É fácil governar com muito dinheiro na conta, mais complexo é governar com regras, de acordo com os instrumentos de planeamento, com orçamentos definidos e sempre limitados, quando se sabe que os recursos financeiros são sempre escassos. E entre o querer fazer e o poder fazer, desde o âmbito da família ao da governação, existe uma diferença que deve ser acautelada. Ora, quem nunca soube governar uma região de 265.000 habitantes, como pode ter o atrevimento de dizer-se capaz de governar dez milhões? Ao dizer que "a Madeira tem gente capaz de pôr o país a funcionar", certamente que não está a referir-se à oposição política regional, mas aos do seu partido, a ele próprio, ao seu governo! Que petulância!
"A Madeira tem muita gente capaz de pôr o país a funcionar", disse o presidente do governo regional da Madeira. Não sei se foi da voltinha dada na nova viatura dos bombeiros do aeroporto, a verdade é que a agulheta disparou em mais um espectáculo de palavras ao vento. Ora, quem conduziu a Madeira à falência é o mesmo que se apresenta com capacidade para "apagar o fogo que lavra no país" económico e financeiro. Quem colocou a Madeira numa situação de ruptura, de desemprego e pobreza, qualquer cidadão questiona-se, se o dito pode ter alguma "solução" para o país? Quando nunca o seu próprio partido o quis para liderá-lo, que legitimidade e competência evidencia no seu historial político no sentido de arrogar-se salvador da Pátria? E se essa competência existe, pergunta-se, porque não foi aplicada na Madeira com sucesso?
Tantas vezes tenho sublinhado que é fácil governar com muito dinheiro na conta, mais complexo é governar com regras, de acordo com os instrumentos de planeamento, com orçamentos definidos e sempre limitados, quando se sabe que os recursos financeiros são sempre escassos. E entre o querer fazer e o poder fazer, desde o âmbito da família ao da governação, existe uma diferença que deve ser acautelada. Ora, quem nunca soube governar uma região de 265.000 habitantes, como pode ter o atrevimento de dizer-se capaz de governar dez milhões? Ao dizer que "a Madeira tem gente capaz de pôr o país a funcionar", certamente que não está a referir-se à oposição política regional, mas aos do seu partido, a ele próprio, ao seu governo! Que petulância!
Depois, há aqui um aspecto que é extremamente preocupante. Julgo que é público e notório que neste governo e nestas autarquias da responsabilidade do PSD-M existe um défice de trabalho. Sobretudo ao nível dos responsáveis políticos. Não ao nível daqueles que auferem baixos salários. Hoje, a discussão já não se centra na coisa pública, mas, fundamentalmente, nas lutas partidárias internas. O PSD-M está desconjuntado, é sensível a existência de facções, e só o facto de Jardim dizer que Albuquerque é um político "em fim de carreira" testemunha que muita gente deve passar 80% do seu tempo a pensar como derrubar o adversário interno e como ser assunto diário de comunicação social. E é esta mesma gente que, durante alguns anos, falou dos outros partidos, particularmente do PS, que não se entendiam e que estavam sempre em desavença interna. Agora, completamente partidos, dizem, que é a democracia a funcionar, em outros tempos, agrediram os seus opositores com palavras e actos indecorosos.
O que mais me espanta, ou talvez não, é a existência de pessoas que continuam a dar para este peditório, comparecendo a jantares, do João e de outros, ao invés de assumirem uma verdadeira cultura de cidadania que implica ver a governação de forma distinta àquela paixão pelo Benfica, Sporting, Porto, Marítimo ou Nacional!
Ilustração: DN/Google Imagens.
Depois, há aqui um aspecto que é extremamente preocupante. Julgo que é público e notório que neste governo e nestas autarquias da responsabilidade do PSD-M existe um défice de trabalho. Sobretudo ao nível dos responsáveis políticos. Não ao nível daqueles que auferem baixos salários. Hoje, a discussão já não se centra na coisa pública, mas, fundamentalmente, nas lutas partidárias internas. O PSD-M está desconjuntado, é sensível a existência de facções, e só o facto de Jardim dizer que Albuquerque é um político "em fim de carreira" testemunha que muita gente deve passar 80% do seu tempo a pensar como derrubar o adversário interno e como ser assunto diário de comunicação social. E é esta mesma gente que, durante alguns anos, falou dos outros partidos, particularmente do PS, que não se entendiam e que estavam sempre em desavença interna. Agora, completamente partidos, dizem, que é a democracia a funcionar, em outros tempos, agrediram os seus opositores com palavras e actos indecorosos.
O que mais me espanta, ou talvez não, é a existência de pessoas que continuam a dar para este peditório, comparecendo a jantares, do João e de outros, ao invés de assumirem uma verdadeira cultura de cidadania que implica ver a governação de forma distinta àquela paixão pelo Benfica, Sporting, Porto, Marítimo ou Nacional!
Ilustração: DN/Google Imagens.
3 comentários:
Talvez um acto de contrição dos partidos a não circunscreverem a actividade cívica à militância partidária, necessária sem dúvida, mas não exclusiva. A vida colectiva respira para além dos partidos realidade que, por vezes, parecer ser esquecida.
Obrigado pelo seu comentário.
Apenas substituiria no seu texto: "por vezes", por "muitas vezes".
Caros amigos
Estou farto de dizer que política e governeção são coisas diferentes. Enquanto que a primeira tem a ver com a conquista e manutenção do poder, a outra tem a ver com qa criação e distribuição da riqueza, garantindo aos cidadãos segurança e bem-estar.
O nosso mal é misturar tudo e, por isso, a política intromete-se na administração ao ponto de até os varredores da Câmara serem de nomeação política, passe a hipérbole.
O que há a fazer é separar as águas e reduzir ao mínimo indispensável os cargoa políticos.
Se tal acontecer, as perturbações causadas pelo derrube de governantes não serão tão dramáticas e, por outro lado, o clientelismo será muito mais difícil.
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