O que aconteceu é que nenhum dos princípios do desenvolvimento foram considerados, o que conduziu, de forma acéfala e, digo mesmo, ignorante, à estrutura de uma política desportiva como se a Região não fosse pobre, dependente, social e culturalmente assimétrica e com necessidades primárias por resolver. Neste pressuposto, obviamente, que seria uma questão de tempo e o "edifício" implodiria através das cargas que os seus mentores, inconscientemente, se encarregaram de colocar. Todos são culpados por este colapso. Desde logo o UI que é o avalista desta política.
Lembro-me de, repetidamente, desde há muitos anos, dizer que o desporto, quanto muito, pode ser considerado a primeira das segundas necessidades. Não o disse por mera convicção. Assumi na decorrência de muitos autores que li, que se debruçaram sobre esta matéria, bem como a respectiva compaginação com a teoria da "pirâmide das necessidades" de A. Maslow: em primeiro lugar estão as necessidades básicas, depois, as de segurança, às quais se seguem as sociais, as de autoestima e, finalmente, as de autorealização.
Ora, todo sistema desportivo (e não só) deveria ter sido pensado e organizado tendo por base essa hierarquia, conjugada com as limitações da Região a todos os níveis. É óbvio para qualquer estratego do desenvolvimento que há, entre outros, três princípios que devem ser respeitados: o da "prioridade estrutural", o da "transformação graduada" e o da "autosustentação". O que aconteceu é que nenhum (entre outros, repito) destes princípios foi considerado, o que conduziu, de forma acéfala e, digo mesmo, ignorante, à implementação de uma estrutura de política desportiva como se a Região não fosse pobre, dependente, social e culturalmente assimétrica e com necessidades primárias por resolver. Ao não serem considerados estes pressupostos, obviamente que seria uma questão de tempo e o "edifício" implodiria através das cargas que os seus mentores, inconscientemente, se encarregaram de colocar.

Ora, quando se fala da possibilidade de extinção do IDRAM, por um lado, considero que tal afigura-se-me absolutamente natural e necessário. Aquela casa, nos últimos vinte anos, perdeu o sentido da política desportiva e transformou-se numa caixa de correio que recebe ofícios e emite cheques. Como não há dinheiro, deixou de justificar-se; por outro, sinto pavor, porque há dezenas e dezenas de trabalhadores e técnicos que correm o risco de perda do seu posto de trabalho ou, no caso de muitos técnicos, o regresso aos estabelecimentos de ensino a que pertencem, poderá implicar a saída dos docentes que ocupam os seus lugares. Trata-se de uma situação terrível para muitos, nos planos pessoal e familiar. Imagino.

Ilustração: Google Imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário