"O actual Presidente da República tem sido, tanto nos silêncios quanto nas intervenções sibilinas, um agente activo do lado do que está errado e um sonoro ausente do lado do que é justo: a defesa do Estado português e da legitimidade social que ele deve ter".
Ao Presidente compete defender o Povo |
O candidato à Presidência da República, Dr. Cavaco Silva, agora pegou naquela lengalenga que os tempos que correm desaconselham "experimentalismos", quando se refere, obviamente, às restantes candidaturas e, particularmente, à de Manuel Alegre. Como se ele fosse o único que, alegadamente, domina os grandes dossiês do País, como se fosse o único interlocutor na cena internacional, o único detentor do conhecimento da Economia e Finanças, o único capaz de um diálogo assertivo com o Governo, com a Assembleia da República e, por extensão, com o Povo Português.
Do meu ponto de vista, trata-se de uma cantilena sem sentido, até porque, em última instância, o lugar de Presidente eternizar-se-ia. Qualquer Presidente, em final de mandato, se não estivesse limitado a um máximo de dois consecutivos, argumentaria da mesma forma. Trata-se, portanto, de uma falácia. No caso do candidato Cavaco Silva, face ao seu passado como Primeiro-Ministro e, agora, como Presidente da República, eu diria precisamente ao contrário, que o tempo é de Mudança, é de contrapor a esta subtil (por vezes descarada) engrenagem da direita europeia e nacional, de tudo controlar em benefício dos interesses de núcleos sociais bem identificados, contrapor, repito, na Presidência, alguém que não alinhe na deriva que subjugou e subjuga milhões aos tais interesses. Hoje, há uma absoluta necessidade de um contraponto credível e sensato, que trave a onda, que inspire confiança, que reoriente a agulha desta bússola internacional desorientada. E o Professor Cavaco é, quanto a mim, um fiel intérprete de convicções e de interesses que a maioria do Povo não domina. Esse contraponto pode ser feito, com Manuel Alegre, quando, ainda há dias, sublinhou: "(...) Comigo na Presidência da República, os portugueses terão alguém que defende a cooperação institucional numa base de lealdade, moderação e fidelidade à sua própria interpretação dos sentimentos do País."
E quais são os sentimentos do País? Manuel Alegre, por exemplo, no seu "Contrato Presidencial - Uma Nova Esperança para Portugal", afirma:
"(...) A crise produziu um desequilíbrio fundamental em favor de poderes não legitimados, como os poderes financeiros e especulativos, e em desfavor dos poderes legítimos e soberanos e do mundo do trabalho e da produção. Por isso a resposta à crise não é só económica, é e tem de ser política.
O candidato passivo que deseja ser activo! |
O candidato Cavaco Silva teve cinco anos para provar de que lado estava e acabou por se definir como um Presidente, pela sua cultura política, no mínimo, desatento. Não basta falar de "cooperação estratégica" e, agora, que será "um Presidente activo". Dessa cooperação nada, rigorosamente nada, ressaltou de positivo e quanto ao querer ser, doravante, um presidente activo, posso deduzir que, durante cinco anos foi passivo. Mas esteve atento, alegadamente, por possuir informação privilegiada, nas acções do BPN.
Ilustração: Google Imagens.
6 comentários:
Será que ele alguma vez olhou para a governação de LULA da SILVA?
Era um simples operário, foi Sindicalista e, levou o Brasil à
7ª economia do mundo. Vamos lá ver SR. Silva, não meta os pés pelas mãos.
Caro André Escórcio
Parabéns pela excelente análise que faz.
Num país decente,esta reencarnação salazarenta há muito tempo teria sido despedida!
Faça-se, no entanto justiça:
Salazar foi o facínora que foi,mas, incapaz de alinhar numa reles vigarice em benefício próprio!
(Que lhe sirva de desconto nos muitos pecados de que terá dado contas a Deus.)
Fiquei parvo ( Sou mesmo parvo ) ao ouvir o sr. Silva, candidato à presidência da República vir a terreiro dizer que os dinheiros da U E foram mal aplicados no que concerne à Agricultura.
Quando do seu consulato, esse senhor, fez uma visita à Herdade do Brejão Explorada pelo Sr. Roussel e disse que era um modello a seguir pelos Portugueses. Passados nem dois anos, esse sr. Roussel deu de frosques com muitos milhares de contos e, pasme-se a herdade do Brejão está reduzida a matagal. Os empregados todos no olho da rua. Com que lata vem agora mandar recados e afugentar os pardais do espantalho? Será que realmente raras vezes se engana? Esqueceu-se das palavras proferidas então ? Faz dos Portugueses palermas? Pobre povo a que estás obrigado...
Obrigado pela simpatia do seu comentário.
De facto, julgo que esta história dos "experimentalismos" deveria servir para a população, mesmo a que nutre simpatia por ele, interrogar-se, trazendo à memória o que um dia disse... que raramente se enganava! O cruzamento das duas declarações colocam o candidato em uma deplorável e condenável autosuficiência política.
A Presidência da República dispensa, certamente, os infalíveis. Ele nem teve em consideração que, seguindo à letra, há cinco anos, também entrou em Belém para realizar a primeira "experiência" do lugar.
Sr.Pica-Miolos
Até fiquei arrepiado por trazer para aqui aquele fulano de má memória; no entanto, terei de dar-lhe razão.
Ao menos, o ditador não escondia o que era!
Este Cavaco, supra-sumo da "sabedoria"...só sabe o que lhe convém, e quer aldrabar a gente, fazendo-se passar por aquilo que não é...nem nunca foi!
Os senhores do PPD andam muito aflitos a querer que a gente vote no homem que lhes tem aparado o jogo. Veja-se os Vira-Casacas de Machico a pressionar os compadres,também do Caniçal,para lhes fazerem o frete.
Ah! Compadres! Comigo não vão longe!
Já me chateei de ser tratado como um estúpido sem entendimento.
Desta vez,quem manda em mim...sou eu!
Obrigado pelos vossos comentários (Espaço do João e Vilhão Burro).
As vossas reflexões constituem uma ajuda nesta luta que é de todos.
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