Ouvi o presidente do governo regional, uma vez mais, falar do "rectângulo". Disse: "cada vez tenho menos a ver com o rectângulo". Confesso que esta palavra "rectângulo" referindo-se a Portugal Continental mexe comigo. Irrita-me. Talvez o que ele, lá no fundo, queira dizer é que cada vez tem menos a ver com os portugueses. Talvez! Se assim é, deveria deixar-nos em paz.
Mas aquela palavra tantas vezes dita em discursos na Assembleia Legislativa da Madeira, traz no seu bojo a ofensa, a desonra, a baixeza, a descortesia, o aviltamento da Pátria comum e o desprezo pelas raízes. Pior do que isso, conduz à transmissão de um sentimento que se generaliza, que entra na escola, na formação dos nossos alunos, que distorce, corrompe e compromete um sentimento de unidade nacional.
Penso que esta forma de actuar não é inocente. Ela faz parte de um contexto político desenhado a longo prazo e de um percurso que exige, em função desse desenho, a guerrilha permanente e a manutenção discursiva que centra no inimigo externo a causa de todos os males. Irrita-me isto porque há vileza e não um comportamento político adulto. O diálogo institucional, reivindicativo, obviamente, não existe. O que sobressai são as pedras no sapato e os bolsos cheios de pedras que apenas servem para atirar. De pedras quadradas que não rolam no sentido de resolver os graves problemas da Região. Importante é incendiar.
Foto: arquivo pessoal.
2 comentários:
Caro amigo
Maquiavel foi bem claro. Uma das maneiras de congregar vontades e justificar a opressão é brandir um inimigo, real ou imaginário. Todos os ditadores o fazem.
Só que neste caso estamos perante a pura invenção de um inimigo interno. Explora-se a irresponsabilidade de colocar portugueses contra portugueses.
Mas quem anda a semear ventos vai colher tempestades. E, para mais, quem o anda a fazer tem pretensões indisfarçáveis de encabeçar o Governo da República. Não foi ele que há tempos declarou que era, para o efeito, um general sem tropas?
Senhor Professor
Tem razão quanto aos aspectos nefastos que as discursatas separatistas, do bock mais importante cá da terra, poderão provocar na formação dos mais jovens ou dos mais culturalmente recuados.
Porém, há que compreendê-lo:
O homem nunca se conformou com a mudança que o 25 de Abril provocou,mesmo sabendo que nunca teria a importância (no regime que louvaminhava)e que só a generosidade da Democracia permitiu e,infelizmente,continua a permitir a quem dela faz gato-sapato.
Forçar a Madeira a ser o resquício do seu saudoso salazarismo tem sido o revanchista preito de homenagem ao regime que sempre esteve no seu "coraçãozinho".
Além de uma fraude,é um refinado ingrato! O que é muito feio.
Mas...isto digo eu, que sou o que sou!
Queira aceitar os meus democráticos cumprimentos.
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