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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A FOME DO PODER: "CHEGAR ÀS METAS LEGITIMAMENTE SONHADAS"

Raramente leio os artigos de opinião do presidente do governo regional. Simplesmente porque é sempre mais do mesmo e, sinceramente, começa a faltar-me a paciência. Gosto de seguir autores cuja opinião acrescente qualquer coisa de novo, quando as palavras e o pensamento estratégico me deixam a reflectir, mesmo quando, à partida, a minha opinião é diferente. Desta vez fui alertado e li. E ao contrário de quem me alertou, assumo que não foi tempo perdido. O texto hoje publicado no JM, aqui e ali, é salpicado de enigmáticas frases (serão?) que não devem ser lidas de forma leviana. Por exemplo, "(...) não podemos fazer a vontade ao inimigo. Temos de chegar às metas legitimamente sonhadas". Pergunto: quais metas (objectivos quantificáveis)? Têm a maioria dos Deputados na Assembleia da República (4-1-1), dispõem de uma maioria absoluta na Assembleia Legislativa da Madeira (33 em 47 deputados), lideram as onze Câmaras Municipais da Região e 49 das 54 freguesias, quase todo o associativismo tem a chancela do poder, mais que não seja por razões de dependência financeira, enfim, desde casas do povo a bandas de música, o controlo é total, pergunto, então, quais são as "metas legitimamente sonhadas", quando o poder é total, quando há, por razões diversas, uma submissão quase completa da sociedade à vontade de uma só pessoa? Estranho? Talvez não!
E como contraponto (terá sido?), o articulista, ao jeito de quem deseja mascarar alguma dedução mais acutilante das suas palavras, acrescenta que "(...) os adversários internos e externos do Povo Madeirense vão persistir na sua estratégia de combate aos Direitos, Liberdades e Garantias, bem como ao progresso que a Autonomia Política proporciona como arma". Um contraponto que deixa transparecer que, por aqui, aquelas três palavras constitucionais são plenamente assumidas (na minha opinião, não são) e que apenas uns (os adeptos do PSD) defendem a Autonomia e o Povo. Os outros são "inimigos". Um contraponto que deixa também escapar a palavra "arma". A "arma" de que certamente fala relaciona-se com a necessidade de manutenção do inimigo externo, a República, para quem todas as culpas pelos insucessos da governação devem ser assacadas para que o poder regional passe incólume, virgem e imaculado. Depois, continua, há que "ouvir o Povo (coitado do Povo!), mas nunca os adversários do Projecto (já se sabia em função do que se passa na Assembleia), pois a opinião deles não conta para o efeito" (...) consciencializando-O (o Povo) de que o primado do nosso Projecto, obriga a uma Unidade sempre forte, quando de novo se apresentarem os momentos eleitorais decisivos". Uma vez mais, questiono, de que "projecto" fala no quadro das tais "metas legitimamente sonhadas"?
São estas as preocupações do líder do PSD até 2011, com uma chamada de atenção para o interior do partido, ao jeito de quem diz cuidado porque a oposição e "sua comunicação social" (pergunto, qual?), estará atenta e preparada "para explorar e manipular com exaustão, qualquer sinal de fraccionamento que se instalasse na Maioria autonomista".
Ora bem, ou se trata de mais um delírio ou tudo isto, como sempre, assenta numa conhecida estratégia que tem rendido vitórias eleitorais mas que terá elevados custos a prazo para todos os madeirenses e porto-santenses. Os próximos tempos políticos serão interessantes mas muito preocupantes.
Foto: Google imagens.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem perdeu e perderá votos para os 3 meninos do PND são o PS, o PCP e o BE.
Devia serr óbvio.