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quinta-feira, 12 de abril de 2012

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME


Há fome, há gente, muita gente que precisa e daí que, o BACF, através do apoio direto às instituições, constitua uma inquestionável valia no quadro do apoio social. Portanto, o Banco que venha depressa porque a fome não pode esperar. O que me deixa perplexo é o facto da presidência do BACF na Madeira seja entregue à Drª Fátima Aveiro, ex-Diretora do Centro de Segurança Social da Madeira. Oxalá esteja eu errado, mas parece-me existir aqui uma "conquista" do PSD de uma instituição que, na sua génese, não pode ser controlada, direta ou indiretamente, pelo poder político. Nesta terra ninguém pode ser responsável pela Segurança Social se não tiver a benção da tutela governativa. Por isso, a Drª Fátima Aveiro, sobre a qual não tenho e não faço qualquer juizo de valor, a verdade é que serviu, politicamente, o governo regional. E sendo assim, preferia eu, que a instituição estivesse nas mãos de um grupo de cidadãos e liderada por um deles sem ligações ao exercício da política ou ligações à Igreja.

Pela sua importância fico feliz com a criação, na Madeira, do Banco Alimentar Contra a Fome. Tenho presente as lutas do PS e do PCP na Assembleia Legislativa da Madeira, as propostas repetidamente apresentadas e os sistemáticos chumbos pelo PSD. Também tenho presente a reunião que eu e o Dr. Bernardo Martins, que foi Presidente da 5ª Comissão Especializada em Assuntos Sociais e Saúde da Assembleia, tivemos em Lisboa com a Drª Isabel Jonet, Presidente da Federação Nacional do Banco Alimentar, a fim de percebermos melhor os princípios, a sua estrutura e funcionamento. E tenho presente, ainda, as suas firmes palavras que o BACF é uma instituição completamente distante do poder político e da Igreja.
Foi, portanto, com muito entusiasmo que tomei conhecimento que um GRUPO DE CIDADÃOS, depois de várias goradas tentativas, tinha tomado a iniciativa de avançar com o processo de extensão à Madeira do Banco Alimentar. E que nesse processo já trabalhavam há muitos meses. Na altura e muito bem, a propósito do súbito interesse do grupo parlamentar do PSD, através das Deputadas Nivalda Gonçalves e Rafaela Fernandes, constatei a reação de algumas figuras da sociedade madeirense que se insurgiram contra essa clara tentativa do PSD demonstrar interesse no seu controlo. Isto é, uma vez que o processo parecia irreversível, então, digo eu, terão pensado, toca a apanhar a onda colando-se ao grupo.
Não me preocupa o facto do PSD ter mudado de opinião. Neste caso, ainda bem. Há fome, há gente, muita gente que precisa e daí que, o BACF, através do apoio direto às instituições, constitua uma inquestionável valia no quadro do apoio social. Portanto, o Banco que venha depressa porque a fome não pode esperar. O que me deixa perplexo é o facto da presidência do BACF na Madeira, segundo a edição de hoje do DN, seja entregue à Drª Fátima Aveiro, ex-Diretora do Centro de Segurança Social da Madeira. Oxalá esteja eu errado, mas parece-me existir aqui uma "conquista" do PSD de uma instituição que, na sua génese, não pode ser controlada, direta ou indiretamente, pelo poder político. Aliás, nesta terra ninguém pode ser responsável pela Segurança Social se não tiver a benção da tutela governativa. Por isso, a Drª Fátima Aveiro, sobre a qual não tenho e não faço qualquer juizo de valor, a verdade é que serviu, politicamente, o governo regional. E sendo assim, preferia eu, que a instituição estivesse nas mãos de um grupo de cidadãos e liderada por um deles sem ligações ao exercício da política ou ligações à Igreja. Imagine-se, por exemplo, que o líder do PCP na Madeira, Dr. Edgar Silva, que bastas vezes levou o assunto do Banco Alimentar à Assembleia, tinha deixado a coordenação do seu partido. Será que, sendo ele um profundo conhecedor da situação social da Região, seria aceite para a presidência do Banco Alimentar? Não tenho qualquer dúvida que não. Ora, não basta ser honesto, ter-se-á de parecer, e neste caso parecem-me existir muitas sombras. 
Repito, que o BACF entre, rapidamente, em funcionamento pleno. Há uma imperiosa necessidade que urge colmatar. Seja lá com quem for na presidência, mas preferia, enquanto cidadão, que as situações não fossem misturadas. Porém, os sinais indicam o contrário, quando há tantos voluntários e de qualidade, socialmente reconhecidos, sem qualquer proximidade aos poderes político e religioso. Preferia um desses.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
O Banco Alimentar é uma Instituição (...) "sem ligações ao exercício da política ou ligações à Igreja."
Esta declaração de princípios não colhe,e,dificilmente floresce,numa Região onde tudo o que mexe é invadido pela maioritária tutela político- partidária, portadora de uma "credora" visão assistencialista.
A verdadeira Caridade (leia-se Generosidade/Solidariedade)é isenta e desinteressada.
Nem a propalada "caridade cristã" se enquadra naquele postulado. Só o ateu a pratica; nada cobra a Deus ou à "vida eterna".

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Concordo. Foi precisamente nesse sentido que manifestei a minha opinião.
Nada tenho contra a Senhora e, pelo facto de ter exercido uma função política, tal não significa que lhe seja bloqueado o futuro. Todavia, sendo o BACF orientado por um princípio de separação aos poderes em causa (e bem)e no pressuposto do voluntariado, no mínimo, não deixa de ser estranha esta nomeação. Nesta Região, tudo o que mexe tem de ter a marca política da maioria! Infelizmente. Mas penso que está a chegar ao fim...