Há aqui uma "avalancha" condenatória relativamente aos seus comportamentos políticos, de ontem e de hoje, onde emerge, por exemplo, a recente aprovação do Orçamento de Estado, que permitirá ao governo "roubar" aos portugueses os 13º e 14º meses, gerando um rombo na carteira das famílias. Essa condenação não pode, do meu ponto de vista, ignorar que ele é o Presidente da República, o mais alto magistrado da Nação e o Chefe Supremo das Forças Armadas. O Presidente não está imune à crítica, mas tem de haver cuidado. A atitude de confronto, totalmente desrespeitoso, sublinho, poderá contribuir para uma deplorável imagem do País no exterior.
Já aqui o disse e repito que não nutro simpatia pela figura política do Doutor Aníbal Cavaco Silva. Tenho presente os dez anos enquanto primeiro-ministro e presente tenho o seu desempenho na Presidência da República. Todavia, foi eleito, o povo assim quis, portanto, resta-me aceitá-lo e respeitar a instituição e quem a representa. É claro que me parece demasiado evidente que o Doutor Cavaco Silva tem pouco jeito para as altas funções que desempenha. Aliás, há dias, entrou na minha caixa de correio electrónico um extenso powerpoint com toda a sua vidinha política, desde 1980 (Ministro das Finanças e do Plano), passando pelo período em que foi líder do governo (dez anos consecutivos, oito com maioria absoluta) até ao actual momento. Toda a sua história política contada ao pormenor. Com um pequeno interregno, o Presidente anda na política há mais de três décadas. Conclui-se desse excelente avivar de memória que se hoje estamos em uma situação complexa, tal fica a dever-se e muito a um significativo atraso estrutural não resolvido no período crucial, nos anos 80, pela estabilidade governativa que dispôs. Foi a época dos milhões a entrarem diariamente no País, provenientes dessa então magnânima Europa, mas que Cavaco não soube aproveitar a oportunidade. Pelo contrário, foram anos consecutivos de abandono de todo o nosso tecido produtido e de reduzida preocupação pelo sector educativo. Se, então, tivesse havido engenho, certamente que o País estaria agora muito mais capacitado para enfrentar esta gigantesca crise. Já reli essa mensagem para melhor situar-me no tempo e a verdade é que fico perplexo quando, hoje, o oiço em contraponto com o que ele politicamente foi. E ainda há comentadores e políticos que o defendem!
Apesar disso, da sua história política, ele é o Presidente da República. E se o País não lhe dedica respeito, mesmo que desespere por novas eleições, pergunto, em quem confiar? A sua falta de jeito político conduziu-o àquela infeliz declaração sobre o seu pecúlio mensal. Mas daí à vaia quando chegou a Guimarães, a todo o material disponibilizado no youtube, canções, rábulas, etc., à petição com milhares de assinaturas solicitando a sua demissão, às posições assumidas pela generalidade dos comentadores, até às centenas de mensagens que invadiram a sua página no facebook, penso que o povo está a incorrer em uma situação muito pouco agradável para a imagem do País. Há aqui uma "avalancha" condenatória relativamente aos seus comportamentos políticos, de ontem e de hoje, onde emerge, por exemplo, a recente aprovação do Orçamento de Estado, que permitirá ao governo "roubar" aos portugueses os 13º e 14º meses, gerando um rombo na carteira das famílias. Essa condenação não pode, do meu ponto de vista, ignorar que ele é o Presidente da República, o mais alto magistrado da Nação e o Chefe Supremo das Forças Armadas. O Presidente não está imune à crítica, mas tem de haver cuidado. A atitude de confronto, totalmente desrespeitoso, sublinho, poderá contribuir para uma deplorável imagem do País no exterior. Critique-se o governo PSD/CDS, aquele que está a mergulhar o País na pobreza e que se tenha algum cuidado com a instituição presidência da república. Porque ele é aquilo que se vê!
Depois de tudo o que já aconteceu, nada me espanta que, em uma próxima visita, aqui ou ali, o Presidente seja novamente vaiado. E aqui perguntar-se-á, afinal, o que nos resta, se nem o Presidente da República merece respeito, no mínimo, institucional? Estou à vontade porque nele não votei e porque sempre o considerei uma figura política cinzenta e sem interesse. Mas custa-me aceitar, enquanto português, que nem o Presidente escapa a uma certa proteção. Disse uma monumental calinada que ofendeu os que menos têm, deveria ter pensado antes de falar, como deve pensar e agir de uma forma estruturada em todos os domínios. E muitas vezes não o faz. Foge às questões e quando fala, por vezes, apetece pedir para que explique! Parece-me óbvio que a sua figura e trabalho político não potencia a consideração e o respeito, mas é o Presidente da República. Temos de o digerir nos próximos quatro anos. Exige-se, por isso, um certo cuidado na crítica para que a instituição não mergulhe no total abandalhamento e desprestígio.
Ilustração: Google Imagens.
7 comentários:
Esta sua "defesa" corre o risco de ser percepcionada como tendo a mesma motivação que fez o sr. Jardim afirmar que eram "manobras mafiosas"! Suponho que consegue perceber o que é que os 3, e mais no caso da Madeira, têm em comum...
Obrigado pelo seu comentário.
Sei que o meu texto é contra a corrente. Com AJJ a situação é muito diferente. Aliás, se bem reparou, mais de 80% do meu texto é de apreciação negativa relativamente do Presidente da República. Logo eu que não simpatizo com tal figura política... e que fiz campanha contra a sua eleição e reeleição.
Mas, convenhamos, tem de haver um certo cuidado. A crítica sim, mas com algum cuidado. Acho que há um exagero face à imagem do País. A questão é simplesmente essa.
No plano meramente teórico, se ele resolvesse ir embora, creia que apoiaria, sem reservas. Para que conste, nem era preciso dizer, votei Manuel Alegre.
Caro André Escórcio
Eu também não votei Cavaco. Preferi votar no candidato madeirense como forma de mostrar o meu desagrado com a política.
Quanto ao actual PR, ele está simplesmente a ser vítima de si próprio. Não se pode viver eternamente nas meias tintas. A imagem que nos transmite é a de um homem titubeante que está demasiado preocupado consigo próprio. Penso que será o português mais detestado da nossa História, depois do conde Andeiro e do Miguel de Vasconcelos.
Caro André Escórcio
Lamento,mas desta vez não concordo com as suas preocupadas cautelas.
Sendo certo que "o hábito não faz o monge", o monge tem por dever dignificar o hábito.
Ora,quem não se dá ao respeito, não pode, nem deve, ser respeitado. Assim,antes de todos os demais,é o ocupante do Cargo quem deve ter, por principal preocupação, o máximo respeito pela incumbência a que,conscientemente, se propôs e aceitou exercer.
Se o não faz,ou não o sabe fazer,um pingo de decência obrigá-lo-ia à renúncia.
Porque Decência é conceito que,comprovadamente,lhe tem sido alheio, INDECENTE será o Povo que compactue com um formalismo falho de substância.
Ao contrário do meu Caro Amigo,entendo que,mesmo internacionalmente,os Portugueses,e Portugal, serão objecto de merecida consideração,pelo facto de recusarem ser representados por um "sapateiro" que,sistematicamente,tem ido além da sovela.
Pena tenho eu,que,idêntico sentimento,de imensa e justa repulsa, não ocorra,relativamente ao descalabro democrático que, nesta nossa terra, campeia há tantos anos.
Um abraço.
Obrigado pelos vossos comentários.
Não retiro uma vírgula.
Considerem que é o meu lado de tolerância a falar mais alto. O lado da tolerância em conjugação com a imagem de um País que, de degradação em degradação perde as suas referências.
Vou mais longe, quando ele fala consegue-me tirar do sério, pelas suas "meias tintas" e porque, de fato "não dignifica o hábito".
Deveria renunciar... vou mais longe, não deveria ter iniciado o segundo mandato. Nem o primeiro!
Bom, mas é ele o Presidente. Não gosto, mas entendo que há um limite. Aquilo que tenho assistido na NET é pavoroso.
Um abraço.
Senhor Professor
Citando Elias Blanco,sempre lhe direi que: "Um homem instruído não é,necessariamente,educado."
Cavaco Silva será(?)instruído,mas Educado...vou ali e já venho!
Na verdade,um bock bem vestido e aperaltado...não deixa de ser BOCK!
Não há tolerância que tolere!
Certo.
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