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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Falta de espelho ou de memória?


Sinceramente, já é tempo de exercer a política de uma forma mais adulta. Seja com que governo for e seja qual for a sua natureza político-partidária, genericamente, o discurso político tornou-se insuportável. Enquadro nesta caracterização tudo o que possa ser considerado como ausência de espelho ou de falta de memória. Trata-se de uma situação transversal, face à qual, qualquer cidadão, no mínimo, acaba por sentir um claro desconforto. O que ontem era uma verdade incontornável, defendida com unhas e dentes, hoje, é posta no arquivo morto do pensamento. E nós, cidadãos, vamos assistindo a guerras de paróquia, que nada adiantam, e que apenas assentam no desejo de desgastar o adversário político. Bem comum? Mas qual bem comum?



Os exemplos são muitos, desde o discurso político de ontem, particularmente feroz sobre quem legitimamente governava, que hoje se tornou absolutamente dócil, meloso, rastejante, de ideologia vendida aos bocados, embora saibam que o poder é sempre finito; até às situações mais delicadas que ontem, no interior do mesmo partido, foram motivo de desentendimento e queixa e que, hoje, os mesmos argumentos são literalmente esquecidos, apenas porque interessa estrangular quem, também, foi legitimamente eleito.
Guerras sem sentido, sem elegância e sem ponderação, onde sobressai, para quem é espectador, apenas o interesse pelo poder a qualquer preço. Bem comum? Mas qual bem comum?
Há orquestras bem afinadas, na República e na Região, em muitos casos abusivamente reivindicativas, acompanhadas de um coro disciplinado, sem fífias, que toca, canta e repete letras e sons conhecidos, na expectativa que os cidadãos, em uníssono, também sejam levados, inconscientemente, a cantarolá-los. Nem conta dão que essa é a via da descredibilização. Simplesmente porque "os cidadãos não são parvos nem andam a tirar documentos para estúpidos".
Este exercício da política cansa e torna-se desesperante. Não é o interesse pelo desenvolvimento que está em jogo, mas os interesses das teias criadas em redor dos diversos poderes. Bem comum? Mas qual bem comum?
Ilustração: Google Imagens.

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