Sinto uma revolta pelas ofensas de ontem, no Parlamento, ao Deputado Dr. Carlos Pereira. Muito para além da amizade pessoal e do reconhecimento da sua competência no domínio dos dossiês da economia, considero um nojo e um desprestígio para a Assembleia Legislativa da Madeira, o ataque soez e maldoso de que foi uma vez mais vítima. Uma coisa é debater os assuntos, contrapor, demonstrar que o adversário não tem razão e que há outros caminhos, outra, absolutamente inaudita, é a rasteira, o soco através das palavras e o ódio com acéfalas palmas de fundo. Este tipo de política diz bem da pouca saúde da Democracia na Madeira e evidencia, claramente, a força de um poder que se exerce e que se deseja manter a qualquer custo, embora sem argumentos. Mas evidencia, também, uma outra coisa, é que o Deputado Carlos Pereira sabe do que fala, prepara-se, justifica com números e argumenta com teses e isso, eu compreendo, deixa a maioria, em função dos factos, sem palavras. Daí partirem para a ofensa mesquinha, para o aviltamento das pessoas, para a mentira, sempre numa tentativa de lançar lama sobre o prestígio dos demais, no sentido de degradar a imagem pública. Não é a imagem política que está em causa, mas a imagem pública e, portanto social. Geram, por isso, um "apartheid" social.
Amigo, Carlos Pereira, eu sei o que isso é. Fizeram-me isso durante muitos anos. Inventaram tanto. No fundo são infelizes e eu sou feliz. Quem tem a consciência pesada não sou eu. Como sou professor, no plano imaginário, ando sempre com um apagador na algibeira. Apago o que não me interessa e ficam as coisas boas, a consciência do trabalho produzido e a noção que sempre fui frontal mas nunca espezinhei ninguém. Eu diferencio, tal como o meu Amigo faz, o argumento político relativamente às pessoas. Nunca o vi ser arruaceiro no Parlamento mas já vi umas quantas arruaças contra si. Mas na política como em outros domínios há sempre mais marés que marinheiros. E estes, quanto menos esperarem uma maré levá-los-á para longe. Um abraço solidário.
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