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terça-feira, 9 de novembro de 2010

AO PONTO QUE CHEGARAM... UM BORDEL!


O Presidente do SESARAM, o Dr. Almada Cardoso, habituado ao silêncio sepulcral, não se deu por ele e o Presidente do Governo, tantas vezes tão rápido a falar, neste longo e complexo processo, meteu a língua no saco e zero de palavras ou de tentativa para resolver os sucessivos diferendos.

O Dr. Marcelino Andrade
deve públicas desculpas à Ordens,
aos Sindicatos, aos Colegas
e aos utentes do Serviço Regional
de Saúde.
O melhor que o Dr. Marcelino Andrade tinha a fazer era estar caladinho perante a greve dos médicos ortopedistas. Autêntico desastre foram as suas declarações de ontem. Por um lado, disse que os assuntos deveriam ser tratados dentro de casa (no Hospital, certamente) e não na praça pública, por outro, avacalha a situação ao vir para a tal "praça pública" dizer que o melhor era "pedir ao Governo que não faça um hospital mas que faça um bordel". Uma declaração sem sentido, absolutamente descontextualizada, imprópria para quem tem responsabilidades, ainda por cima quando faz parte de um grupo de profissionais da medicina. Ouvi aquilo e chocou-me. Uma lástima.
Quando, julgo que dezassete médicos, se juntam e reivindicam alguma coisa, parece-me óbvio que as razões mais substantivas pendem para o seu lado e não dos três que, legitimamente, compareceram ao trabalho, para cumprir os serviços de urgência ou outros.  Só este aspecto merecia da parte do Dr. Marcelino Andrade um certo resguardo. Mas a política falou mais alto e lá teve que dar voz a outros que não quiserem oferecer a cara às responsabilidades que assumiram. O Secretário dos Assuntos Sociais e Saúde, por exemplo, perdeu em toda a linha. Não foi capaz de chegar ao entendimento, de serenar os ânimos, de estabelecer a ponte necessária para o diálogo. O Presidente do SESARAM, o Dr. Almada Cardoso, habituado ao silêncio sepulcral, não se deu por ele e o Presidente do Governo, tantas vezes tão rápido a falar, neste longo e complexo processo, meteu a língua no saco e zero de palavras ou de tentativa para resolver os sucessivos diferendos. Trata-se de uma derrota política para todos e que, a avaliar pelos contextos não ficará por aqui. As tensões vão continuar entre as Ordens, os Sindicatos e poder político.
Sinais dos tempos, da degradação que atinge todos os sectores da governação. Sinais do desconforto, do cansaço de ouvir e assistir sempre às mesmas cantilenas, aos discursos vazios de significado, à desorganização do sistema e à falta de investimento. 
Os médicos, os enfermeiros e restante pessoal que trabalha para o Sistema de Saúde estão a dar um exemplo de cidadania, numa terra onde muitos se vergam. Isto não significa que tenham toda a razão, mas têm, certamente, uma parte da razão que os levam a reivindicar, a explodir e a dizer basta. Necessário se tornaria que os responsáveis soubessem gerir os processos, em profícuo diálogo, em serena negociação onde todos perdessem um pouco para que que todos ganhássemos muito, isto é, um Sistema de Saúde de resposta adequada às necessidades.
Ilustração: Google Imagens.

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