O povo é que é ingrato perante tanto sacrifício e doação públicos, os partidos é que não o compreendem, os políticos rascas é que almejam o poder pelo poder, enfim, é triste, pensará, chegar quase aos setenta e sentir que gente há cheia de inveja e que o considera uma “estrela” (de)cadente. Que injustiça, dirá!
Bem desconfiava que aquela histórica obsessão pela Maçonaria escondia qualquer coisa, porventura algum resquício de má consciência. É que ele tanto dela falou que acabou por deixar o rabinho de fora. Ao jeito de uma sociedade secreta, anda por aí, a todo o gás, em visita à sua gente, para explicar o plano de reajustamento financeiro. Ignora, desta forma, a Assembleia Legislativa, os eleitos do povo, a própria maioria que o sustenta, deles fazendo gato-sapato, bonequinhos de estimação ou bibelôs que enfeitam esta sui generis democracia. E lá vai, ao som dos acordes do Estado Novo, “cantando e rindo, levados, levados (…)” e de que maneira, digo eu!
Era o que faltava, admitirá, ser culpado da situação, logo ele que se apresenta como defensor do povo, falando no singular, ele que escondeu a dívida para bem desse povo, ele que tanto tem ajudado ao crescimento da “fundação”, ele que possibilitou a multiplicação dos pães de muita gente, ele o incansável lutador e omnipresente em placas por todo o sítio, ele que não pára entre Bruxelas e Madeira, ele que dispara e “mata” todos os que se atravessam no caminho, ele que combate o “partido da comunicação social” enquanto conjunto de inimigos do progresso, ele que não tem rigorosamente nada a ver com mais de oito mil milhões de dívidas se integrarmos as parcerias público-privadas, repito, admitirá, era o que faltava ser o culpado pelo desastre económico, financeiro, social e cultural.
O povo é que é ingrato perante tanto sacrifício e doação públicos, os partidos é que não o compreendem, os políticos rascas é que almejam o poder pelo poder, enfim, é triste, pensará, chegar quase aos setenta e sentir que gente há cheia de inveja e que o considera uma “estrela” (de)cadente. O presidente do Iémen, Ali Abdullah Saleh, de 69 anos, esse, há dias, abandonou o país pedindo perdão pelos erros que cometeu nos 33 anos de poder. Que injustiça, dirá!
NOTA:
Artigo de opinião, da minha autoria, publicado na edição de hoje do DN-Madeira.
Ilustração: Google Imagens.
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