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sábado, 7 de janeiro de 2012

A EMERGÊNCIA DE UMA ALTERNATIVA


Olho para a situação com uma preocupação acrescida. Não sei se o governo da República tem a exata noção do que se está a passar e dos constrangimentos que vão ser impostos. Não sei, na esteira do que o Primeiro-Ministro em tempos disse, que aos madeirenses competiria resolver a situação (alusão clara ao afastamento do Dr. Jardim e do PSD), se este extremar de posições se enquadra nessa lógica de falta de confiança político-partidária. Não sei se o Governo da República tem algum Plano B para o caso de bancarrota e de convulsão social. Persistem as dúvidas.


Estamos, ainda, no dia 7 de Janeiro e a aflição cresce de uma forma descontrolada. Todos os dias a população está a ser confrontada com dívidas e mais dívidas por pagar e com a claríssima falta de liquidez do governo da Região. O prazo médio, atenção, MÉDIO, de pagamento das facturas está agora em 335 dias; segunda-feira próxima as farmácias passarão a disponibilizar os medicamentos pelo valor real (não deduzirão as comparticipações); as comparticipações nas consultas e exames complementares estão suspensas; os transportes públicos sofrerão aumentos que chegam a atingir os 50%; os hospitais debatem-se com falta de material; as escolas não têm dinheiro para pagar dívidas anteriores e para os seus projectos educativos; o associativismo está em falência. Isto para não falar de tudo o resto, desde os empresários até ao desemprego. Tenho vindo a escrever, como desabafo, que o momento é terrível, preocupante e que necessita, urgentemente, de uma solução. Cada dia que se passa, para a população mais frágil, as crianças e os idosos, mas também para os que procuram e não encontram emprego, a situação agrava-se de tal forma que, parece-me óbvio, que a instabilidade social, eu diria, a explosão social está cada vez mais próxima. A maioria das pessoas não vai aguentar a pressão a que vão estar sujeitas, por maiores que sejam os apelos à serenidade e por melhores que sejam os serviços de apoio à solidariedade social. Até Câmara de Lobos já quer uma extensão da "sopa do Cardoso"! Significativo.
Significativo, também, o siêncio dos governantes, a atitude politicamente murcha em contraste com outros momentos de peito cheio. O vice concedeu uma entrevista ao Diário face à qual ficámos na mesma. Li-a e conclui que não tem qualquer plano sustentável para, paulatinamente, a Região sair da severa crise gerada por culpas próprias; o presidente, passadas umas horas, na RTP-M, foi um desastre em termos de equacionamento das situações e respectivas soluções. A Madeira está, assim, entregue a pessoas com as mãos cheias de nada, vítimas das suas próprias megalomanias, pessoas que estoiraram, completamente, com o tecido empresarial, políticos que geraram um monstro de dívidas e que se sentem metidas em um labirinto do qual não sabem nem conseguem sair. Todas as saídas que procuram acabam bloqueadas, pelo que regressam à estaca zero.  
Olho para a situação com uma preocupação acrescida. Não sei se o governo da República tem a exata noção do que se está a passar e dos constrangimentos que vão ser impostos. Não sei, na esteira do que o Primeiro-Ministro em tempos disse, que aos madeirenses competiria resolver a situação (alusão clara ao afastamento do Dr. Jardim e do PSD), se este extremar de posições se enquadra nessa lógica de falta de confiança político-partidária. Não sei se o Governo da República tem algum Plano B para o caso de bancarrota e de convulsão social. Persistem as dúvidas. De uma coisa continuo convicto: é que esta gente tem de sair, embora, legitimamente (Deus sabe como), tivessem ganhado as eleições legislativas. Não me parece que haja volta a dar a este situação, quando o Dr. Jardim está politicamente perdido, desnorteado e sem qualquer solidariedade no plano nacional. Neste aspecto, é muito louvável a iniciativa do Grupo Parlamentar do PS ao solicitar um encontro com o Ministro das Finanças, acompanhado de um plano alternativo de correção das contas públicas e de uma concomitante agenda para o crescimento económico. Aguardemos, embora cada dia que se passe já pareça uma eternidade!
NOTA:
Por convite, participei, esta manhã, em um encontro partidário onde foi explanada a verdadeira situação económica e financeira da Região, as continhas ao cêntimo, incluindo as parcerias público-privadas. Embora conhecendo, em traços gerais, a situação, fiquei ATERRADO. Se não houver mão nisto... vai dar para o torto.
Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

Vilhão Burro disse...

Senhor Professor
Concordo com tudo o que escreveu,menos numa coisa:"(...)embora,legitimamente,tivessem ganhado as eleições(...)".
Que eu saiba a Oposição,no seu conjunto,obteve 52% dos votos expressos,e o PPD (Partido Para o Desgoverno,ou,Partido Para a Desgraça)48%...
Claro está que o Método de Hondt até ajuda quem não deve,mas,o que é Formal nem sempre é Legítimo. Muito menos "(Deus sabe como)" as coisas são cozinhadas...como, também,as Formais Promessas,após a conquista do Poder,são multiplicadas por -1,e,consequentemente,toda a Legitimidade é retirada àquele enganador e espúrio Poder.
Espero que me desculpe por este meu fraco entendimento.