É preciso ter muita lata política quando o presidente do governo regional se refere que "(...) a formação que, no PSD/Madeira, é feita junto da Juventude, consciencializa para a necessária simultaneidade de Direitos e Deveres. Ensina que o preço da Liberdade é a Responsabilidade, e que a preguiça e o desleixo comprometem-Na. Prepara para o culto do Trabalho em liberdade e para o respeito devido a cada Ser Humano, bem como para a imprescindibilidade da Eficiência".
E digo isto com todas as letras... que é preciso ter lata política. E digo-o não apenas como participante na política activa mas, sobretudo, pelo peso das quase quatro dezenas de anos de serviço docente que já levo e da consequente leitura que faço das repercussões da sua postura na Escola. É preciso ter uma descomunal lata política quando dou comigo a ler uma infinidade de enxovalhos aos Órgãos de Soberania, instituições e adversários políticos, consubstanciados nas descabeladas palavras do tipo: tontos, bêbedos, porcos, burros, cabras, traidores, indigentes, pata rapada ou, então, "a Assembleia da República que se f...". Mais. Ofensas ao primeiro-ministro classificado de caloteiro, fariseu, indivíduo perigoso e aldrabão. É esta, porventura, a formação que o líder oferece a quem é jovem e que precisa de ser orientado segundo os tais princípios da liberdade e da responsabilidade?
E vem falar de respeito pelo Ser Humano, com maiúsculas, quando afasta subtilmente, do seu caminho, todos quantos se lhe opõem e ataca de forma grotesca os adversários durante comícios e em outras presenças na comunicação social? Quando caracteriza os jornalistas de "patetas" e que por aqui "a limpeza" vai começar, porque a bem do Povo Superior há que liquidá-los, de forma "raffinée" como então foi dito? E vem falar do preço da Liberdade quando montou um polvo na Região subserviente e cheio de medo? E vem falar de preguiça e desleixo quando, há anos, se assiste a uma luta por um sistema educativo de qualidade e de responsabilidade, tendo, paradoxalmente, deixado a Escola chegar ao ponto a que chegou? E vem falar de trabalho e de eficiência quando gerou, aqui, a irresponsabilidade de uma monstruosa dívida pública que hipoteca a vida futura de milhares de jovens? Bem prega Frei Tomás...
Aproximo-me, por isso, das palavras de Almada Negreiros no Manifesto Anti-Dantas, digo eu, Anti-Jardim:
"(...) Uma geração que consente deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um côio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma rêsma de charlatães e de vendidos e só pode parir abaixo de zero (...) Uma geração com um Dantas à prôa é uma canoa em seco (...) E o Dantas teve claque! E o Dantas teve palmas! E o Dantas agradeceu!"
4 comentários:
Olá André,
Desde algum tempo sigo o seu blog. Não me lembro como, mas descobri-o e juntei aos feeds de leituras a ter em atenção no que respeita à minha informação sobre a RAM. Mas vou fazer-lhe um reparo técnico: a letra de configuração dos textos é um pouco pequena o que dificulta a leitura. Considero-a de tamanho pequeno em comparação com as dezenas de outros blogs que diariamente acompanho. Não sei que lhe parece. De todo o modo com letra pequena ou grande continuarei a ser leitor do blogue .
Obrigado e bom trabalho
Caríssimo Colega,
Concordo. Vou alterar.
Obrigado pelo reparo.
Um abraço.
O Presidente da Câmara já lhe respondeu hoje no jornal gratuito. Dantas por Dantas...
Meu Caro,
Com um certo humor lhe digo que o Senhor Presidente da Câmara, quanto muito, deve ter respondido a José Almada Negreiros, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista.
Almada Negreiros ao publicar o Manifesto fê-lo numa "reacção contra uma geração tradicionalista, uma sociedade burguesa e um país limitado". Ele foi um futurista coisa que, infelizmente, por aqui, não abunda.
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