Adsense

sábado, 29 de janeiro de 2011

O PROBLEMA DAS LONGAS LIDERANÇAS


Na Tunísia, país liderado pelo ditador Ben Ali, durante 23 anos, o líder "sucumbiu" à vaga de manifestações da população. No Egito, país de 70 milhões de habitantes, liderado por Hosni Mubarak, há 30 anos, o povo também veio para a rua e de forma muito violenta. Povos, com um traço comum, fartos de homens ditos providenciais e ditatoriais...

São, naturalmente, situações diferentes. Não podemos transportar a realidade egípicia, tunisina ou turca para a Europa e, particularmente, para Portugal ou, no plano regional, para a Madeira. Não domino um conjunto de variáveis de tal processo e, por isso, abstenho-me de ir longe nesta matéria. Mas há aqui um traço comum, isto é, processos longos de governação acabam por desencadear revoltas, por vezes, repentinas. Inesperadamente, pelo menos para os que não acompanham o dia-a-dia da política internacional, na Turquia, depois, na Tunísia, e agora no Egito, a população veio para a rua e com evidente violência. Na Tunísia, país liderado pelo ditador Ben Ali, durante 23 anos, o líder "sucumbiu" à vaga de manifestações da população. No Egito, país de 70 milhões de habitantes, liderado por Hosni Mubarak, há 30 anos, o povo também saltou para a rua e de forma muito violenta. Povos (à excepção da Turquia), com um traço comum, fartos de homens ditos providenciais e ditatoriais, homens de mão-de-ferro, políticos que espezinham para se manterem no poder.
É, por isso mesmo, por esse traço comum que as longas lideranças desencadeiam, que, um dia, as pessoas, cansadas de tanta pressão, de tanto controlo efectivo ou dissimulado, dizem basta, invadem as ruas e colocam os políticos a léguas de distância. São exemplos que a História não pára de nos oferecer. Mesmo na Turquia, por razões diversas, as manifestações de estudantes em Ancara e em Istambul contra o governo conservador de Recep Tayyip Erdogan, puseram a nu o desemprego e as carências sociais mais primárias. Há aqui, genericamente, um quadro que merece aturada reflexão. 
O povo, muitas vezes parecendo sereno, "fiel" a determinadas condutas políticas, de um momento para o outro enche, passa à acção e leva tudo à sua frente. Sinceramente, não sei quando esses ambientes contagiarão outras paragens, mas um olhar para o que se está a passar um pouco por aí fora, seria prudente. Não desejo a instabilidade e o confronto, antes prefiro as mudanças serenas, democráticas e com elevação. Mas também sei, porque está aos olhos de todos, repito, que longas lideranças acabam em tragédia. O Povo tem o dever de evitá-la.

6 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

O poder é uma droga dura para a qual ainda não foi encontrada cura. E estou mesmo convencido de que tal nunca acontecerá.
Todo o prolongamento do poder conduz inexoravelmente à ditadura. E não nos podemos deixar enganar pelos eufemismos e mentiras que os ditadores usam para a disfarçar.
Fugindo ao tema, os exemplos que refere parecem ser indícios perturbantes de que o fundamentalismo islâmico está a tomar o poder no Médio Oriente. Tudo parece indicar que a Turquia e a Jordânis estejam a seguir. E o regozijo dos cérigos iranianos pelo que se está a passar é um claro aviso para todos nós.
Temo que se aproximam tempos muito difíceis.

Africa Socialista disse...

Quando será que a Internacional Socialista expulsa o partido do sr. Mubarak? Será que vamos ter de esperar até ao dia em que ele caia e fuja do país, como aconteceu com a expulsão do partido do sr. Ben Ali? Talvez Mário Soares, um dos presidentes honorários da agremiação, nos possa esclarecer…

André Escórcio disse...

Obrigado pelos vossos comentários.
Absolutamente de acordo com o o Caríssimo Fernando Vouga.
Ao comentário "África Socialista", concordando, questiono, do mesmo modo, quando é que alguém olha por uma região da Europa com 36 anos de poder absoluto? No essencial foi isso que eu quis transmitir.

Africa Socialista disse...

Há a diferença da legitimidade democrática dada pelas eleições livres...
Não misture alhos com bugalhos.
Fica-lhe mal a si e à "sua" Internacional Socialista.
Já agora podia juntar o socialista bolivariano. Que se safa porque tem o dinheiro do petróleo...

André Escórcio disse...

O que quer dizer, certamente, é que há ditaduras legitimadas pelo voto. É isso, não é. Talvez seja.

Pica-Miolos II disse...

Senhor Professor
O bronco do Hitler também foi eleito,não foi!?!
Então porque é que o Alberto João Jardim não o pode ser!?!
Eles até têm tiques semelhantes...