Para quê, então, mergulhar nessa Madeira real? Para quê, se o problema é todo do Continente? Para quê diagnosticar, analisar, produzir e emitir, se se toma por verdade absoluta o discurso da maioria que empurra tudo para Lisboa? Para quê meter-se em "aventuras" se o "chefe" ou "chefes" não apreciarão o nosso comportamento profissional? Importante é, por múltiplas razões, a região demarcada do "rum"!
Eis a receita: "brainwash" permanente. |
A RTP-Madeira justifica-se se souber produzir com qualidade e marcar a diferença. E essa produção, obviamente, não pode sustentar-se, apenas, naquilo que eu designo por "televisão sentada", isto é, entrevistas e debates de estúdio. Mas alguém suporta, ou, no mínimo, haverá bom senso, em horário nobre, à terça (este é, apenas, um exemplo) colocar dois programas seguidos ("Entrevista" e "Parlamento") de estúdio?
Ora, a "televisão sentada" deve ter os seus espaços próprios (quantidade não é sinónima de qualidade), de resto importantes quando bem feitos, mas a televisão é sobretudo movimento e dinamismo. Dois exemplos recentes: primeiro, uma coisa é uma entrevista de estúdio com o Dr. Edgar Silva, a propósito da prostituição infantil (excelente intervenção, pela coragem de tocar num tema de extrema gravidade e delicadeza), outra, é perante o silêncio político e social, meter pés ao caminho e realizar a incómoda reportagem sobre a realidade; segundo, ontem, teve foros de "denúncia" a situação de catástrofe social em que está mergulhado o Porto Santo (que, para a RTP-Madeira, valeu 31'' sem qualquer enquadramento), outra, é, perante a denúncia, equacionar, de imediato, no próprio TJ, o dramatismo da situação, desenvolvendo, depois, o respectivo trabalho de reportagem, indo ao âmago do problema. Só que, o problema é que nem uma nem outra reportagem o "serviço público" pode fazer, porque está amarrado, condicionado, bloqueado por forças exteriores que a impossibilitam ir mais longe. Mas estes são dois exemplos, os mais próximos, talvez, porque, face a um Orçamento que aí está, penalizador dos madeirenses e porto-santenses, Orçamento Regional este que vai determinar a vida de toda a população não apenas em 2011, mas nos próximos anos, parece que ninguém dele quer saber. Ontem, viu-se, através da entrevista ao Doutor Luís Campos e Cunha. O objectivo foi claro: malhar em Lisboa para que o PSD passe aqui incólume.
Uma RTP que escolheu o caminho mais fácil! |
É por estas e por muitas outras, por ausência de uma identidade própria, que de tempos em tempos surge a ameaça de isto se tornar em uma "janela" da RTP, em Lisboa. É por essa ausência de uma matriz conducente a uma identidade própria que se passa pelos restaurantes, bares, etc. e só muito raramente os televisores estão sintonizados na Madeira. Pobre RTP, ao ponto a que chegou!
Ilustração: Google Imagens.
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