
Daí que me tivesse agradado a entrevista da Drª Paula Moura Pinheiro, jornalista e sub-directora, hoje publicada no DN-M. A páginas tantas refere:
"(...) Não basta saber ler, é preciso pensar, mas os portugueses já interiorizaram isso? Acho que temos uma longa história de iliteracia que nos distingue pela negativa dos restantes países europeus. Há 40 anos ler era entendido pela maioria das pessoas como algo ocioso e inútil. Há imensas passagens na literatura portuguesa, no século XIX, em que se fazem piadas sobre isso. O Eça, o Camilo brincaram com essa desconfiança estrutural que este povo muito iletrado tem com tudo o que seja actividade intelectual, cujo resultado prático não se vê imediatamente".
Ora aí está: é preciso pensar. Esta escola, muito preocupada com a avaliação dos docentes, mas não preocupada com o conteúdo da própria escola, isto é, com aquilo que andamos lá a fazer, é uma escola que, grosso modo, não obriga a pensar. Já aqui o referi e é por isso que considero ser uma síntese muito profunda e interessante, o que um professor me disse, em 1970, no decorrer de uma aula de psicopedagogia: "como pode uma escola sempre igual competir com a vida que é sempre diferente? O desencontro é inevitável". O desencontro, portanto, está aí, desde uma sociedade profundamente assimétrica, pobre e cheia de carências até aos governantes que não sabem como tornar a escola uma instituição de qualidade e excelência. Vamos pagar bem caro o desleixo e a falta consistência política.
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