Sempre ouvi dizer que não é possível cantar e assobiar ao mesmo tempo. É esta sabedoria popular que deveria pautar a orientação deste Orçamento Regional, cuja opção deveria ser pela ruptura com o passado, ponderada, é certo, mas firme e convincente.
As inaugurações estão primeiro lugar que o bem-estar do Povo. |
A grande Obra deste Orçamento Regional ara 2011 deveria ser a da celebração do ser humano. Não e nunca a obra da continuação do cimento, salvo a da protecção de pessoas e bens na decorrência dos trágicos acontecimentos de 20 de Fevereiro. A grande Obra deveria ser a da obra social e a do emprego, ambas em simultâneo, com um corte "radical" onde não é prioritário. Estou a falar das Sociedades de Desenvolvimento e das empresas públicas, todas falidas, dos diversos futebóis que por aí andam e da política de subsídios sem retorno económico e social. Estou a falar de uma urgente reconfiguração do quadro organizacional de toda a estrutura administrativa e de um corte abrupto nas tais obras que apenas alimentam os cofres dos mesmos de sempre, enquanto a maioria dos empresários ou abrem falência ou vivem com o credo na boca. Quer isto dizer que deveria ser o Governo Regional a dar o primeiro exemplo de austeridade. Aliás, sempre ouvi dizer que não é possível cantar e assobiar ao mesmo tempo. É esta sabedoria popular que deveria pautar a orientação deste Orçamento Regional, cuja opção deveria ser pela ruptura com o passado, de forma ponderada, é certo, mas firme e convincente.
Não faz qualquer sentido, é abstruso, insensato, politicamente inqualificável que tenhamos um Orçamento que nega a AUTONOMIA e a existência de órgãos de governo próprio. Nega a Autonomia porque é incapaz de se responsabilizar e de gerar as condições que justifiquem a própria AUTONOMIA. Esta palavra de grande significado para os insulanos e para tantos que ao longo da História lutaram, morre dia-a-dia pela inércia de um punhado de homens e mulheres que decidiram, há muito, colocar à frente dos interesses desta terra, os seus próprios interesses. Este Orçamento constitui a negação das carências de um Povo que sofre, constitui um ataque aos pobres, aos desempregados e aos empresários, para que se mantenha o regabofe inauguracionista e a protecção e manutenção do sistema. Se a Região está mal, com este Orçamento ficará pior. As escolas continuarão sem dinheiro para os seus projectos educativos, o sistema de saúde, falido, continuará a pedir aos utentes (isto já acontece há muito) os medicamentos em falta no Hospital e manter-se-ão as necessidades de consumíveis, o sector do turismo continuará a sua sensível agonia, enquanto meia-dúzia continuará a tocar harpa face a uma Região que "arde". Tem razão o Presidente. O gesto de "roubo" diz tudo. Há um ataque do seu governo à população da Madeira. |
Já não falo sequer no quadro do meu posicionamento partidário. Falo e escrevo enquanto cidadão preocupado que olha para a sociedade e nela descobre os sinais da falência, dos constrangimentos e do sofrimento, visível, estampada nos rostos espalhados por esta encosta fora. Há fome, meus senhores e isto merece sinais concretos de protecção por parte de um governo que foi eleito para governar a Madeira e que, por isso mesmo, não pode, porque constitui uma desonestidade, continuar a atirar as responsabilidades para longe da Região. O Orçamento é um instrumento gerado na Região e é aqui que devem ser estipuladas as prioridades e as medidas de sustentabilidade em todos os sectores, áreas e domínios da actividade governativa. Por favor, parem com a teimosia e com o esbanjamento. Ponham o egoísmo e a intolerância de lado. Olhem para as prioridades.
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Senhor Professor
Eu cá acho que o senhor tem muita razão em quase tudo o que escreveu,mas,tanto eu como os meus compadres,ficamos preocupados com uma coisa:
Já não vai haver espetadas e vinho seco!?!
Ao menos nesses inauguramentos a gente tirava a barriga de misérias...
Obrigado pelo seu comentário.
O Senhor, permita-me, não tem nada, mesmo nada de Vilhão Burro. Tocou no ponto certo. Só que eles têm uma solução: na falta de inauguramentos... a fundação encarregar-se-á de levar a espetada a casa!
Como assim? Então se o Estado é ladrão como vai dar espetadas e vinho seco às Instituições? O sr. acabou de chegar duma viagem sem destino, por lá deixou o seu dinheirinho. Valha-nos Nossa Senhora das Angústias.
Conheci um senhor que se não tinha chegado ao aeroporto na porta de embarque, estava a chegar na porta de desembarque.
Enviar um comentário