faço do que tem sido esta Senhora, enquanto Deputada, na Assembleia da República. Os eleitores que digam se conhecem alguma medida emblemática que tivesse sido proposta e aprovada com repercussões na vida dos madeirenses. Só uma! E já lá vão três anos e tal!


Ainda por cima, diz aquilo quando não sabe se será eleita. Com tantos candidatos de diversos partidos, será que já lhe passou pela cabeça que a candidata do PS, indicada pela Federação da Madeira, Doutora Liliana Rodrigues (8ª) poderá estar mais próxima de ser eleita do que a sexta do PSD/CDS? E digo isto porque a situação não está nada, absolutamente nada, favorável ao PSD/CDS na governação nacional, e o povo, no dia 25 de Maio pode dizer BASTA a esses dois partidos! O que vulgarmente se designa por um cartão vermelho. Para além disso há o ambiente europeu contra as políticas ultraliberais que os partidos da direita têm vindo a seguir. Portanto, manda o bom senso que, politicamente, cada um, no contexto do programa da lista nacional pela qual concorre, se apresente ao eleitorado, respeitando os outros que também são dignos de representar o País.
Poderão alguns dizer que a candidata não estava a se referir a outras figuras, concretamente à candidata do PS. Não me parece, até porque, se ela, Cláudia Aguiar, aceitou a candidatura é para lutar pela  eleição, logo, a ela não deveria estar a referir-se. O mais óbvio é que aquelas palavras se dirigissem à sua concorrente directa. Para além do mau gosto da declaração, que define a pobreza política e democrática da candidata, no Parlamento Europeu, digo eu, quantos mais madeirenses lá estiverem de pleno direito melhor. São mais vozes, multiplicam-se os contactos e, apesar da nossa limitada dimensão, é sempre possível intervir no âmbito das nossas necessidades de região ultraperiférica. Mas, infelizmente, a natureza de algumas pessoas e sobretudo da matriz partidária do PSD acaba por trazer à tona situações que de todo deveriam ser evitadas. Começa mal, muito mal, esta candidata do acaso!
Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 29 de abril de 2014

71 COMO SE TIVESSE 19 OU SERÁ O DESEJO DE MAIS 19!


Caso a "regra da unidade" não seja seguida depois das eleições internas do PSD-M, regressarei "como se tivesse 19 anos", afirmou o Dr. Alberto João Jardim a um grupo de jovens. Hilariante. Não sei se se trata de 71 como se tivesse 19 ou um inconfessado desejo de manter-se mais dezanove anos, isto é, até aos 90! Um discurso dirigido aos vários candidatos, ao jeito de portem-se bem, se não o avô cantigas vai castigá-los. Mas um discurso também para os rapazes e raparigas dos vinte e tal anos que o ouviram e começam a ver a sua vida política a andar para trás até aos 40 e tal! A fome de poder é tal que não consegue ver que já ultrapassou o seu tempo político. Que deveria dar outro sentido à sua vida, simplesmente porque ninguém aqui fica para semente. E há tanto para fazer, desde voluntariado nas instituições de solidariedade social até andar por aí, sem rumo, gozando o outono da vida ou, ainda, de passeio em passeio pelas "obras" degradadas e abandonadas...


Qualquer político com algum bom senso sentiria vergonha de dizer coisas daquelas, próprias de um rambo, super-homem, homem-aranha, hércules, tarzan, eu sei lá... Mas ele diz, o que leva à gargalhada e ao seu próprio desprestígio. A ideia que fica, agora mais do que nunca, é que ele gosta que lhe venham comer o milho à mão. Se nunca teve noção do tempo, agora, pior ainda, o tempo esfumou-se portando-se com um jovenzinho à beira do recrutamento para a tropa (19 anos). Eu diria mais, que há jovens pós-adolescentes com mais juízo. 
Por tudo isto, 2015 será um ano importante para a Madeira. Já aqui o disse e mantenho, provavelmente a Madeira terá eleições legislativas antecipadas. Tudo agora parece mais claro, isto é, ele não aguentará governar não sendo líder do partido. E como a ressaca das eleições internas será naturalmente explosiva, o avozinho regressará(?) para ditar a sua lei, juntando em seu redor quem muito lhe deve e toda a "brigada do reumático". E tentará, de novo, mais 19 anos, até não poder mais, vergado pelo peso dos anos. O insólito aviso foi feito à navegação. Pode não ser como, especulativamente, aqui desenvolvo, mas que a sua cabeça não está preparada para sair de cena, lá isso não está! Entretanto, partidos da oposição, a hora é de MUDANÇA. Conjuguem esforços, unam o essencial com qualidade e deixem-se de politiquices. O povo espera e desespera pela unidade para acabar com esta teia liderada por alguns "neros" dos nossos tempos.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A MENTIRA DA CANDIDATA DO PSD/CDS


O cartaz do PSD às eleições europeias (Madeira) é muito significativo. Por dois motivos: primeiro, pelo slogan: "Uma Nova Europa - a das pessoas e não do capital". A lata é tanta que os mesmos que fazem parte do grupo maioritário europeu que defende as lógicas do capital e que tem vindo a esmagar os povos, são aqueles que se apresentam contra o capital. Ao mesmo tempo que, politicamente, é interessante, é repugnante porque traduz a colossal mentira em que assenta a candidatura. Mas existe um segundo ponto, subtil, mas que o cartaz de candidatura enaltece: fazem parte de uma coligação nacional que junta o PSD e o CDS, mas aqui ignoram o símbolo do CDS. Hipocrisia levada ao extremo. 


É por estas e por muitas outras que os cidadãos se afastam da política. Porque descobrem os sinais que conduzem ao engano e à aldrabice. Estão na coligação e não estão. Estão por interesse, mas na primeira curva, porque não lhes interessa conotações locais, querem transmitir um sinal de independência e de uma força que não têm. Espero que o povo descubra esses sinais, que descubra que foi esta direita retrógrada, favorecedora de uma Europa desequilibrada, que rompeu com os laços da solidariedade, da fraternidade e da irmandade entre as nações, que transformou a economia num casino a céu aberto, que gerou gritante pobreza e desemprego ao lado do crescimento de milionários, espero, dizia, que o povo, no dia 25 de Maio, nas urnas, saiba castigá-los pelas acções e pelas omissões. Do meu ponto de vista, a Europa precisa de um novo rumo, precisa de uma esquerda solidária que inverta as políticas, coloque travão, custe o que custar e doa a quem doer, nesta onda especulativa ultraliberal a que o PSD/CDS estão vinculados e com bastas culpas pelo percurso que tomaram. 
Vir agora sublinhar e enaltecer uma Europa pelas pessoas e não pela capital só tem uma palavra caracterizadora: HIPOCRISIA, sobretudo quando aquelas palavras são ditas por quem está atolado de porcaria até ao pescoço.
Ilustração: Google Imagens.       

domingo, 27 de abril de 2014

SOCIEDADES DE ENDIVIDAMENTO E OS POBRES


Através do blogue fenixdoatlantico tomei conhecimento dos salários do Conselho de Administração das Sociedades  de Desenvolvimento. Vale a pena ir ao blogue assinado por Luís Calisto e verificar toda a história que se encontra publicada no Jornal Oficial da Região. O presidente aufere € 11.157,00 (base), mais € 2.910,00 despesas de representação, mais € 1.617,00 de subsídios de férias e de Natal, mais € 1,06, por dia, de subsídio de refeição. Os dois vogais, dada um, € 9.702,00, mais € 2.910,00 de despesas de representação, mais € 1.617,00 de subsídio de Natal e de férias, mais € 1,06 de subsídio de refeição. 


Não discuto o valor das pessoas envolvidas e se aqueles são ou não um valor ajustado. Não entro por aí, porque nunca fiz nem faço contas à vida dos outros. Mas não sou cego. O que sei é que as sociedades estão FALIDAS e somos todos nós que estamos a pagar aqueles salários que saem fora da média. O que sei é que há fome, desemprego e famílias desesperadas. O que sei é que os trabalhadores da função pública têm as suas carreiras congeladas, que são convidados a deixarem os seus postos de trabalho a troco de uma miserável compensação. E sei, também, que os reformados e pensionistas são espoliados todos os meses até ao tutano. O que sei é que aqueles são salários superiores ao de Presidente da República e de toda a hierarquia principal do Estado. 
No mesmo dia que tomei conhecimento desta história, acompanhei uma peça  na RTP-Madeira onde foi dito que 50% dos titulares de fogos de habitação social solicitaram revisão das rendas sociais, nos blocos da responsabilidade da Investimentos Habitacionais da Madeira. Isto é, metade dos inquilinos olharam para a folha de salário, de pensão ou de subsídio de desemprego e concluíram que não podem cumprir os seus deveres. É isto que eu sei. Cada um que retire as suas conclusões.
Ilustração: Google Imagens.

RESERVA MUNDIAL DE SURF


Reserva Mundial de Surf. É difícil, obviamente, mas é possível. O que é ridículo é o facto dos mesmos que perseguiram a modalidade desportiva, que se colocaram bem longe daqueles que consideravam ser turistas de "pata rapada", que fizeram obras abusivas ao longo da costa prejudicando, segundo os especialistas, as necessárias ondas, os mesmos que (des)governam venham agora assumir que vão desencadear os trabalhos necessários no sentido de garantir que a Madeira fique enquadrada em um dos roteiros mundiais de surf. Pessoa amiga que ouvia a notícia, com declarações do secretário Manuel António, de imediato exclamou: "vai mas é dar banho ao cão". 


De facto, já não há pachorra face a tanto desnorte e incoerência. Depois de todos os avisos, de tanto que foi escrito, inclusive, em revistas internacionais, teimosamente, a necessidade de venda de cimento rebentou com uma potencial fonte de riqueza e, agora, toca a desfazer e a tentar recompor os erros cometidos. Atenção, para que não chova crítícas, Manuel António adiantou que será a custo baratinho!
Ilustração: Google Imagens.

sábado, 26 de abril de 2014

ASSEMBLEIA CONTRA O POVO


Ontem, a Assembleia Legislativa da Madeira agrediu o povo ao permitir que um estranho ao primeiro órgão de governo próprio tivesse substituído a voz dos deputados eleitos. A atitude significou um ataque à Autonomia por parte de quem, no plano das palavras, diz defendê-la. O Professor Viriato Soromenho-Marques aceitou o convite para, qual paradoxo, leccionar ao “povo superior”. Esqueceu-se que o 25 de Abril não é deste nem daquele partido. É de todos e na Assembleia estão representados. Esqueceu-se que há momentos para palestras e momentos eminentemente políticos. Esqueceu-se que viria legitimar a vergonha, a ausência de princípios e de valores democráticos e ajudar a esconder a verdade da Madeira em múltiplos patamares de natureza política. Ao aceitar passou uma esponja sobre um passado negro de contradições, abusos, aviltamentos, insultos e violações democráticas. 


O palestrante não teve em consideração que, por estratégia do Senhorio, manifestamente contra o debate político, quase duas centenas de projectos jazem na Assembleia; que até os votos de pesar ou são negados ou emendados; que, ainda há dias, um Deputado da oposição (não foi a primeira vez) foi arrastado pelos funcionários da Assembleia; que o Presidente do Governo não presta contas em regular debate com os deputados; que existe um Jornal da Madeira, para propaganda do poder, pago pelos impostos dos madeirenses e que viola as regras do mercado; esqueceu-se dos atentados ambientais aqui produzidos, tendo ele sido presidente da QUERCUS. O conferencista ignorou que, por falta de fiscalização séria da Assembleia, não foram reportados mais de mil milhões de facturas e que os madeirenses e portosantenses carregam uma dupla austeridade devido a uma dívida que ultrapassa os seis mil milhões de euros, que torna a Região cada vez mais pobre, dependente e assimétrica. Enfim, continhas de um extenso rol de quase quarenta anos de governação absoluta que o douto Soromenho-Marques legitimou com a sua presença.
Finalmente, Viriato não percebeu que só existe uma justificação para o convite: o medo, naquela que sendo uma data de vital importância para os madeirenses, as diversas intervenções colocassem a nu, mais uma vez, as debilidades da governação no quadro da construção do futuro. Ontem, o intermitente e capturado 25 de Abril voltou a não ser comemorado no primeiro órgão de governo próprio. E Abril é do Povo, não dos novos colonos!
Ilustração:  Google Imagens.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

GENTE QUE DETESTA ABRIL, MAS QUE PROSPEROU COM ABRIL


Disse o Presidente da República: "É difícil compreender que agentes políticos responsáveis não consigam alcançar entendimentos". Ora, Cavaco Silva ainda não percebeu, no mínimo, três coisas essenciais: primeiro, a democracia representativa assenta, exactamente, na possibilidade de divergência de opinião e, portanto, não faz sentido insistir no consenso, naquilo onde se sabe existirem caminhos políticos diferentes e alternativos; segundo, que é um político que parece alheio à teia promíscua internacional que varre o Mundo, onde a política de casino esmaga povos, gera pobreza, desemprego e desesperança; terceiro, que é Presidente de todos os portugueses e, neste quadro, deve deixar à porta as suas convicções ideológicas ultraliberais e guiar-se pelos sinais sensatos vindos da rua. 


Cavaco deveria perguntar a António José Seguro, líder da oposição, que razões o levam a dizer que: a “democracia, o Estado Social, a matriz do ideal europeu, estão hoje ameaçados” por governantes que “não assumem as suas verdadeiras intenções” e por “um pensamento que se pretende único”.
É, claramente, um Presidente que não simpatiza com esta data histórica. Aliás, circula na NET a sua ficha de inscrição na PIDE/DGS. Para ele, o símbolo "cravo" não tem qualquer significado. E se não tem, obviamente, os princípios e os valores que emanaram da Revolução, não fazem sentido. Neste contexto, interessante não deixa de ser o "cravo" na lapela de Passos Coelho. Das duas, uma: ou não percebeu o que significa, ou, então, quer provocar-nos. Enquadro-o na segunda hipótese. São tantas as maldades feitas ao povo, tantos os roubos que o seu governo tem feito, tanta a supressão dos direitos sociais que só pode estar a gozar connosco e a querer parecer aquilo que não é. A lata é tanta que até disse que a "democracia e a liberdade têm de ser regadas todos os dias". Estou cada vez mais farto desta gentalha política hipócrita que detesta Abril, mas prosperou com Abril.
Ilustração: Google Imagens.

SÓ HÁ LIBERDADE A SÉRIO QUANDO HOUVER... PAZ, PÃO, HABITAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO...

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A AFIRMAÇÃO DE UMA ALTERNATIVA CREDÍVEL

A NECESSIDADE DE CANTAR ABRIL



Que regressem as canções de intervenção política. Há, hoje, uma necessidade de voltar a contrariar o banditismo político internacional que a todos nos faz escravos. Por razões diversas importa fazer acordar o povo face aos mecanismos de agressão. Simplesmente porque a pobreza não é uma fatalidade. 

ECONOMISTA QUE SÓ SABE DE ECONOMIA... NEM DE ECONOMIA SABE!


Lamentavelmente, uma vez mais, ficou claro que não temos Presidente da República. Em Belém temos um faz-de-conta envolvido em uma capa irritante aos olhos e à palavra. Confesso que não o suporto e questiono-me como foi possível o povo deixar-se enganar, pela segunda vez, elegendo-o para a mais alta função do Estado? As suas últimas declarações em Oliveira de Azeméis mereceram o repúdio da generalidade dos jornalistas e comentadores. Dois aspectos ressaltaram: por um lado, a assunção, embora não verbalizada, que não é político sendo, paradoxalmente, a sua função POLÍTICA; segundo, a sua leitura enviesada e menor da ECONOMIA. Parafraseando o médico e Professor Abel Salazar, patrono do Instituto de Ciências Biomédicas, "Economista que só sabe de Economia nem de Economia sabe". O Professor falou para os médicos, eu reporto-me ao economista Cavaco Silva. Mas a melhor caracterização é aquela que o Professor Carlos Paz elaborou no seu blogue e que merece ser (re)lida (aqui). Cavaco é o homem que um dia disse: "eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas".


O Presidente fala de acordo com a oportunidade e sempre em defesa própria. É um político timex, nem adianta nem atrasa. Por isso, as suas declarações, são de mau gosto quando fala que Portugal dispensa "as intrigas, as agressividades, as crispações, os insultos entre agentes políticos, que promovem o crescimento económico" quando está em causa "a criação de emprego e a conquista de novos mercados". Ele não percebe que ao defender-se do baixo índice de popularidade que desfruta, a culpa é única e exclusivamente dele. E desde há muito tempo. "Não há nenhuma comparação entre as dificuldades de hoje e as facilidades que Cavaco encontrou nos seus dez anos de governação e que desperdiçou lamentavelmente", disse Miguel Sousa Tavares/Expresso. Concordo. Se, nos dez anos que liderou o governo, tivesse arquitectado e lançado um Portugal com futuro, hoje, teríamos uma situação completamente diferente. Mas essas são outras contas.
Cavaco é, notoriamente, um político sem visão, no desempenho político é estruturalmente fraco e, no plano das relações inter políticos é uma pessoa de maus fígados. Tenho presente o seu discurso na noite eleitoral e que mereceu o seguinte texto de Henrique Sousa: "Um discurso ressabiado e vingativo, coisa nunca vista em noite eleitoral, a ajustar contas com todos os outros cinco candidatos, acusados de terem descido como nunca à “vil baixeza” de uma campanha feita de “ataques” e “calúnias” à sua pessoa – ele, o candidato da “dignidade” que venceu -, e desafiando a comunicação social a revelar os que estariam por detrás da montagem dessa operação de calúnias. Nem sequer esqueceu a demagogia barata, já usada na campanha, de se afirmar como o primeiro candidato a vencer umas eleições sem usar cartazes. Mas claro que se “esqueceu” de explicar aos portugueses por que foi a sua campanha a mais cara, comparativamente com as dos restantes candidatos. Ou seja, Cavaco Silva atirou a pedra e mostrou a mão quando os outros candidatos já não se podiam sequer defender, feitos os discursos finais para as televisões e encerrados os seus “tempos de antena”. Isto depois de ter passado toda a campanha a recusar esclarecer como devia, por razões reforçadas sendo candidato a um cargo político unipessoal, os factosindiciadores das suas ligações perigosas. Que diferença da dignidade manifestada no discurso de Manuel Alegre em que este assumiu a sua derrota política, mas também com clareza o seu compromisso combatente pelo Estado Social!"
Cavaco é assim, politicamente oco, ideologicamente situado numa direita desrespeitadora dos valores sociais, que tem um discurso de frases ou conceitos feitos e muitas vezes contraditórios, que tenta apanhar a onda, mas, sobretudo, distante de uma necessária independência que se exige a um Presidente da República. Às vezes mais parece um membro do governo. Dou razão a Mário Soares quando afirmou: "(...) A Constituição manda que o Presidente aceite a Constituição, respeite a Constituição e faça o que deve. Ora, não é o que está a acontecer" (...) "Naturalmente eu acho que o Presidente da República devia demitir-se porque está numa situação impossível". Enfim, que 2016 fosse já amanhã.
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

MAIS IMPORTANTE QUE OS SEIS MESES PASSADOS, SÃO OS PRÓXIMOS SEIS MESES!


Sobre aquilo que se conhece julgo que pouco há a dizer do presidente do governo da Madeira. Do que não se conhece, aí sim, certamente que a História revelará muita coisa. Politicamente, é sensível que existem muitas sombras na governação, muitos dossiês por esclarecer, muita teia por desvendar. Talvez, presumo, o processo "Cuba Livre" em investigação, cujas conclusões demoram, venha a levantar um pouco a ponta do véu. É que isto pode se tornar num saco de cerejas! Não sei, só o tempo e a paciência é que conduzirão a um ponto de compreensão sobre os contornos do exercício da política desta gente. Talvez, por isso mesmo, ainda ontem, este homem que já ultrapassou os setenta anos e trinta e seis de poder absoluto, ignorando a falência que gerou, pediu que o seu sucessor "siga a mesma filosofia" política. Pergunta-se, com que intenção? Por teimosia? Por uma questão meramente partidária? Ou existe, para além do que transparece, muita história mal contada, arrumada em armários confidenciais? Não sei. Normal é que não me parece.

Entre o conhecido

e o desconhecido há peças
que precisam de ser desvendadas.

Perdeu as eleições autárquicas porque o povo se fartou. Tal facto não constituiu um sinal de alerta, antes levou a colocar-se numa posição de estúpido ataque. Seis meses depois das diversas tomadas de posse, ontem teve o desplante de dizer que o "povo está perante um grande embuste" (...) pois "essa gente disse que iria mudar, não mudou coisa nenhuma, deixou tudo na mesma. Não fez nada e ainda crítica quem fez". Como se fosse possível, em seis meses, com milhões em dívida, vivendo de aparências e não da realidade, mudar estruturalmente aquilo que provou estar errado. Permanentes ataques desta natureza não são normais. A História encarregar-se-á de revelar as sombras de tudo o que se encontra para além do cenário construído.
Obviamente que estas últimas posições do presidente do governo regional, centradas na política autárquica, têm muito a ver com o processo em curso, genericamente, do agrado das populações. Elas sabem ou começam a perceber, o estado financeiro lastimável que os autarcas eleitos foram encontrar. E antes que se acomodem à ideia que não existem insubstituíveis, toca a "vomitar" palavras centradas na lógica que "a melhor defesa é o ataque". Ou estou enganado ou, não se sabendo missa-meia, os próximos seis meses serão esclarecedores. Teremos eleições europeias, eleições no interior do PSD, resultado das auditorias mandadas fazer por vários autarcas, a possibilidade de uma coligação alargada na Madeira e até a possibilidade de eleições antecipadas na Região, pois não estou a ver Jardim continuar à frente do governo com uma outra figura ao leme  do partido. Aguardemos.
Ilustração: Google Imagens.  

terça-feira, 22 de abril de 2014

AQUI ESTÁ A SAÍDA SUJA EXIGIDA PELA TROIKA



Trata-se de uma saída muito suja, porque se baseia em reduzir salários, facilitar despedimentos, chegar a acordo na disciplina orçamental, passos (passos!) que o FMI quer ver para uma saída bem sucedida da troika; Aguiar-Branco e Portas falam em "saída limpa".

GOVERNO REGIONAL DA MADEIRA EM DESESPERO


ALBERTO JOÃO JARDIM
ESTRANHA QUE A POPULAÇÃO
"NÃO PEÇA CONTAS A QUEM AS ENGANOU"



Discursa como se todos os que estão à sua frente fossem uns tontos, uns incapazes, uns desmiolados incapazes de perceberem o seu jogo. Há quase quarenta anos que é assim. Um homem a vender a sua verdade, enfim, um político que todos os dias distorce a realidade no sentido de se manter no poder. Só que há muitos milhares que já compreenderam a espécie de político que ele é. Já entenderam que tentou, e de certa forma conseguiu, moldar o povo de acordo com os seus interesses políticos. Só que todos os ciclos têm um fim e este resvala para um "estampanço" final. Ontem, depois de uma monumental derrota autárquica, teve a lata de dizer que estranha que a população "não peça contas a quem as enganou". Digo eu, mas vai pedir, tenha o presidente do governo a certeza! 
Já pediu em sete câmaras municipais e vai pedir contas pelos € 6.300.000.000,00 de dívidas fruto de uma governação tresloucada. Vai pedir contas pela taxa de desemprego, pela gritante pobreza e pela austeridade em dose dupla. As populações dos sete concelhos que mudaram o sentido de voto não estão piores, apesar de continuarem a encontrar BURACOS. Em S. Vicente apareceram, segundo li no DN, € 3.500.000,00. Na Câmara do Funchal, uma autarquia, disseram, com resultados positivos, descobriram que, afinal, a dívida ronda mais de € 90.000.000,00. E aqui vamos. Portanto, as pessoas sabem quem as enganou e em 2015 vai pedir continhas.
Deixo aqui a frase de Abraham Lincoln: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; Pode-se enganar alguns por todo o tempo, mas não se pode enganar a todos todo o tempo...”. Ele sabe que é assim, mas, como sempre, tenta jogar para os outros as suas responsabilidades políticas.

JOÃO CUNHA E SILVA
SE UM DIZ MATA, O OUTRO MANDA ESFOLAR!


O ainda presidente falou da maneira que referi, mas o seu vice não ficou atrás. Sobre a política desportiva regional assumiu: "É preciso rever no futuro da política desportiva não para mudá-la mas sim melhorá-la em termos funcionais e organizacionais (...)". Ora, sabendo-se que a política desportiva foi um desastre facilmente explicável através dos níveis da dívida contraída, da baixíssima taxa de participação desportiva escolar, da baixíssima taxa de participação em actividades físicas e desportivas entre os 15 e os 65 anos, aferida por estudos europeus, o vice-presidente o que tem a dizer é que "(...) é preciso rever no futuro a política desportiva não para mudá-la mas sim melhorá-la em termos funcionais e organizacionais. Isto é, uns pequenos acertos marginais e pronto, tal como o slogan do "chefe"... "prà frente sempre".
Queira o vice desta desgraça regional saber que a política desportiva tem de ser revista de uma ponta à outra. Manter o que sempre esteve errado significa completo desconhecimento do que deve ser uma política desde a educação desportiva ao alto rendimento, para mais ainda, em uma terra assimétrica, pobre e dependente. Mas sobre esta matéria abstenho-me de mais comentários, tantos foram os alertas, durante anos, feitos por mim e por tantos que disseram que este não era o rumo certo. Apenas lamento que o vice, uma cópia política do "chefe" tivesse mandado o recado aos dirigentes desportivos de uma maneira que não fica bem: "(...) fica o sublinhado que é um contra-senso todos os presidentes de clubes criticarem o Governo apesar de receberem apoios". O vice deveria saber que quando o governo assina um contrato-programa, existem obrigações de ambos os lados, pelo que os prazos devem ser respeitados. E neste aspecto há gente à espera há dois, três e quatro anos pelo cumprimento da parte respeitante ao governo. Antes deveria pedir desculpa aos dirigentes.
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A REDE GLOBAL DE CONTROLO FINANCEIRO


Karen Hudes, demitida do Banco Mundial por ter revelado informações sobre a corrupção na instituição e domínio dos media pela Elite Financeira mundial, explicou com detalhes os mecanismos bancários para dominar o nosso planeta.


Karen Hudes, graduada pela escola de Direito de Yale, trabalhou no departamento jurídico do Banco Mundial durante 20 anos. Na qualidade de 'assessora jurídica superior', teve suficiente informação para obter uma visão global de como a elite domina o mundo. De acordo com a especialista, citada pelo portal Exposing The Realities, a elite usa um núcleo hermético de instituições financeiras e de gigantes corporações para dominar o planeta. Citando um explosivo estudo suíço de 2011, publicado na revista 'Plos One' a respeito da "rede global de controlo corporativo", Hudes enfatizou que um pequeno grupo de entidades, na sua maioria instituições financeiras e bancos centrais, exerce uma enorme influência sobre a economia internacional nos bastidores. "O que realmente está a acontecer é que os recursos do mundo estão a ser dominados por esse grupo", explicou a especialista com 20 anos de trabalho no Banco Mundial, e acrescentou que os "capturadores corruptos do poder" também conseguiram dominar os meios de comunicação social. "Isso é-lhes permitido", assegurou. O estudo suíço que mencionou Hudes foi realizado por uma equipa do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique. Os pesquisadores estudaram as relações entre 37 milhões de empresas e investidores de todo o mundo e descobriram que existe uma "super-entidade" de 147 megacorporações muito unidas e que controlam 40% de toda a economia mundial.
Contudo, as elites globais não controlam apenas essas megacorporações. Segundo Hudes, também dominam as organizações não eleitas e que não prestam contas, mas, sim, controlam as finanças de quase todas as nações do planeta. São o Banco Mundial, o FMI e os bancos centrais, como a Reserva Federal Norte Americana, que controla toda a emissão de dinheiro e a sua circulação internacional. 
A cúpula desse sistema é o Banco de Pagamentos Internacionais: o banco central dos bancos centrais. "Uma organização internacional imensamente poderosa da qual a maioria nem sequer ouviu falar controla secretamente a emissão de dinheiro do mundo inteiro. É o chamado Banco de Pagamentos Internacionais [Bank for International Settlements]. Trata-se do banco central dos bancos centrais, localizado na Basileia, Suíça, mas que possui sucursais em Hong Kong e na Cidade do México. É essencialmente um banco central do mundo não eleito, que tem completa imunidade em matéria de impostos e leis internacionais (...). Hoje, 58 bancos centrais a nível mundial pertencem ao Banco de Pagamentos Internacionais, e tem, em muito, mais poder na economia dos Estados Unidos (ou na economia de qualquer outro país) que qualquer político. A cada dois meses, os banqueiros centrais reúnem-se na Basileia para outra 'Cimeira de Economia Mundial'. Durante essas reuniões, são tomadas decisões que atingem todos os homens, mulheres ecrianças do planeta, e nenhum de nós tem voz naquilo que se decide. O Banco de Pagamentos Internacionais é uma organização que foi fundada pela elite mundial, que opera em benefício da mesma, e cujo fim é ser uma das pedras angulares do vindouro sistema financeiro global unificado". Segundo Hudes, a ferramenta principal de escravizar as nações e Governos inteiros é a dívida. "Querem que sejamos todos escravos da dívida, querem ver todos os nossos Governos escravos da dívida, e querem que todos os nossos políticos sejam adictos das gigantes contribuições financeiras que eles canalizam nas suas campanhas. Como a elite também é dona de todos os principais meios de informação, esses meios de comunicação social nunca revelarão o segredo de que há algo fundamentalmente errado na maneira como funciona o nosso sistema", afirmou.
Ilustração: Google Imagens.

domingo, 20 de abril de 2014

A TODOS OS QUE POR AQUI PASSAREM... BOA PÁSCOA.



Não gostaria que estas fossem palavras de circunstância. Desejaria que a palavra Páscoa fosse sinónima de celebração da vida, do amor, da tolerância, da solidariedade, da partilha e da libertação em sentido amplo. Infelizmente, esta quadra fica marcada, uma vez mais, por um conjunto de sinais que não possibilitam a plena concretização dos desejos que aqui deixo. Mas não deixa de constituir um tempo de reflexão para todos nós, na responsabilidade colectiva que temos em darmos sentido à vida, ultrapassando tudo aquilo que impede a concretização dos valores maiores transmitidos por Cristo.

sábado, 19 de abril de 2014

A RAZÃO E A LUCIDEZ DO DEPUTADO CARLOS PEREIRA


Apoio sem quaisquer reticências o essencial da posição do Deputado Dr. Carlos Pereira (PS) cujas declarações acabo de ler na edição de hoje do DN-Madeira. Ele está certo quando salienta a necessidade de criação "de um núcleo de trabalho, para dar início a contactos inter-partidários, de modo a retirar todos os obstáculos ainda existentes e assim determinar a definição de uma agenda, com um calendário específico". E complementou ao sublinhar que está na hora da oposição unir esforços para banir, de uma vez por todas, a "gestão caótica, irresponsável e comprometedora para o futuro, realizada nos últimos 12 anos" (...) "O momento não é para ficarmos à espera que o PSD-M dê cabo do que resta de esperança dos cidadãos" (...) "é altura de apressar a saída do PSD-M da gestão dos destinos da Madeira" (...) "que a luta seja intensificada e que o espaço político não seja preenchido por aqueles que sempre disseram que este era o caminho". (...) "Está na hora de construir uma solução a partir da oposição na Madeira" (...) “Os madeirenses precisam de se rever numa alternativa limpa" (...) "com todos aqueles que defendem e sempre defenderam um caminho diferente com olhos colocados nas pessoas" (...) "É o momento certo para começar a limar arestas entre os partidos da oposição", e, neste aspecto "o PS-M deve dar esse passo, tem essa responsabilidade". E assumiu: "Nada pode impedir a construção desta solução, sejam interesses pessoais, sejam de ordem táctica seja partidários". Carlos Pereira não esconde as diferenças entre partidos, mas acredita que "não existem barreiras inultrapassáveis" (...) "Pelo que conheço do trabalho parlamentar as propostas de mudança da oposição estão todas na mesma linha de actuação e há uma espécie de acordo tácito com o essencial, com o que é relevante". Por isso, "ninguém deve ficar de fora".


Os dados estão lançados a partir desta proposta vinda de um membro da direcção do Partido Socialista e líder do grupo parlamentar. Gostei do que li, sobretudo porque estas declarações, no essencial, enquadram-se no que aqui escrevi a 05 de Novembro de 2013. O texto que publiquei sublinhava: "Ninguém poderá esquecer-se que, politicamente, Jardim está morto, mas o jardinismo ainda mexe e de que maneira! É verdade que o polvo estrebucha porque foi ferido com um potente arpão (autárquicas), pode perder vários braços e muitos tentáculos, todavia, há que ter em atenção que continua a largar muita "tinta". Daí todo o cuidado ser pouco. A confusão, os tiros de partida em falso, a ambição que não tenha em conta todas as variáveis, a marcação do terreno que coloque em estado de choque todos os parceiros, pode, entre outros aspectos, tornar-se numa arma de autodestruição. Depois de 43 anos de Abril e 41 após as primeiras legislativas regionais, 2015 poderá ser o ano de uma certa consolidação da democracia, se em conta tivermos que todo este tempo foi de mil e um enganos. Por isso mesmo, estamos a pagar uma dupla e severa austeridade. Entendo que nenhum partido político da oposição deve excluir-se do objectivo central que é o de mudar o governo da Região. Os egoísmos, as atitudes bizarras e incompreensíveis, aliás como aconteceram nas últimas autárquicas, devem ser postas de lado em função de um objectivo maior. E esse desiderato é o de colocar o jardinismo a léguas da responsabilidade governativa. Chega. Portanto, qualquer situação que não parta do pressuposto que a vitória só é possível através da bipolarização e não da fragmentação de candidaturas, penso que, à partida, estará condenada. O jardinismo é muito maior que Jardim. A teia de interesses e a vulnerabilidade cultural pode acabar com o sonho. Significa isto que, primeiro, há que consolidar a democracia e a consequente alternância, para depois, cada partido, no tempo certo, propor e impor-se com projectos próprios. Não seguir este caminho pode significar a entrega de bandeja do poder aos mesmos de sempre".
As eleições legislativas regionais são ali ao virar da esquina. A oposição tem de se juntar, com bom senso e respeito pelos eleitores, tem de fazer um esforço para definir um programa, encontrar uma equipa e um candidato a presidente do governo. Isso é possível e desejável. Constituirá um erro histórico os madeirenses e portosantenses não aproveitarem esta oportunidade, na esteira do que sublinhou o Deputado Carlos Pereira: "temos de impedir que a Região mantenha "os protagonistas do passado, de cara lavada, a ditar as linhas mestras da governação para a Madeira" (...) "Esses candidatos não têm a credibilidade para construir uma alternativa limpa" (...) eles andam por aí em "uma manifesta e desesperada tentativa de salvar o poder, os lugares e os negócios públicos orientados para uma elite oportunista". Tão óbvio, quando, sempre foi para o PS o slogan : "PRIMEIRO AS PESSOAS".
Ilustração: Google Imagens.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

"UMA IGREJA MAIS CRISTÃ E MENOS CATÓLICA"



Estou certo que este não é o dia mais adequado face à solenidade Pascal, mas porque sou cristão não consigo ceder aos meus princípios. Simplesmente porque li o que o chefe da Igreja madeirense referiu na homilia de ontem: "(...) Caros sacerdotes, é necessário e urgente escutar o espírito de Deus que nos ungiu e consagrou para a missão. Ele suscita em nós um desejo sincero de renovação e maior atenção à realidade humana e social do tempo presente" (...) "Queria pedir uma atenção particular à presente conjuntura económica e social na descoberta das carências, necessidades e problemas do povo que vos está confiado. Nesse sentido, seria bom que, juntos, pudéssemos descobrir novos projectos e dar novo vigor àqueles que já existem e às vezes não são suficientemente valorizados". Tiro fora do alvo. Ainda mais, Senhor Bispo? Não fossem as instituições particulares de solidariedade social onde associo o notável trabalho de muitos párocos, que reúnem à sua volta centenas de pessoas que ajudam na solução dos problemas das famílias e teríamos uma catástrofe social. Ao invés, o grande recado não deveria ser para a generalidade dos senhores Padres, mas para um governo regional que não tem em atenção o que se está a passar na comunidade. O tiro do Senhor Bispo foi, repito, para fora do alvo. Ao não querer ser político acabou por sê-lo ao branquear a acção governativa. De resto, não é a primeira vez. A questão da pobreza e dos excluídos, obviamente que o Senhor Bispo sabe, não se resolve com atitudes de caridade, mas indo ao centro do problema e incentivando os poderes criados a terem em atenção as gravíssimas assimetrias sociais. É aí que se encontra o centro do alvo, doa a quem  doer!


A política visa isso mesmo. Não me levem a mal, porque não vou ser politicamente correcto, mas olho para o Papa Francisco e vejo o futuro, alguma esperança; olho para o Bispo Carrilho e vejo nele o passado. Mesmo que tente as peugadas de Francisco, com algumas citações, não chega lá. Eu compreendo a dificuldade. Há muita pedra no sapato, entre outras, três que são públicas e notórias: o Jornal da Madeira, que retira cerca de € 11.000,00 por dia que poderiam ser de apoio aos marginalizados; os défices de várias comissões fabriqueiras que edificaram um excessivo número de templos face ao quadro social em que vivemos; finalmente, a suspensão a divinis, assunto claramente político, que envolve o Padre Martins Junior e que não há maneira de ser resolvido. Nem o julga em Tribunal Eclesiástico nem o reintegra. Está ali, em lume brando, talvez à espera que Jardim saia do poder. São assuntos que impõem enervantes silêncios. Um Bispo deve, na minha opinião, assumir-se pela Palavra e ter essa capacidade de colocar os poderes políticos em sentido. Mas compreendo que assim não seja. Houve alguém que disse que teve sempre os Bispos que interessavam à Madeira. Pois, tal como o "omo", mais branco não há! 
Já tem uns anos, cruzei-me e mantive um diálogo com um Bispo que considero notável. Um Homem que teve o condão de mexer comigo, pelas sábias palavras e conceitos que me transmitiu. Simples, afável, directo, com um sentimento da importância da Igreja no contraponto com o poder político, disse-me, com palavras sem rodeios, aquilo que dizia no púlpito. A páginas tantas foi muito claro quando, olhando-me nos olhos, me disse que os madeirenses e portosantenses precisavam de "um bispo de cultura". Eu percebi a palavra cultura, no contexto em que falávamos, muito para além do significado da palavra. Entendi-a como a capacidade de alguém, que não dependendo de ninguém, sabe cruzar todos os dados, sabe elaborar sínteses e dizer em alto e bom som as fragilidades de que a sociedade padece. Mais tarde, telefonei-lhe no sentido de convidá-lo para um debate. Falámos de questões sociais, da Missão da Igreja, da importância desse encontro para ouvir e participar nos desencontros. Ficou de acertar a data em função da sua disponibilidade. Não chegou a realizar-se, mas tive pena. Nós precisamos disto, de uma "Igreja mais cristã e menos católica", frontal e envolvente, na esteira do que me disse um Padre desta Região, a quem me ligam laços de respeito,  consideração e Amizade, ele também apostado na solidariedade e na Palavra e que não precisa, como tantos outros, de ouvir recados de  apelo à caridade. Ademais, o povo não precisa de lengalengas que a nada conduzem, porque o disco está velho demais para um tempo que precisa de gente que não bata no peito ao Domingo e infernize a vida das pessoas ao longo da semana.
Ilustração: Google Imagens.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

AS PROMOÇÕES NAS FORÇAS ARMADAS EVIDENCIAM MEDO


Mais de quatro mil militares dos três ramos das forças armadas vão ser promovidos. Segundo o ministro da Defesa, as promoções são uma "condição fundamental da cadeia de comando e especificidade que justifica a diferença de tratamento" dos militares, face a outros servidores do Estado. O assunto vinha a ser trabalhado há já algum tempo, mas não deixa de ser curioso o facto desta situação ser concretizada a poucos dias das comemorações dos 40 anos de Abril. Coincidência? Não. Trata-se de um facto politicamente óbvio e relevante, se tivermos em consideração o crescente mal-estar nas Forças Armadas, com sucessivas reuniões das associações representativas e, ainda, as declarações do General Garcia Leandro que manifestou, numa entrevista à Antena 1: (...) a inquietação pelo estado de espirito dos militares. É a desesperança, classificou. Na origem do descontentamento no seio das Forças Armadas, referiu questões como a saúde da família militar e as horas extraordinárias. "Os militares sentem que não se lhes dá a devida importância". E disse mais, referindo-se ao governo: "(...) "Caiu-lhes ao colo o Estado, que não conhecem". (...) "Se fosse ministro da Justiça era mais fácil (…) mas ao mesmo tempo é muito bom, porque eu não percebendo nada disto tenho mais capacidade para fazer reformas", terá dito o ministro da Defesa Aguiar-Branco ao General Garcia Leandro.


Daí que entenda que exista, na oportunidade destas promoções, um quadro de algum receio, ainda para mais quando a Associação 25 de Abril está desde há muito em rota de colisão com o governo e, particularmente, com a Assembleia da República. Mas, atenção, vejo com bons olhos as promoções dos quadros militares. O que não entendo é a "especificidade" dos militares relativamente a outros sectores da sociedade. Alguns exemplos: pela Lei de Bases do Sistema Educativo, os professores são considerados "um corpo especial da Administração Pública" e, no entanto, continuam com as suas carreiras congeladas. E a pouca-vergonha que andam a fazer aos médicos, aos enfermeiros e a todos os funcionários públicos? Logo, estas justas promoções dos militares trazem água no bico e podem estar associadas a uma palavra: MEDO. E, neste aspecto, pensará o governo, mais vale prevenir do que remediar. Trata-se de um doce revestido de matéria que acalma as tensões. Não sei por quanto tempo. Todavia, de uma coisa estou certo, é que os outros sectores também vão saltar e irão questionar: porquê os militares e não também nós?
Ilustração: Google Imagens.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

UMA LIMPEZA AO CÉREBRO


A foto diz tudo. É o que nos andam a fazer: uma tentativa de limpeza ao cérebro. Todos os dias, através dos meios de comunicação social e, sobretudo, pelas posições de alguns comentadores que não sabem ou, intencionalmente, ignoram a conjugação de todas as variáveis, os portugueses estão a ser levados a acreditar que não existe alternativa à austeridade, que é este o doloroso calvário que conduzirá ao paraíso terrestre, onde os pobres deixarão de o ser e o trabalho com direitos regressará, possibilitando a felicidade qb aos desesperados que emigram. Pode levar vinte a trinta anos, dizem, não interessa, pois importante é manter essa miragem no deserto de ideias. É o domínio da ideologia ultraliberal e do dinheiro sem pátria, contra a ordem natural de uma vida com deveres, mas também com direitos. Assiste-se a algumas entrevistas, ainda ontem acompanhei, na SIC, a entrevista a Pedro P. Coelho, da qual resultou a imagem de um ignorante altifalante, outras vezes a debates com pessoas arvoradas em economistas de ponta, outras, ainda, com comentadores a debitarem meias-verdades ou a verdade que lhes interessa, normalmente, em redor do óbvio e não das questões fundamentais que se escondem a montante. E existem muitas... muitas. Assiste-se a governantes sempre com uma palavra onde se adivinha, facilmente, a mentira que a envolve. O dia 25 de Abril e, sobretudo, o 1º de Maio, serão datas determinantes na encruzilhada em que nos meteram. Ontem, Passos Coelho, foi a imagem da mentira grosseira. Espero, ou melhor, desejo que o Povo se manifeste e diga BASTA a esta política que está a esmagá-lo. Já chegaram ao desplante de dizer: "A vida das pessoas não está melhor, mas a do País está muito melhor". Como se o País não fossemos todos nós! Espantosas cabecinhas. Há  que travá-las!

Ilustração: Google Imagens.

terça-feira, 15 de abril de 2014

"O POVO AGUENTA, AGUENTA, ATÉ REBENTAR"


Salário mínimo mais baixo que em 1974; descarado e continuado roubo nas pensões de aposentação a que o Estado se obrigou a pagar; substancial corte na responsabilidade constitucional nos direitos à saúde, educação e protecção social, em benefício do sector privado; trabalho, não como um direito libertador, mas como uma possibilidade sem vínculo; despedimento extremamente facilitado e com compensações miseráveis; privatizações em série, sem questionar se é bom para o privado, por que não será para o sector público; economia subterrânea em crescimento por razões de oportunidade e sobrevivência; carga fiscal insuportável situando-se no quadro do confisco; milionários em crescimento, penalizações que prescrevem e milhares de pobres em desespero; emigração a nível de há cinquenta anos; substancial défice entre a natalidade e a mortalidade; desertificação do interior, enfim, vivemos, subjugados, aterrorizados, em constante dúvida, num país retalhado, assimétrico e de coutadas financeiras onde proliferam os grandes especuladores à custa dos indefesos. É este, em síntese, o País que nos oferecem. Um país mais interessado em curvar-se às imposições externas do que em defender os interesses do povo que o enquadra. Uma vergonha pensada, fabricada e organizada fora do país e à qual os cordões umbilicais de interesses seguem no escrupuloso respeito pelo deus mercado. Tudo com a benção do Presidente da República. 

A qual deles mais cresce o nariz!
Só falta aqui o de Belém... o padrinho.

Depois, cada vez mais, é notória a impreparação dos membros do governo, onde faltam muitas referências e muitos de cabelo branco, metáfora que pode significar experiência, capacidade, visão, pessoas que inspirem respeito. O que se assiste é à persistente mentira e a uma conjugada aldrabice. Por lá e por aqui. Há uma crescente degradação do exercício da política. Atente-se, por exemplo, nestas declarações tão próximas de nós, insulanos: "(...) Governar é ter coragem, rigor absoluto, respeito pelos que pagam os sacrifícios, os contribuintes. Aqueles que pagam os impostos, e que pagarão menos se forem bem governados. Pagar impostos não é uma fatalidade. (...) É preciso acabar com a aprovação de orçamentos só de despesa. Passar a ter de justificar e também aprovar a receita. Coisa para verdadeiros governantes. Que se precisam". (opinião do Dr. Miguel de Sousa, candidato do PSD-M às eleições partidárias internas - edição de ontem do DN-Madeira). Estou, totalmente de acordo. Quem não estará? O problema é saber por que não fizeram ou por que não clarificou a sua posição desde o tempo que teve funções governativas? Que razões levaram a alinhar naquilo que hoje considera errado? 
Ora bem, é esta política que descredibiliza, que ofende e não pode ser levada a sério, porque as circunstâncias e os interesses pontuais e de grupo conduzem a dizer coisas não sentidas, na lógica do aforisma "com a verdade me enganas". Miguel de Sousa falou daquela maneira, mas, por lá, não é melhor. Atente-se na síntese do que Passos Coelho dizia antes das eleições e o que fez e faz aos portugueses (declarações que podem ser escutadas na coluna ao lado). Declarações que, lamentavelmente, conduzem os portugueses a assumirem que os políticos da ditadura eram mais honestos que os actuais (título do Jornal I de 14 de Abril).
Repito, há uma ausência de referências, de gente sã, de políticos com pensamento estruturado e visionário, de políticos face aos quais sintamos que cada palavra tem um peso histórico e é portadora de futuro. Miguel Relvas e outros não são fruto de erros  de "casting". Encanta-me ouvir Adriano Moreira, Mário Soares, Jorge Sampaio, Freitas do Amaral, regressar a Álvaro Cunhal, entre alguns outros do nosso tempo, e absorver o que de sinceridade e profundidade neles existe. Não se trata de saudosismo, mas de referências sérias, embora possa não estar de acordo com tudo o que dizem ou disseram. Vi, por mais de uma vez, Jorge Sampaio comover-se perante as situações de gritante injustiça, enquanto hoje vejo Passos Coelho descartar-se e exprimir-se com um leve sorriso hipócrita nos lábios. A questão, em contraponto, entre a necessidade de referências sérias e esta cambada que nos governa, resume-se a algumas perguntas: quem pode levar a sério um Passos Coelho, um Paulo Portas e todos os outros que, no fundo, são o espelho de quem os convidou para a governação? Como respeitar, no plano pessoal e institucional estes políticos de aviário, sujeitos obedientes a vários patrões, a quem lhes falta a base, a cultura, não apenas a política, a honestidade e o sentido de serviço público à comunidade? Como respeitar um governante a quem um colega de faculdade, em texto publicado, disse que ele era o pior da turma? Estamos entregues a medíocres graduados em funções que deveriam pertencer à excelência. Os medíocres nunca se importam de fazer o trabalho sujo, porque sabem que esse é o caminho certo da promoção. Razão tem um dos capitães de Abril, Vasco Lourenço: "Estou convicto que vai haver fortes convulsões. O Povo aguenta, aguenta, até rebentar".  
Ilustração: Google Imagens.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

EDUCAÇÃO: DURÃO BARROSO... POR QUE NÃO TE CALAS?


Durão Barroso esqueceu-se que têm sido as políticas europeias economicistas que têm conduzido à ausência de apoios à Educação, tem conduzido à dispensa de professores, ao aumento de alunos por turma, à destruição do emprego, à emigração e à pobreza. E que tudo isto se reflecte na Escola, que acolhe as margens e que, cada vez mais, sem dinheiro, ainda consegue responder às carências sentidas pela população. Esqueceu-se que a escola tem sido o local de abrigo, onde a fome é atenuada e o conhecimento incentivado. Esqueceu-se que a Escola cumpre o seu dever de transmissão do conhecimento, mas que também se transformou em assistencialista. Há erros, obviamente que sim. Que a Escola precisa de melhorar, e muito, nos aspectos organizacionais, curriculares e programáticos, claro que sim. Que o ministério não responde com a eficácia desejada, ninguém tem dúvidas. Mas a Escola Pública tem cumprido e se mais não faz é pela natureza e pobreza de políticos como Durão Barroso. Ele fez a apologia das criminosas políticas do Estado Novo, esqueceu-se do seu passado, marimbou-se nas "liberdades cortadas" e ofendeu, demagogicamente, os professores. Poderia ter falado da necessidade de preocupações políticas acrescidas no campo social, do emprego e do bem-estar do povo. Falou, apenas, de uma "cultura de mérito" e, intencionalmente, passou ao lado de todos os factores que a isso conduzem. Saiba, Dr. Durão Barroso, ouvi-o e exclamei: "raio o parta"!

Durão Barroso... um zero!

São conhecidas as razões que conduziram Durão Barroso à presidência da Comissão Europeia. A 08 de Abril de 2009 escrevi aqui um texto baseado nas investigações de Daniel Estulin sobre o Clube de Bilderberg. Reproduzo uma parte: "(...) Torna-se importante compreender que é irrelevante quem ocupa a cadeira de presidente da Comissão Europeia. Durão Barroso representa os interesses do "governo mundial". Tanto Kissinger como Rockefeller (n.d.r.: proeminentes membros do Clube Bilderberg) apoiaram energicamente a candidatura de Durão Barroso para aquele posto. Barroso também foi amplamente apoiado pelos bilderbergers americanos em Stresa, por este ter apoiado a intervenção americana no Iraque. No entanto, Durão foi resguardado. Recorda-se da tão criticada cimeira dos Açores, justamente antes da Guerra do Iraque? O consenso na altura foi no sentido de não considerar Durão Barroso um verdadeiro participante na cimeira. Agora, começa tudo a fazer sentido. Ele foi afastado para tornar a sua nomeação para a Comissão Europeia mais apelativa. Desta forma, ele não ficou ligado ao fiasco iraquiano. Outro dos apoiantes de Barroso foi John Edwards, candidato a vice-presidente dos EUA, com John Kerry, que também esteve presente nas reuniões de Bilderberg. Como nota de referência, tenho relatórios de várias fontes internas da reunião de Bilderberg que referem a fraca capacidade oral e a fraca personalidade de Barroso. Decidiu-se mesmo limitar as suas aparições em público ao mínimo. Kissinger, um membro permanente de Bilderberg, chegou ao ponto de o chamar, "off the record", "indiscutivelmente o pior Primeiro-ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa" (…)”. Daí que não estranhe os seus comportamentos políticos, as suas declarações e, sobretudo, o ponto a que esta Europa chegou desde que assumiu a presidência da Comissão Europeia. Do meu ponto de vista, Durão Barroso foi e é um desastre político. 
Mas vem isto a propósito das suas últimas declarações feitas em Portugal, a propósito do sistema educativo. Durão Barroso contrapôs a "cultura de excelência" promovida nas escolas antes do 25 de Abril com a situação actual" (...) pois "(...) no Portugal não democrático, no Portugal pré-União Europeia e pré-Comunidade Europeia havia ensino de excelência apesar do regime político em que se vivia e isso era possível porque numa escola era desejável reforçar a própria cultura de excelência" (...) embora algumas liberdades estivessem "cortadas" e se vivesse num regime ditatorial, "havia na escola uma cultura de mérito, de dedicação, de trabalho". Não sei o que dizer a um sujeito que diz disparates desta natureza. Já não vou sequer ao seu passado maoista e o que então dizia do sistema educativo. O que me preocupa é que este homem se tivesse esquecido do que foi o analfabetismo fruto de 48 anos de Estado Novo (taxa próxima dos 70%), onde só os privilegiados tinham acesso e sucesso educativo e que só uma franja muito curta dos pobres e remediados, normalmente com a ajuda de um padrinho, atingiam o patamar da excelência. Durão Barroso esquece-se que o 25 de Abril trouxe-nos a democratização do ensino e que hoje temos a mais bem preparada geração de sempre. Geração essa que anda espalhada pelo Mundo, porque o seu país não lhe garante futuro. 
Durão Barroso esqueceu-se que têm sido as políticas europeias economicistas que têm conduzido à ausência de apoios à Educação, paradoxalmente, a mais escola (conteúdos) e não a melhor escola, tem conduzido à dispensa de professores, ao aumento de alunos por turma, à destruição do emprego, à emigração e à pobreza. E que tudo isto se reflecte na Escola, que acolhe as margens e que, cada vez mais, sem dinheiro, ainda consegue responder às carências sentidas pela população. Esqueceu-se que a escola tem sido o local de abrigo, onde a fome é atenuada e o conhecimento incentivado. Esqueceu-se que a Escola cumpre o seu dever de transmissão do conhecimento, mas que também se transformou em assistencialista. Há erros, obviamente que sim. Que a Escola precisa de melhorar, e muito, nos aspectos organizacionais, curriculares e programáticos, claro que sim. Que o ministério não responde com a eficácia desejada, ninguém tem dúvidas. Mas a Escola Pública tem cumprido e se mais não faz é pela natureza e pobreza de políticos como Durão Barroso. 
Durão Barroso fez a apologia das criminosas políticas do Estado Novo, esqueceu-se do seu passado, marimbou-se nas "liberdades cortadas" e ofendeu, demagogicamente, os professores. Poderia ter falado da necessidade de preocupações políticas acrescidas no campo social, do emprego e do bem-estar do povo. Falou, apenas, de uma "cultura de mérito" e, intencionalmente, passou ao lado de todos os factores que a isso conduzem. Saiba, Dr. Durão Barroso, ouvi-o e exclamei: "raio o parta"!
Ilustração: Google Imagem.

domingo, 13 de abril de 2014

FANTASMAS, NEM NO CEMITÉRIO!


Há quem confunda análise a uma situação com crítica veemente e, talvez, corrosiva, no sentido do desprestígio público da instituição a que pertence. Como se, em abstracto, as instituições fossem imaculadas. Quem assim pensa deve fazer um tirocínio em democracia. Simplesmente porque há uma significativa diferença entre, por um lado, as convicções individuais de natureza política, económica, financeira, social e cultural em função da leitura do Mundo, da experiência de vida e que acabam por determinar posicionamentos; por outro, aquilo que configura o sentido da análise na busca dos enquadramentos eventualmente mais correctos. Temos, aliás, na Região da Madeira, um singular exemplo: durante muitos anos milhares não tiveram coragem para se oporem ao "chefe", resignaram-se, disseram que sim para fora quando, porventura, duvidavam dos caminhos seguidos. Deu no que deu. Todos conhecemos as gravíssimas dificuldades da Região e a dolorosa perda de Autonomia. Se alguém, no interior da estrutura, envolvida, directa ou indirectamente, tivesse questionado, provavelmente, a História não teria sido escrita da forma como foi. O desastre não teria acontecido na dimensão que se conhece. O problema é que há quem confunda convicções com análises, chamadas de atenção com críticas severas. Não quero que a minha terra saia de uma situação política que ajudei a combater para se meter em uma outra de contornos semelhantes.


A responsabilidade de governar seja a que nível for, precisa, a todo o momento, de alertas, dos sinais vindos do exterior, melhor dizendo, precisa de uma capacidade de abertura que torne a governação permeável ao cruzamento da informação e do conhecimento proveniente dos vários sistemas. Fechar-se na torre de marfim significa não excrescer à mediania. A arrogância paga-se com juros. Ver fantasmas onde não existem é partir de um pressuposto errado e que pode mesmo esconder qualquer insegurança. Há pessoas assim e com elas temos de conviver.
Já tem uns anos, um sketch de um programa de humor analisava a sensação de "falso" poder que percorria quem estivesse por detrás de um qualquer balcão. As situações multiplicavam-se, programa a programa, todas elas acabavam por ser hilariantes, mas com um fundo extremamente pedagógico. Um sketch que deveria constar do processo de aprendizagem dos candidatos a políticos. Porque, fantasmas, nem no cemitério!
Ilustração: Google Imagens.  

sábado, 12 de abril de 2014

CUNHA E SILVA, O ESPELHO DA "EVOLUÇÃO NA CONTINUIDADE"


Quando um membro do governo, legítimo candidato à liderança do seu partido político, assume como frase-chave mudar "o que deve ser mudado", conduz a que, de imediato, lhe seja feita uma pergunta: por que não mudou estando há tantos anos, desde o século passado, no centro da decisão política? Ora, o Dr. Cunha e Silva apresenta-se como uma espécie de Marcelo Caetano, que sucedeu a António de Oliveira Salazar, ao procurar construir uma política de "evolução na continuidade". Só que, nesse tempo, os militares e o povo não foram nessa. Das suas palavras infiro que se propõe mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma. O seu elogio a Jardim prova-o, inequivocamente. Mas, muito mais curioso do que as suas palavras de circunstância, foi a foto que vi e aqui publico (blogue: fenixdoatlantico), onde a assistência, de cabisbaixo, mais parecia assistir a um velório, neste caso político! Também aqui duas perguntas me assaltaram: primeira, em função de tantas baleeiras, será esta a que devo entrar?; segunda, o que dirá o "chefe" do meu posicionamento, uma vez que, alegadamente, apoia outro candidato?


Tenho vindo aqui a expressar que o PSD-M precisa de uma longa cura de oposição. E cada vez estou mais convencido disso. O que por aí anda é um claro assalto ao poder na perspectiva de garantir a continuidade das políticas e dos lugares daqueles que se abrigaram sob as teias desse tentacular poder. Não existe nada de novo, quer entre os mais velhos, quer entre a geração defensora da "Autonomia XXI". Todos trazem no seu repertório a mesma letra embora com melodias aqui e ali ligeiramente diferentes. Mas a canção continua a ser perfeitamente identificada, pois roda há quase quarenta anos. Como é possível apresentar-se aos eleitores (internos ou externos) com uma imagem de credibilidade política, quando não foram capazes de criar as condições geradoras de um governo "ágil, eficiente, desburocratizado e próximo dos cidadãos", quando sempre foram a referência máxima de que a "obra" física estava primeiro que as pessoas? 
"Para nós, são as pessoas que contam", disse o candidato. E não foram as megalomanias das sociedades de desenvolvimento, por exemplo, que potenciaram a colossal dívida (impagável), o desemprego e a pobreza na qual mergulharam desde os jovens a uma grande parte da classe média? As pessoas contaram(?) quando o governo a que pertence o candidato mandou a maioria chumbar todas as propostas da oposição que visavam atribuir, tal como nos Açores, um complemento de pensão mensal (€ 50/60,00) e cujo objectivo era o de atenuar as dificuldades sentidas? Ser, agora, "solidário com os mais fracos" não traz no seu bojo uma atitude de tons hipócritas? Como é possível acreditar naquele paleio, quando estamos todos a pagar uma dupla austeridade por obras desnecessárias, já não falo da marina do Lugar de Baixo, mas de tantas outras desajustadas da realidade, algumas ao abandono, que apenas serviram para alimentar certos lóbis que, entretanto, fizeram fortuna? Como acreditar na promessa de respeito pelos "adversários da oposição”, com quem pretende manter "relações institucionais democráticas e úteis", quando toda a práxis foi sempre, mas sempre, contra qualquer tipo de diálogo institucional? Que razões levaram a que nunca se tivesse disponibilizado para ir à Assembleia responder a mais de 400 questões sobre as sociedades de desenvolvimento, apresentadas pelo PS-Madeira? É evidente que poderá dizer que essa era a política do "chefe"! Pois, e porque não se demarcou, não saiu, não assumiu a diferença conceptual? 
No meio daquela sessão, li uma frase com algum significado político, quando o candidato disse ter como preocupação "recuperar a crise que assolou o mundo e regressar aos níveis que já tivemos no seio da UE". Tem significado político porque Sócrates sempre foi apontado como o homem do colapso. Deu jeito que assim fosse, aquela permanente busca de um inimigo externo, de um bode expiatório. Agora, a responsabilidade parece ser da conjuntura internacional, em geral, e da União Europeia em particular. Por omissão, Sócrates parece que, afinal, foi o salvador da Região com a implementação da Lei de Meios, pois se tal não tivesse acontecido o colapso da Madeira teria sido mais cedo e mais estrondoso. Por mais que me custe dizer, porque o 20 de Fevereiro foi terrível, o governo, politicamente, sobreviveu, exactamente porque houve o 20 de Fevereiro!
Em suma, há muito Francesco Schettino a tentar sacudir a responsabilidade e, "acidentalmente", a cair na baleeira que o leve para longe do navio da governação, sentando-se no rochedo para falar, agora que os calos estão a doer, de um partido "aberto, distendido e democrático" (...) "identificado com os madeirenses" (...) "jovem e sem paternalismos" (...) "um partido que fale claro e de assuntos que o povo entenda e tenha que ver com a vida dele". Para acreditar nisto eu tinha de esquecer tudo o que sei.
Ilustração: http://fenixdoatlantico.blogspot.pt/

sexta-feira, 11 de abril de 2014

FUNCHAL, CIDADE EUROPEIA DO DESPORTO EM 2016. NÃO, OBRIGADO!


Dei conta que, esta semana, o Deputado Europeu Nuno Teixeira reuniu, no Parlamento Europeu, com o representante da Federação das Capitais e Cidades Europeias do Desporto (ACES Europe), Eduardo Balekjian, e o chefe da Divisão de Desporto do Município do Funchal, Duarte Oliveira, com a intenção de preparar a candidatura da cidade do Funchal a cidade Europeia do Desporto em 2016. Ora bem, pergunto, desde logo, para quê? E a pergunta tem a sua razão de ser. Alguém saberá ou lembrar-se-á do que foi realizado e quais foram os resultados e benefícios do Funchal ter assumido o "pontapé de saída" do "Ano Europeu da Educação pelo Desporto" (2004), com uma cerimónia realizada com pompa e circunstância? Zero. As políticas continuaram as mesma, em muitos casos agravaram-se e só a grave crise financeira veio pôr a nu a ausência de políticas sérias, no sistema educativo escolar e no sistema associativo, consequência das decisões do governo e das autarquias. Em 2005 escrevi um artigo que publiquei na revista A Página da Educação que sintetizou o meu posicionamento sobre esta matéria:


"Escolarizar o desporto, desportivizar a escola e a Vida...
Tal como destacou Mário David Soares, no Jornal da Fenprof, alguém, porventura, se lembra de alguma iniciativa portadora de futuro naquele que foi o Ano Europeu da Pessoa com Deficiência? E agora questiono eu: mais recentemente, alguém será capaz de referir uma só atitude política no decorrer do Ano Europeu da Educação pelo Desporto, capaz de renovar e alimentar a esperança portuguesa de um desporto direito de todos? Infelizmente, deste último ano, retenho, o fracasso de Portugal nos Jogos Olímpicos de Atenas, vários municípios endividados até ao céu da boca na sequência do Euro-2004, impressionantes fugas ao fisco, detenções e, sobretudo no futebol, muitos arguidos em processos de alegada corrupção. Pelo meio, discursos de circunstância, genericamente ocos, como foram aqueles que escutei, no Funchal, por ocasião da pomposa cerimónia oficial de abertura do Ano Europeu da Educação pelo Desporto. Na Escola, aí, no centro das políticas educativas, onde tudo deve começar, rigorosamente nada aconteceu. Tudo permaneceu igual, numa enervante rotina onde sobressaíram, numa aproximação a Shakespeare, "words, words, words, nothing, but words". Mais um ano de palavras, de supérfluos programas desportivos, em horário nobre, que nada acrescentaram, espaços do tipo pescadinha-de-rabo-na-boca, porque não vão além do golo falhado, das milionárias contratações, dos comentários em redor da arbitragem, numa arrepiante coscuvilhice que serve às mil maravilhas o embrutecimento e o desvio das atenções dos reais problemas do país no que, entre outras, à educação pelo desporto diz respeito. 
O Ano Europeu da Educação pelo Desporto não deixou nada nem permitiu abrir a desejável janela de esperança. Teria sido, no mínimo, oportuno e sensato o aproveitamento do momento para multiplicar, por este país fora, um grande e sensibilizador debate nacional que questionasse velhos problemas de ordem económica, social, cultural e organizacional dos Sistemas Educativo e Desportivo. Um debate que, por exemplo, afrontasse a crise de identidade e de credibilidade social da Educação Física curricular, o caos a que os sucessivos governos conduziram o Desporto Escolar e a corresponde interface com o Sistema Desportivo. Um debate absolutamente necessário, agitador de consciências anestesiadas, no quadro do pensamento estratégico que, bastas vezes, A Página, desde há muito, vem fazendo eco através dos singulares textos dos Doutores Manuel Sérgio e Gustavo Pires. Um debate que equacionasse o drama vivido na escola e no desporto português e que tão bem foi sintetizado pelo meu Amigo Doutor Olímpio Bento:
"(...) para a reconstrução da Educação Física assume particular relevância a revolução operada nos conceitos de corpo, de saúde, de estilo de vida activa e na educação ambiental. Mais, essa reconstrução é ditada por duas ordens de razões incontornáveis: 1. pela necessidade de renovação da própria escola, no tocante à sua configuração enquanto polo de cultura e de humanidade; 2. pela necessidade de influenciar o desporto institucionalizado que hoje ostenta as máculas de um paradoxo, ao afastar-se da cultura, da formação, da educação, do humanismo. Isto é, encontra-se em rota de colisão com princípios e valores que o fundaram como um sistema moralmente bom e resvala, cada vez mais, para a imoralidade, para o analfabetismo, para a incultura e para a trapaça. Sendo através desta área escolar que as crianças e jovens acedem ao contacto com o desporto, a escola não pode eximir-se da responsabilidade que lhe cabe nesta matéria (...) é, portanto, curial reconstruir esta área à luz de um lema como este: escolarizar o desporto, desportivizar a escola e a vida (...)" (B., Olímpio. Da Educação Física ao Alto Rendimento. Edição de O Desporto Madeira. 2001. Pág.: 83)
Pois bem, muito mais do que as iniciativas de carácter pontual, o Ano Europeu da Educação pelo Desporto deveria ter ido ao encontro das causas, rompendo com anacrónicas e ultrapassadas lógicas de funcionamento, orgânicas e programáticas, muitas vezes alimentadas por um cego corporativismo. É, de facto, de uma pobreza conceptual, face à realidade do País em múltiplos domínios, inclusive, no desporto, o próprio Comité Olímpico de Portugal querer apresentar uma candidatura à organização dos Jogos Olímpicos, quando o desporto não está escolarizado, quando temos a pior taxa de participação desportiva da Europa e a estatística nos mostra um quadro de menoridade competitiva no contexto das nações, bem evidente no facto de, em 108 anos de Jogos Olímpicos da era moderna, Portugal ter somado vinte medalhas, entre as quais, apenas três de ouro. (...)". 
Esta continua a ser a realidade... dez anos depois! E, por favor, não venham, novamente, com essa do "prestígio e reconhecimento à cidade do Funchal, colocando a tónica na actividade física e no desenvolvimento de actividades desportivas durante todo o ano" (...) e porque "será também uma oportunidade de divulgar a qualidade da oferta de infra-estruturas desportivas disponíveis na Madeira - Deputado Nuno Teixeira". Reconhecimento? Bom, isto é o que se designa por paleio político que de verdade nada tem. A promoção da Região não passa por aí; a maior ou menor adesão às práticas físicas ou ao desporto formal não passa por aí; tampouco a "venda" das infraestruturas. Se quase todos os dias corro é porque assumi a prática física como um bem cultural. E, já agora, se tenho um desejo de ir a Istambul, não é por ter sido capital europeia do desporto, mas pela riqueza do seu património histórico-cultural. Finalmente, conheço os processos, com exemplos vários, que conduzem ao despertar do interesse pela realização de estágios desportivos associados à hotelaria, sobretudo ao nível do alto rendimento.
Ademais, o desporto só pode ser a primeira das segundas ou terceiras prioridades. No actual quadro financeiro isso, aliás, é muito evidente. Daí, complemente, que muito deverá mudar (a lógica política é de MUDANÇA", não é verdade?), pelo que essa mudança não passa pela cidade ser "Cidade Europeia do Desporto". Com toda a modéstia, todavia foi o meu contributo (quem dá o que tem a mais não é obrigado) sugiro aos responsáveis, se tiverem paciência, claro, a leitura de um texto que apresentei na Assembleia Municipal do Funchal, em 1988, exactamente sobre uma política municipal de abertura ao desporto e autonomização das práticas físicas dirigida à maioria da população aparentemente saudável. Já lá vão 36 anos!
Em suma, os responsáveis pelo desporto e pela actividade física em geral, seja a que nível for, não devem utilizar as instituições como uma passerelle de vaidades ou porque há eleições europeias. O que está em causa é a construção do futuro e o direito constitucional consignado no Artigo 79º da Lei Fundamental. E as autarquias têm a sua quota parte de responsabilidades, quando integradas numa política global de desenvolvimento. Tão simples quanto isto!
NOTA:
Na política não acredito em coincidências. Aliás, faz parte do abc político que "o que parece é". Num dia, leio uma notícia sobre uma reunião, em Bruxelas, entre o Deputado Nuno Teixeira e um representante da Câmara Municipal do Funchal, sobre a possibilidade de uma candidatura do Funchal a Capital Europeia do Desporto; no dia seguinte, outra notícia, que dá conta que a candidata do PSD, indicada pela Madeira, reuniu com Nuno Teixeira, com Durão Barroso a apadrinhar a foto ("Já trabalha em Bruxelas", li!). São coincidências a mais, quando, no próximo mês, se realizam eleições europeias. Espero que não passe disso mesmo... de folclore eleitoral.   
Ilustração: Google Imagens.