Acabei de ouvir as últimas declarações do líder do PSD-M e presidente do governo regional: "(...) um dos meus melhores trabalhos políticos foi ter pegado no maior partido nacional e aqui tê-lo reduzido a um pequeno partido. Dá-me um gozo. É a chamada vingança do chinês". Compreendo, agora, o significado da sua declaração de há dias "(...) não podemos fazer a vontade ao inimigo. Temos de chegar às metas legitimamente sonhadas". Ora, as metas legitimamente sonhadas não são, certamente, naquele pressuposto, o bem-estar do Povo no quadro da melhoria do "índice de desenvolvimento humano", não é governar bem no sentido do desenvolvimento sustentável, o seu melhor trabalho político foi e é, deduz-se das suas declarações, por portas travessas, pelo discurso da mentira, pela subtil perseguição, pelo combate e destruição da imagem e credibilidade das pessoas, causar danos políticos no principal adversário. Essa foi e é a meta "legitimamente sonhada". Pobre o político que assim pensa e actua.
Para quem não é carreirista político, para quem entende a participação na política como um serviço público à comunidade, para quem não vive nem precisa do exercício da política para nada, enquanto madeirense, enquanto cidadão livre, aquelas declarações têm o condão de irritar, de enervar, de apetecer dar um berro sobre tudo o que se esconde atrás do biombo do homem que inaugura e que apregoa o seu trabalho pelo bem do Povo. Habituei-me à serenidade, aos disparates que oiço e, não deixando de reflectir sobre as palavras ditas, a verdade é que consigo que elas passem por mim como a água nas penas de um pato. É o melhor que qualquer um pode fazer.
É evidente que o PS tem as suas culpas pois não tem sabido, ao longo dos anos, estabelecer uma plataforma de estabilidade e de entendimento entre o seu corpo político. É verdade que sim. Não há que escamotear essa situação. Mas muito mal vai o partido maioritário quando o seu líder, indecorosamente, sublinha a sua sede de "vingança" (de quê, pergunto) e o "gozo" que lhe proporciona atacar uma instituição que deveria merecer o seu total respeito democrático. Da sua posição resulta, inequivocamente, que, no plano político, é um homem que convive muito mal com os adversários, com a opinião diferente, enfim, com a Democracia. Explica-se isso, também, pelo facto de nunca querer comemorar o 25 de Abril!
1 comentário:
Caro André Escórcio
Há muitos anos que conhecemos o substrato político-ideológico de Jardim.
A sua rápida e oportuna conversão à Democracia faz lembrar a estória do menino criado num galinheiro, que,repentinamente,é colocado à mesa de um protocolar jantar de cerimónia...
O gamelão é muito mais familiar que a baixela.
E,no entanto,há anfitriões responsáveis que,fazendo vista grossa,assobiam para o lado...e aplaudem a grosseria.
Um abraço
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