Tenho pelo Senhor Deputado do PSD Dr. Jorge Moreira consideração pessoal derivada do relacionamento parlamentar e até do facto de sermos colegas de profissão. Nada fazia prever o texto que serviu de base à sua conferência de imprensa de hoje, para falar de uma audiência que o Sindicato dos Professores da Madeira solicitou ao grupo parlamentar do PS. Um texto com um vocabulário muito baixo, onde o mínimo que sublinha é que eu tenho "muita lata e falta de vergonha", que "tenho memória curta" e que as minhas declarações foram "falaciosas e de má fé". Ora, penso eu, quem assim reage é porque alguma coisa está a doer. E o que dói é, de facto, o sistema educativo que não consegue responder às necessidades da Madeira. Mas esse não é um problema meu mas sim de quem governa. Melhor, é meu enquanto cidadão e político. Por isso entendi responder também em conferência de imprensa. Aqui fica a resposta:
"A posição assumida pelo Grupo Parlamentar do PSD-M constitui um acto de contrição sobre a actual situação do sistema educativo regional. Só uma pessoa desesperada pode confundir e ofender outros cujo pecado, porventura, é o de não se servirem do sistema educativo, apenas o reflectem e assumem posições de acordo com o conhecimento, com o bom senso e com o sentimento que chega através dos parceiros sociais. Se a reacção foi aquela que consta do documento distribuído à Comunicação Social pelo PSD, então podemos concluir que a situação na Madeira é gravosa e o poder político, ao contrário de propor soluções, não encontra outra forma para reagir senão através de uma descontrolada agressividade.
As palavras pouco agradáveis ditas pelo Senhor Deputado Jorge Moreira, nós vamos esquecê-las porque entendemos que a Madeira precisa de um pacto de regime para a Educação. E para esse pacto temos lutado, não partidariamente, mas politicamente, pela revisão global do Estatuto da Carreira Docente Regional, por uma avaliação de desempenho de natureza formativa, por quatro anos de serviço em cada escalão que permita atingir o topo com 32 anos de serviço, pelo fim da iníqua prova pública de acesso ao 6º escalão que mais não pretende do que dividir os professores em titulares ou não, pela contagem integral do tempo de serviço, congelado durante 28 meses, como aconteceu nos Açores, pelo desagravamento da redução do tempo de serviço em função da idade e do tempo de trabalho e, entre outras, para que o horário de serviço nocturno se inicie às 19 horas. Todas estas propostas foram chumbadas pelo PSD. Inclusive, a alteração legislativa que tornava a classificação de bom administrativo eficaz para a transição de escalão.
Já o dissemos na Assembleia que as nossas vestes partidárias em matéria de política educativa estão à porta. Esperamos que o Grupo Parlamentar do PSD tome também essa iniciativa. Nós estamos preocupados com a indisciplina e com a violência nos espaços escolares, com a desvalorização da profissão docente, com a precariedade dos vínculos laborais e com as limitações impostas à formação contínua.
Não é boa política empurrar tudo para o Ministério da Educação. Isso significa meter a Autonomia na gaveta e nós, isso, não vamos fazer. A Madeira tem todas as possibilidades de criar um sistema educativo próprio. Para isso tem de existir inteligência política, coragem, diálogo, respeito pelos parceiros sociais e pelos partidos representados na Assembleia. Ignorar os problemas nunca constituiu boa solução".
As palavras pouco agradáveis ditas pelo Senhor Deputado Jorge Moreira, nós vamos esquecê-las porque entendemos que a Madeira precisa de um pacto de regime para a Educação. E para esse pacto temos lutado, não partidariamente, mas politicamente, pela revisão global do Estatuto da Carreira Docente Regional, por uma avaliação de desempenho de natureza formativa, por quatro anos de serviço em cada escalão que permita atingir o topo com 32 anos de serviço, pelo fim da iníqua prova pública de acesso ao 6º escalão que mais não pretende do que dividir os professores em titulares ou não, pela contagem integral do tempo de serviço, congelado durante 28 meses, como aconteceu nos Açores, pelo desagravamento da redução do tempo de serviço em função da idade e do tempo de trabalho e, entre outras, para que o horário de serviço nocturno se inicie às 19 horas. Todas estas propostas foram chumbadas pelo PSD. Inclusive, a alteração legislativa que tornava a classificação de bom administrativo eficaz para a transição de escalão.
Já o dissemos na Assembleia que as nossas vestes partidárias em matéria de política educativa estão à porta. Esperamos que o Grupo Parlamentar do PSD tome também essa iniciativa. Nós estamos preocupados com a indisciplina e com a violência nos espaços escolares, com a desvalorização da profissão docente, com a precariedade dos vínculos laborais e com as limitações impostas à formação contínua.
Não é boa política empurrar tudo para o Ministério da Educação. Isso significa meter a Autonomia na gaveta e nós, isso, não vamos fazer. A Madeira tem todas as possibilidades de criar um sistema educativo próprio. Para isso tem de existir inteligência política, coragem, diálogo, respeito pelos parceiros sociais e pelos partidos representados na Assembleia. Ignorar os problemas nunca constituiu boa solução".
Nota:
Uma coisa é no calor do debate parlamentar, no improviso mas sem ofensas, assumir uma atitude mais vigorosa. Outra, é quando se escreve, quando se pensa nas palavras e quando se diz. Aí, meu Caro Moreira, desculpo, mas não esqueço. E não vou esquecer!
7 comentários:
O erro (ou será intencional) no qual o Sr. Deputado é recorrente prende-se com o que chama Sistema Educativo. Ora esse Sistema Educativo é o do PS em qualquer parte do País. Também na Madeira. A ideia que tenta passar que podia haver um Sistema Educativo Regional e que o PSD-M "copia" o nacional é de alguma má-fé, reconheça.
Essa impossibilidade (de regionalização) é referida várias vezes em declarações de veto e devolução de diplomas à Assembleia Regional pelo REPRESENTANTE DA REPUBLICA, que é o garante da Constituição e do cumprimento das leis de reserva absoluta da Assembleia (Socialista) da República em todo o País (e,logo,na Madeira).
Pelo menos aqui, nesta parte do seu discurso recorrente, o Deputado Moreira terá razão...
É lata ou má-fé.
Reconheça.
Obrigado pelo seu comentário.
Por princípio e pelos valores que defendo, não gosto de ofender seja quem for. Uma coisa é ter opinião, outra é entrar em domínios que pouco ou nada têm a ver com o domínio da política. A agressividade faz parte da argumentação dos fracos e dos que pouca ou nenhuma opinião têm. Não me atrevo a dizer que o meu Caro interlocutor "tem lata" ou está com "má-fé" no que acaba de escrever. Há outras formas de, politicamente, combater as ideias.
Do ponto de vista político entendo, baseado em opiniões jurídico-constitucionais, que podemos ir muito mais longe. A Madeira não tem querido ir. O problema não é meu. O que eu defendo está estudado e apenas constitui um ponto de partida para debate. Só que não se quer debater como se uns fossem portadores da verdade absoluta.
Dizia John Stuart Mill
(1806/1873): "a defesa em escutar uma opinião porque se tem a certeza que é falsa, é o mesmo que supor que a sua certeza é absoluta".
Notas:
1.Seria bom que o meu interlocutor lesse a entrevista do Dr. Jorge Moreira publicada no JM de 21.10.2006.
2. É falso que apesar da Constituição e da LBSE não se possa fazer muito mais e melhor na Região.
O leitor "Zé do Caniçal" com toda a razão fez sentir que alguns comentários que foram aqui feitos a propósito das posições de um Senhor Deputado do PSD, contrariavam o princípio orientador da elegância do debate político. Concordo e penitencio-me pelo facto de, inadvertidamente, os ter publicado. Peço desculpa aos leitores.
Creia, todavia, que nem sempre é fácil recusar a publicação sob pena de ser considerado censor. Apenas o fiz duas ou três vezes e mesmo nessas circunstâncias expliquei o motivo.
Mas também é verdade que quando se joga com o humor, mesmo que corrosivo, o espaço de liberdade deve ser considerado, quando não ser trata de ofender, directamente, a pessoa ou pessoas. Mas eu compreendo que é difícil detectar essa fronteira.
De qualquer forma, os meus leitores compreenderão a minha postura. Pessoalmente, às vezes, magoa-me determinadas posições assumidas relativamente ao que escrevo, mas não deixo de publicar. No caso em apreço, já esclareci e peço desculpa.
Ah, e obrigado pela chamada de atenção.
Senhor Professor
Em primeiro lugar quero afirmar que não me sinto melindrado pelo facto de ter eliminado as observações que fiz.
Compreendo-o.
Na verdade não é com vinagre que se apanham moscas...
Mas, a mim, na função de picar miolos a quem os tem em tamanho reduzido ou distorcido, não me preocupa ser condescendente ou politicamente correcto.
Comtemporizar com tartufos, por muito emproados que se apresentem, nunca conduziu a bons resultados.
O fair-play tem por limite o limite da arrogante,estulta e estúpida, medíocridade.
A não distinção, frontal e dura, de diferentes substâncias (de que o linguajar - ou cacarejar - é um dos sintomas evidentes)induz a confusão, numa população culturalmente recuada, de todos serem farinha do mesmo saco... com nítido proveito para os cacarejadores.
Se entender não dar guarida a esta minha visão,terei,novamente, de o compreender.
No entanto, pela consideração que me merece,apresento-lhe as minhas desculpas pelo incómodo que lhe causei.
Obrigado pelo seu comentário.
Eu é que lhe peço desculpa pelo facto de ter retirado o comentário. O seu refinado e profundo humor é sempre bem vindo. Só que, remeteram-me uma mensagem que considerei pouco elegante relativamente à minha pessoa e nesse pressuposto, porque não gosto de alimentar polémicas sem qualquer interesse, resolvi retirar todos. Peço desculpa. E entre sempre porque as suas palavras são muitas vezes sábias, sobretudo porque conhece a História de todo o processo.
Obrigado pela compreensão.
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