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quarta-feira, 4 de março de 2009

DEMISSÃO DE RESPONSABILIDADES

Seria expectável que o governo e a maioria parlamentar que o suporta, neste momento de grande aflição governativa, assumisse duas atitudes, no mínimo, em termos de imagem pública: por um lado, se coibisse de anunciar ou lançar para a discussão pública inúteis investimentos, do tipo, sambódromo, estádios de futebol, etc.; por outro, em sede de Assembleia Legislativa da Madeira, frenasse os seus ímpetos e tiques próprios do poder absoluto, abrindo-se ao debate e sobretudo ao diálogo com a oposição.
Na primeira dimensão do problema parece-me evidente que estando a Madeira atolada num pântano de dívidas, de desemprego, de pobreza, de carências múltiplas que exigem moderação nos encargos, só o despertar de projectos sem retorno económico, social e cultural já é grave, muito mais o é quando se fala de um sambódromo e de outras iniciativas que trazem no seu bojo uma profunda desconsideração política pelos dramas sociais que por aí andam. Que o digam os 10.000 desempregados e tantos mais que andam no fio da navalha do despedimento.
Na segunda dimensão, tão grave quanto a primeira, é a insistência num discurso parlamentar repetitivo e gasto onde sobressai a tecla de que todas as culpas do desaire regional são da República. A ideia que resta, para quem acompanha o debate parlamentar, é que a Madeira não tem órgãos de governo próprio, não tem orçamento próprio e que, por aqui, ainda se anda de chapéu na mão a solicitar ao Terreiro do Paço e a Bem da Nação, os favores da República. Este tipo de discurso não é defensor de uma Autonomia responsável e acentua, claramente, as fragilidades do governo e uma demissão das suas incontornáveis responsabilidades governativas.
A hora é de ouvir e de admitir que os outros também têm propostas do maior interesse para a salvação, desde logo, da economia regional. Fechar-se e ignorar outros importantes contributos e posicionamentos apenas significa que se caminha não para a solução dos problemas mas para a sua agudização.

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