Desde há muito que escrevo posicionando-me contra o designado "Processo de Bolonha". Simplesmente porque não aceito o pensamento único (a diversidade é muito mais rica) e porque rejeito, liminarmente, a tendencial privatização do ensino superior. Todos, ricos e pobres devem ter acesso ao ensino superior.
Aqueles dois aspectos entre muitos outros. Considero, por isso, que Bolonha está condenado ao fracasso. Já há países a recuar, significativamente. Itália é um deles. E, em outros, há universidades em lutas contra este processo. A este propósito, aqui deixo um texto do meu Amigo Doutor Olímpio Bento, da Universidade do Porto:
"O Processo de Bolonha pode ser visto a partir de várias posições. Uma coisa é vê-lo em abstracto: merecem concordância geral os princípios e fins nele genericamente enunciados e confessados. Outra coisa é apreciar as motivações subliminares e inconfessáveis e a concretização do processo caso a caso, em função da pertença do analista a uma determinada área; esta, com a respectiva especificidade de saberes e convicções e de afinidades com o modelo de desenvolvimento económico em vigor, condiciona obviamente a visão, sempre parcial do avaliador.
‘Bolonha’, na versão portuguesa e com o pacote de medidas, leis e ‘reformas’ que o governo adicionou ao processo, é a cereja no topo do bolo servido em três dulcíssimas e complementares variantes: Bulonha, uma bula em que tudo é determinado, prescrito e imposto de fora, hierarquizando e distinguindo as áreas académicas com diferentes soluções no tocante à extensão da formação obrigatória, desconsiderando e asfixiando assim algumas (p. ex., as sociais e humanas) com um apertado garrote orçamental; Borlonha, uma borla que isenta os estudantes de um esforço e empenhamento por aí além e o Estado do devido investimento financeiro; Burlonha, uma burla em todos os capítulos, ao serviço de uma agenda oculta no plano económico e de uma pobreza cultural e espiritual, conveniente aos suseranos desta hora. Admito que outra seja a leitura de alguém ligado às bio-tecnologias; contudo espera-se que os especialistas destas áreas aceitem também a parcialidade da sua visão e não repitam festivamente as frases do pensamento único ditadas pelo mercado neoliberal, sem regulação e controle de espécie alguma, sem transparência e um pingo de ética e responsabilidade humana e social".
"O Processo de Bolonha pode ser visto a partir de várias posições. Uma coisa é vê-lo em abstracto: merecem concordância geral os princípios e fins nele genericamente enunciados e confessados. Outra coisa é apreciar as motivações subliminares e inconfessáveis e a concretização do processo caso a caso, em função da pertença do analista a uma determinada área; esta, com a respectiva especificidade de saberes e convicções e de afinidades com o modelo de desenvolvimento económico em vigor, condiciona obviamente a visão, sempre parcial do avaliador.
‘Bolonha’, na versão portuguesa e com o pacote de medidas, leis e ‘reformas’ que o governo adicionou ao processo, é a cereja no topo do bolo servido em três dulcíssimas e complementares variantes: Bulonha, uma bula em que tudo é determinado, prescrito e imposto de fora, hierarquizando e distinguindo as áreas académicas com diferentes soluções no tocante à extensão da formação obrigatória, desconsiderando e asfixiando assim algumas (p. ex., as sociais e humanas) com um apertado garrote orçamental; Borlonha, uma borla que isenta os estudantes de um esforço e empenhamento por aí além e o Estado do devido investimento financeiro; Burlonha, uma burla em todos os capítulos, ao serviço de uma agenda oculta no plano económico e de uma pobreza cultural e espiritual, conveniente aos suseranos desta hora. Admito que outra seja a leitura de alguém ligado às bio-tecnologias; contudo espera-se que os especialistas destas áreas aceitem também a parcialidade da sua visão e não repitam festivamente as frases do pensamento único ditadas pelo mercado neoliberal, sem regulação e controle de espécie alguma, sem transparência e um pingo de ética e responsabilidade humana e social".
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