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domingo, 10 de junho de 2012

DIA DE PORTUGAL


Hoje é dia de Portugal. Sinto este dia pelo País a que me orgulho de pertencer e sinto-o, sobretudo, pelas incompreendidas comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. Gente que teve de sair porque o seu país não lhe garantiu o mínimo aceitável para viver com dignidade. Gente que vive lá fora também no meio de muitos sacrifícios, porque el dorado nunca foi e não é para todos. E quando vejo o governo português, desde o primeiro-ministro ao ministro Relvas, com declarações incentivadoras da emigração, apetece-me dizer-lhes na cara e com todas as letras o que revelam ser com atitudes daquela natureza.

Presenciei o primeiro dia do "Festival do Atlântico". Gostei do fogo-de-artifício, da sequência, algum mesmo inovador e espectacular. Pela proximidade, dei uma volta pela zona antiga da cidade. Bares e restaurantes, alguns com casa bem composta. Sentei-me num bar e degustei um bebida. Apreciei o ambiente. Nas prateleiras vários símbolos de Portugal marcados pela realização do Euro. A expressão "Força Portugal" está, de resto, um pouco por todo o lado. Entre um gole e outro, para trás tinha ficado o estuporado golo da Alemanha, fui conversando sobre o portuguesismo desta minha terra e das nossas gentes em contraponto com uns sujeitos que por aí andam que, de quando em vez, agitam, de forma provocatória e chantagista, a bandeira da auto-determinação ou mesmo da independência. Vão perguntar aos milhares que estiveram ontem, no Parque de Santa Catarina, a seguir o jogo, o que sentem sobre esta matéria e o que pensam dos papagaios que vão dando uma no cravo outra na ferradura. Seria, estou convencido disso, o desmoronar de uma construção meramente teórica, insustentável e oportunista. Somos portugueses e ponto final! O resto é treta.
O problema tem sido estes políticos que nos têm governado, ininterruptamente, desde há 36 anos. O problema tem residido no desnorte governativo, no controlo da sociedade onde tudo o que mexe tem de ser laranja, o problema tem sido a ausência de uma verdadeira democracia, de uma claríssima inversão das prioridades económicas, financeiras, sociais e culturais. Tudo por causa de um homem obcecado pelo poder, um homem que se nunca governou com discernimento, agora, já não governa, limita-se a dizer umas coisas, a abanar os seus fantasmas perante uma Madeira que "definha", utilizando a palavra por ele dita esta manhã, todavia, relativamente a Portugal. Naturalmente, para ele, o problema é sempre dos outros, nunca ele e do seu governo. 
Ora, hoje é dia de Portugal. Sinto este dia pelo País a que me orgulho de pertencer e sinto-o, sobretudo, pelas incompreendidas comunidades portuguesas espalhadas pelo Mundo. Gente que teve de sair porque o seu país não lhe garantiu o mínimo aceitável para viver com dignidade. Gente que vive lá fora também no meio de muitos sacrifícios, porque el dorado nunca foi e não é para todos. E quando vejo o governo português, desde o primeiro-ministro ao ministro Relvas, com declarações incentivadoras da emigração, apetece-me dizer-lhes na cara e com todas as letras o que revelam ser com atitudes daquela natureza. Ainda, esta manhã, decepcionou-me, uma vez mais, o discurso do Presidente da República. Repetitivo, previsível e sem qualquer ânimo. Já o Professor Sampaio da Nóvoa, deixou uma marca pela profundidade das palavras ditas. Mas os presidentes passam, os governos também, não são eternos, mesmo aqueles que, por razões conhecidas, permanecem por demasiado tempo.
Era eu adolescente e lembro-me de meu pai, no tempo da ditadura, com um ar irónico e sarcástico, sublinhar o que Salazar dizia... que éramos um "país em vias de desenvolvimento". Passaram-se tantos anos e continuamos com a mesma lengalenga. Talvez porque somos um país que, inclusive, permite que um primeiro-ministro venha agradecer e elogiar a tolerância face ao conjunto de maldades que lhe andam a fazer. Talvez!
Ilustração: Google Imagens.

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