Facto 1.
Calcula-se que a Madeira tenha 35.000 dependentes de bebidas alcoólicas. Não há registos certos. O que se sabe é que o consumo é excessivo, atinge cerca de 14% de toda a população, e está a aumentar junto dos mais jovens onde se assiste a um elevado número de comas alcoólicos. Li, recentemente, que dos 405 atendimentos no hospital em situação de coma alcoólico, trezentos eram jovens. Pela mão do madeirense Rui Cardoso, trinta pessoas são, diária e pacientemente, acompanhadas na Associação Mão Amiga.
Facto 2.
Ninguém ignora os dramas sociais que por aí andam consequência do consumo excessivo de bebidas alcoólicas. As tascas e bares multiplicam-se por todo o lado sem restrições. A última "moda" é a disputa entre quem faz a melhor poncha. Há pré-adolescentes e adolescentes a frequentar estabelecimentos de diversão nocturna com a tolerância dos proprietários e dos encarregados de educação.
Facto 3.
Ontem, em conversa com um professor, contou-me o problema de um jovem do 2º ciclo do ensino básico. Desde o início do ano escolar anda fechado sobre si próprio, sem resultados, de olhar cavado e para o vazio, em permanente solidão, enfim, um caso que lhe despertou a atenção desde os primeiros dias. Em vários momentos tentou arrancar uma palavra para perceber o contexto. Nada. Até que, há dias, abriu-se e contou ao professor a sua situação: pai alcoólico, graves desavenças em casa e, por isso, não sentia vontade para estudar. Perguntava-me esse Colega: como é que lido com esta situação? Como é que posso ajudar esta criança a reencontrar a motivação e dar-lhe o sentido da importância do estudo para a sua vida futura? Complicado, disse-lhe.
Facto 4.
Como este, existem centenas de casos nas nossas escolas, aos quais se associam outros em consequência de diversos tipos de desestruturação familiar. Centenas devido ao álcool que geram abandono puro e simples e que conduzem, mais tarde ou cedo, à institucionalização das crianças. Complementarmente, o risco do crime.
E quando isto acontece, desde há muitos anos e cada vez de forma mais complexa, não se assiste por parte do governo regional a qualquer política no sentido de travar o consumo, através de campanhas educativas ao nível da família, associadas, também, à punição. Há um silêncio enervante sobre estas matérias quando se sabe que, por incúria, estão a ajudar a corroer os alicerces de uma sociedade saudável.
Entendo a postura do governo: quando, durante anos andou a desvalorizar o problema do consumo de estupefacientes, quando adaptou a Lei do Tabaco tornando o consumo panmis permissivo, é óbvio que o álcool, até pela via dos impostos, implica que assobiem para o lado, como se nada estivesse a acontecer.
Comentário final.
Defendo:
a) Uma campanha (custe o que custar) sensibilizadora no quadro das várias dependências, envolvendo a escola, todo o associativismo e os meios de comunicação social;
b) Definição de políticas de família;
c) Legislação regional condicionadora do consumo.
Uma coisa é certa: ninguém pode continuar a fazer de conta que o problema não existe. Ou será este, também, no caso do drama da criança aqui referenciada, para o Director Regional de Educação, um "folhetim"?
2 comentários:
Senhor Professor
Espetada e vinho seco...muito vinho seco.
É mais fácil obter o voto de um bêbedo alienado que o de um abstémio consciente.
E o voto de um vale tanto como o de outro!
Logo, quanto mais alienados, melhor...
Ah! E viva a Raça, digo, o Povo Superior!
Viva a Festa da Poncha!!! Adoro levar os meus miudos á festa da Pocha é um excelente incentivo para que eles se tornem uns verdadeiros povo superiores
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