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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ORÇAMENTO SOMBRA ROMPE COM O JARDINISMO


A hora é de concentração de esforços, de uma atitude política dignificante, a qual não é compaginável com os históricos egoísmos consubstanciados na lógica de que "com inaugurações ganho eleições". A hora é de revisão absoluta da "matéria dada", de cortar onde tem de ser cortado, nas despesas inúteis, no regabofe das obras dispensáveis, na megalomania que manda o Povo se amanhar. A hora é de solidariedade, de mudança de paradigma económico, de potenciar as empresas, de criar postos de trabalho e de combater a pobreza.


O Orçamento Social-Democrata
arde em lume brando,
mas a hora da verdade
está a chegar.
Com o Orçamento de Estado aprovado na generalidade, as atenções recaem, agora, no Orçamento da Região Autónoma da Madeira. Agora é que vamos aquilatar quem está ao lado do Povo e quem dele se serve para fins meramente de conservação do poder. Não há mais espaço para lerias, para rococós, para blá-blá, para discursos balofos que não vão ao cerne da questão. Ou o governo regional apresenta um Plano e Orçamento, digno das circunstâncias, que assuma justíssimas almofadas que atenuem as medidas de austeridade decorrentes do Orçamento de Estado, ou será tido como um governo que não olha a meios para atingir os seus fins. A questão é clara e, ainda anteontem, o DN, num excelente trabalho do Jornalista Luís Calisto, traduziu o pensamento do Partido Socialista da Madeira sobre esta importante questão. Esse trabalho que pode ser lido aqui, constitui, apenas, uma parte das medidas que vão ser apresentadas em sede de debate que ocorrerá entre 14 e 17 de Dezembro próximo. O DIÁRIO titulou de "Orçamento Sombra rompe com o Jardinismo" e, de facto, é isso que está causa. Simplesmente porque, apesar de todos os contratempos e dos gravíssimos erros estratégicos cometidos ao longo de muitos anos, é possível criar condições para que os funcionários públicos não sofram na pele tais medidas, que os pensionistas não vejam a sua vida agravada, que o abono de família seja considerado, enfim, que os mais pobres possam olhar para a vida sem o dramatismo de um buraco onde o governo os quer meter, remetendo todas as responsabilidades para a República.
Oxalá que as nuvens
de desesperança
desapareçam do céu político
da Região.

Nos Açores, onde o PSD é oposição, a sua luta é nesse sentido, acompanhada por outros partidos e pelo próprio governo que já anunciou que terá muito cuidado com o pobre tecido social e empresarial. A hora não é para cantigas em cima do palco, desferindo ataques e fugindo às responsabilidades. A hora é de concentração de esforços, de uma atitude política dignificante, a qual não é compaginável com os históricos egoísmos consubstanciados na lógica de que "com inaugurações ganho eleições". A hora é de revisão absoluta da "matéria dada", de cortar onde tem de ser cortado, nas despesas inúteis, no regabofe das obras dispensáveis, na megalomania que manda o Povo se amanhar. A hora é de solidariedade, de mudança de paradigma económico, de potenciar as empresas, de criar postos de trabalho e de combater a pobreza. O Orçamento Regional tem de mostrar exactamente isto e de que lado o governo está. Se continua do lado dos socialmente fortes ou dos socialmente fracos; do lado do egoísmo ou da abertura aos outros; do lado do desperdício ou do lado da poupança que possibilita acudir onde é necessário. "As pessoas que estão lá em casa", como, repetidamente, ouço nos debates da televisão da Madeira, têm de ficar com a ideia que a responsabilidade não é de lá mas de cá. Por mais voltinhas que dêem ao discurso político. O problema é daqui, porque existe uma AUTONOMIA político-administrativa, existem órgãos de governo próprio e temos a possibilidade de apresentar, debater e implementar um orçamento próprio. A questão é a de saber onde cortar e onde investir, de determinar, com o rigor do cêntimo, a prioridade estrutural, de guiar-se por fiáveis instrumentos e não pelas estrelas! 
Se não sabem, se não conseguem sair do círculo vicioso no qual se enredaram, assumam a sua incapacidade e expliquem-na aos eleitores. O Povo é que não pode sofrer, nem deve sofrer a incapacidade de outros, em quem confiou, gerar o novo, para sair desta situação que se mantém há muito tempo. Porque a crise, por aqui, não é de há dois anos para cá. A crise não resulta da tragédia de 20 de Fevereiro. A crise que levou à pobreza, ao desemprego, à fragilidade do sistema educativo, aos conflitos na área da saúde, aos problemas de tesouraria, tem uma história de muitos anos. É esse quadro que tem de ser analisado para que possa ser redefinida a estrutura do pensamento político para os próximos anos.
NOTA:
Hoje, o meu Amigo e Deputado pelo CDS/PP, Dr. Lino Abreu, fez uma série de "remates", mas todos para fora. Com que então... as propostas do PS para o Orçamento da Região são cópias do que o CDS tem vindo a propor! Meu Caro, com toda a consideração, sabe que isso não é verdade. E pergunto, se é ou não verdade, que esta luta, liderada pelo comum Amigo Dr. Carlos Pereira, vem de há três anos, desde que esta Legislatura começou? Que, em sede de Orçamento, sucessivamente, o PS apresentou mais de 50 propostas de alteração, todas elas chumbadas pelo PSD e algumas pelo CDS? Que, de permeio, de forma sustentável, o Dr. Carlos Pereira tem vindo a apresentar variadíssimos diplomas no sentido de alterar a política económica e fiscal? E quais têm sido os diplomas do CDS nesta matéria?
Eu percebo o desconforto do CDS-PP e a efervescência com o aproximar de eleições regionais. Mas não pode valer tudo. E mais, a questão que se coloca é simplesmente esta: ou o CDS/PP, no respeito pelo seu posicionamento ideológico, rema no sentido de uma afirmação política que coloque em causa o governo social-democrata ou, então, tendencialmente, fechar-se-á na sua redoma, correndo o risco de nem o PSD querer saber de qualquer aliança futura. Aqui não dever haver lugar a equívocos: ou luta pelo mesmo objectivo, isto é, quebrar estes 36 anos de poder absoluto, ou ficará umbicalmente ligado ao poder dominante. Não há outra opção. Com toda a Amizade e respeito, Caro Lino Abreu.
Ilustração: Google imagens e arquivo próprio.

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