Todos os dias repete-se a história. Vejamos alguns títulos de hoje: "ladrões usaram empilhadora..."; "polícia captura assaltante"; "dois indivíduos identificados pela prática de furtos"; "homem detido a roubar combustível"; "pais usam filhos para roubar"; "assaltante foi parar às urgências". Todos os dias, com maior ou menor projecção este é o quadro da Madeira Nova. Correndo ao lado do roubo, a toxicodependência e os actos de violência. As polícias não têm mãos a medir. O tal "Cantinho do Céu" dia-a-dia esfuma-se pelo crescimento da desconfiança e do receio de ser o próximo visado. Não se trata de alarmismo mas de uma constatação. Basta seguir, com alguma atenção, as notícias que vão surgindo ou os trabalhos de reportagem da imprensa diária e fazer um esforço de cruzamento dos dados. Por exemplo, o desabafo que é feito por um habitante do Arco de S. Jorge, sublinha o jornalista do Diário, "com a resignação estampada no rosto": "a vida não dá para todos". E logo a seguir fala-se da necessidade de um combate ao alcoolismo e à pobreza.
Esta é a Madeira real, a Madeira profunda que o poder regional tenta ignorar. São os efeitos visíveis das estratégias políticas teimosamente seguidas nos últimos anos e que estão a gerar consequências dramáticas. Os alertas consubstanciados na regularização das contas públicas, na mudança de paradigma económico, na atenção às pequenas e médias empresas, na necessidade de um investimento muito sério nas pessoas, no domínio da Educação e da qualificação profissional, na limitação da subsidiodependência de todo o associativismo, sobretudo o desportivo, no combate sem tréguas ao consumo de álcool e todas as outras dependências, entre outros, não foram tidos em conta e, hoje, confrontamo-nos com uma população maioritariamente pobre ou em crescentes dificuldades, com um défice ao nível da empregabilidade e da capacidade de responder, eficazmente, aos indisfarçáveis problemas que a Região apresenta. Operacionalizar uma dinâmica diferente e sustentável não constitui tarefa fácil, reconheço. O drama é se o Povo se se deixa aferrolhar na torre de marfim onde querem escondê-lo. Quanto mais tempo passar, pior será a situação. É tempo de mudar de paradigma e, portanto, de novos actores políticos entrarem no palco da administração regional. Sob pena de colapso. Não tenho grandes dúvidas quanto a isso.
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