Havendo tanto para analisar no plano político, não bastasse o momento dramático que estamos a viver, situar os problemas no quadro do partido que nunca foi poder parece-me completamente desadequado. Quando se critica a oposição, massacrando-a e dividindo-a, mais estão os madeirenses a entregar de bandeja ao PSD a manutenção do poder que dizem combater.
Todos temos direito de exprimir as nossas convicções e posicionamentos, sejam políticos ou outros. É assim que se vivencia a democracia e, naturalmente, os direitos de cidadania. Não estamos no tempo do toma lá e cala-te! Daí que a análise e a crítica constituam o fermento das sociedades livres que pugnam pelas mudanças que potenciam o desenvolvimento. Só que a crítica e a análise para serem respeitadas e promotoras de qualquer coisa que acrescente, têm de ser oportunas, substantivas e direccionadas no sentido do ótimo social. Por isso, quero lá saber, no actual contexto político, por exemplo, do D. Afonso Henriques ou de D. Sebastião! Não me interessa e deixo isso para os historiadores. Gosto de conhecer a História, para compreender o presente e projectar o futuro, mas no quadro das análises do presente deixo-a arrumadinha na prateleira das memórias. Aliás, porque conhecendo-a, questiono se vale a pena a ela retornar.
Ora, na Madeira, havendo tanto para analisar no plano político, não bastasse o momento dramático que estamos a viver, situar os problemas no quadro do partido que nunca foi poder parece-me completamente desadequado. Quando se critica a oposição, massacrando-a e dividindo-a, mais estão os madeirenses a entregar de bandeja ao PSD a manutenção do poder que dizem combater. É evidente que os partidos da oposição não são imaculados, é evidente que necessitam de análise, de crítica, de alusão às suas fragilidades, mas entre a análise e a atitude tendencialmente destrutiva existe uma diferença substancial. E digo isto, fundamentalmente, porque entendo que a oposição é mais vítima da engrenagem construída ao longo de 35 anos, do que culpada pela situação a que se chegou na Região. E não entendo, por isso, como é que não se encontram motivos bastantes para quebrar quem nos inferniza há dez legislaturas, preferindo, alguns, bater naqueles que, ainda assim, lutam por manter a esperança de um novo ciclo político na Região. Não entendo!
O que hoje li deixou-me triste. Não podemos viver de saudosismos, quando o que está em causa, hoje, é tão complexo e exigente no que concerne a uma uma aternativa de poder. É que não estão aqui em causa quatro ou oito anos de poder social-democrata, mas trinta e cinco anos consecutivos. Um facto que nos obriga a ter a noção da conjugação de esforços, mesmo que muitas situações nos deixem tristes e ou magoados. Em linguagem vulgar, eu diria que é preciso saber "engolir em seco", quando outros valores e outros objectivos estão em causa.
Apenas um desabafo, até porque senti-me profundamente atingido. E quem não se sente...
Ilustração: Google Imagens.
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