Quatro notas políticas no início deste dia, desenvolvidas no DN-Madeira.
1ª Droga
Estive na Assembleia Legislativa entre 1996/2000. Num período que era sensível o crescimento do consumo de estupefacientes. Basta ler o diário das sessões para trazer à memória a luta dos partidos da oposição, consubstanciada na denúncia de casos e nas propostas no sentido de levar o governo a ter uma posição pró-activa na prevenção primária da toxicodependência e no combate ao consumo e tráfico. Recordo-me da posição do grupo parlamentar do PSD, sempre numa atitude de desvalorização, de chumbo às propostas e até de negação da realidade. Levaram anos a chutar o assunto bem para longe e, hoje, a droga anda por aí, por todos os concelhos e freguesias, semeando a dor nas famílias. Ainda hoje, quando se fala da implementação de uma comunidade terapêutica na Madeira, chumbam as propostas numa atitude de tentar esconder uma situação que é grave, muito grave. E eis que, subitamente, talvez motivados pelo desastre que está a acontecer no Jardim da Serra, como se não fossem os responsáveis políticos pela situação a que se chegou na Madeira, vejo-os numa reunião com o Director da Judiciária, pressupostamente preocupados com a situação a que isto chegou.
Há muita gente na Madeira que não tem memória curta, que se lembra do passado recente, das atitudes assumidas e, portanto, aquela reunião, do meu ponto de vista, apenas pode ser interpretada como um mea culpa embora tardio. Não é a Lei que está em causa e a proposta feita à Assembleia da República mas uma tentativa de dizer à população que o erro não é daqui mas da Lei Nacional e que o PSD está atento. Só que não conseguem enganar com tão mansas palavras!
2º Primeiro-Ministro
Três anos a bater forte e feio no Engº José Sócrates: que exclui a Madeira, que não nos visita para se inteirar das realidades, que garroteou a Região, enfim, dava para umas largas páginas tudo o que tem vindo a ser dito sobre a sua governação e sobre a sua alegada atitude para com a Madeira. Curiosamente, ou talvez não, quando se coloca a hipótese do Primeiro-Ministro visitar a Região, vem a Comissão Política considerar que essa hipótese de visita constitui uma atitude "pouco séria", não se percebendo o que cá vem fazer. Afinal, há ou não dossiês a merecerem estudo e soluções políticas rápidas? Há ou não um tal "contencioso"?
Fica claro que, para o PSD, o problema não é a aproximação de eleições, não são as dificuldades locais mas, pelo contrário, a necessidade de manter sempre qualquer coisa que permita ter um inimigo externo para gerar o conflito, de tal forma que, por aqui, o governo se mantenha em situação de vítima da maioria que governa na República. E o Povo, por via desse discurso, continue a proteger as pressupostas vítimas. Sempre foi assim, porque raio é que agora seria diferente? Não estranho a atitude. Mas a vinda do Primeiro-Ministro poderia ajudar a desmistificar muita coisa (ajudaria, ajudaria...) e isso o PSD rejeita.
3º Terrenos invadidos
Não conheço as particularidades e pouco me interessa. Apenas sei que o governo regional é useiro e vezeiro em expropriar como quer e entende e de meter máquinas em terrenos privados. Invade-se e depois logo se vê. Tem sido assim um pouco por toda a Região. Isto só tem uma explicação: ditadura da maioria, quero, mando e posso e evidente falta de respeito pelo domínio privado. Eu gostaria de ver a reacção de um destes senhores do poder, uma vez na oposição, se, porventura, o mesmo lhes acontecesse?
4ª Confusão no PSD
Na Assembleia da República estalou o verniz entre os deputados da Madeira e os restantes do grupo parlamentar do PSD. A ideia que fica é que, por lá, em alguns momentos, transmitem acenos de simpatia pelo PSD da Madeira. É óbvio, porque este é o único espaço territorial onde são poder. Mas quando toca a coisas mais sérias, alto e parem o baile, o bom senso emerge e pouco se importam de deixar cair o líder insular. Razão tem o Deputado do PS, Dr. Maximiano Martins quando sublinha:
"Isto só mostra a respeitabilidade que o PSD nacional tem pelas propostas do PSD-M" (...) "o PSD-M opta mais uma vez por um caminho tortuoso e estimula a chicana política ao apresentar propostas demagógicas sem discussão" (...) "não há qualquer separação do que é da competência do Estado e do que é da Região". Maximiano Martins, segundo o DN, defendeu que o Governo Regional devia fazer o seu próprio Orçamento Regional Rectificativo de forma a combater os efeitos da crise na Madeira. "Só depois é que fazia sentido negociar e não assim".
E agora? A culpa também é do Sócrates? A culpa é da Constituição?
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