E não é porque a RTP-Madeira não disponha de profissionais de excelência. Se a RTP-Madeira, embora numa área distinta, consegue produzir e apresentar um produto, como é o caso do programa "Pedras que Falam", exímio, de uma inquestionável qualidade, a informação diária e a não diária não pode baixar ao nível quase zero. Exige-se uma irrepreensível qualidade, embora reconheça que nem sempre os alinhamentos sejam bem conseguidos, uma vez que dependem de múltiplas variáveis. O que não pode acontecer, ou melhor, não deve acontecer, é o TJ andar a reboque da restante comunicação social escrita e falada, apenas cumprir uma agenda, apresentar peças políticas ao segundo, sem enquadramento e cortadas de faca afiada, declarações políticas a maioria das vezes sem contraponto, entrevistas de estúdio superficiais, eu diria, mal preparadas, não trazer o novo por iniciativa própria e produzir peças face às quais o espectador fica sem perceber o enredo e a finalidade das mesmas.
O telejornal da RTP-Madeira é desesperante. Tenho evitado escrever sobre esta matéria, mas aquilo atingiu um ponto que impõe uma séria reflexão. E se escrevo é pela simples razão de, enquanto espectador, quase religiosamente, àquela hora, sintonizar o canal regional, para acompanhar, em trinta minutos, o mais importante do dia, independentemente dos sectores, áreas e domínios que o alinhamento determine e que aos jornalistas diz respeito. Se os jornais e a rádio são importantes na sua nobre missão de informar, a televisão, porque os textos compaginam-se com a força da imagem, parece-me óbvio que constitui um espaço que não pode ser arquitectado às três pancadas. É demasiado importante para que o verbo "encher" seja conjugado.
E não é porque a RTP-Madeira não disponha de profissionais de excelência. Se a RTP-Madeira, embora numa área distinta, consegue produzir e apresentar um produto, como é o caso do programa "Pedras que Falam", exímio, de uma inquestionável qualidade, a informação diária e a não diária não pode baixar ao nível quase zero. Exige-se uma irrepreensível qualidade, embora reconheça que nem sempre os alinhamentos sejam bem conseguidos, uma vez que dependem de múltiplas variáveis. O que não pode acontecer, ou melhor, não deve acontecer, é o TJ andar a reboque da restante comunicação social escrita e falada, apenas cumprir uma agenda, apresentar peças políticas ao segundo, sem enquadramento e cortadas de faca afiada, declarações políticas a maioria das vezes sem contraponto, entrevistas de estúdio superficiais, eu diria, mal preparadas, não trazer o novo por iniciativa própria e produzir peças face às quais o espectador fica sem perceber o enredo e finalidade das mesmas.
Relativamente a este último aspecto, apenas como exemplo, nos últimos dias, a páginas tantas do TJ, a propósito, julgo eu, da Autonomia, têm surgido uns escassos minutos, de concelho em concelho, onde é dada voz às pessoas, a maioria de idade avançada, sobre o que era a Madeira e o que ela é hoje. De início, com imagens a preto e branco, seguem-se depoimentos e, finalmente, o colorido da apregoada "Madeira Nova". Ora, sendo este um assunto muito sério e profundamente político, económico, social e cultural, não me parece razoável que seja equacionado em brevíssimos minutos. Não vou aqui elencar as múltiplas variáveis que estão em causa, mas uma coisa é certa, não é aceitável, sob o risco de ser interpretado como um branqueamento à política vigente, a divulgação de peças desenquadradas do rigor e independência que se exige.
Aliás, basta partir do princípio que só se pode comparar situações comparáveis. Se não for realizado um esforço nesse sentido, pode-se cair no extremo de comparar a Madeira de hoje com a do Gonçalves Zarco. Há leviandade, naquele contexto, comparar quase meio século de ditadura com o que se seguiu à Revolução de Abril de 1974, passando ao lado da integração europeia, dos fluxos financeiros, da Constituição da República, da concomitante Autonomia das regiões insulares e dos orçamentos de Estado. Todo o país cresceu e as regiões também. O problema, na minha perspectiva, é perceber se esta Autonomia foi ou não bem aproveitada no sentido do bem-estar da população. Se apenas houve crescimento ou se, simultaneamente, assistiu-se a um desenvolvimento sustentável. Se a Região, hoje, tal como ontem, apresenta-se como um fruto "bonito" por fora, mas podre por dentro. Se a degradação social e cultural de ontem tem ou não algum paralelo com os 58.000 sem instrução de hoje (INE), se as cores vivas da pobreza de hoje (que o digam as instituições de solidariedade social) conjugam-se ou não com a pobreza a preto e branco de ontem. E por aí fora...
Ora, mais valia que a RTP-M, após o TJ, com rigor, clareza, profundidade, de forma honesta e isenta, produzisse um espaço de análise à Autonomia. Fá-lo-á, amanhã, segundo tem sido divulgado, durante várias horas. Pois bem, só depois poderei ter uma opinião. Regressando ao princípio, aquilo que tenho seguido no TJ conduz o espectador ao desespero. Melhor seria não produzir peças que deixam um rasto de clara insatisfação e perplexidade, o que me leva a dizer que, face à importância de um serviço público de televisão, toda a informação diária e não diária deva ser repensada. A RTP-Madeira tem de primar pela qualidade. Nego-me a aceitá-la como uma televisão de bairro transmitindo em circuito fechado.
Ilustração: Google Imagens.
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