Então, não têm sido as lutas da oposição, no Parlamento e fora dele, as denúncias feitas, as visitas aos locais e o trabalho político realizado que têm evitado que o descalabro seja maior? Podemos meter no mesmo saco um poder absoluto de 36 anos, que manietou a sociedade e os movimentos cívicos, com aqueles que deram a cara, não se refugiaram e lutaram contra as causas de tudo quanto está a acontecer?
Li, com interesse, a entrevista do Dr. Raimundo Quintal, publicada na edição de hoje do DN. Não é que traga pensamentos novos sobre as matérias abordadas pelos jornalistas, mas tem o condão de situar problemas com barbas e de reavivar memórias. O que é muito importante. Dir-se-á que já não são apenas os políticos no activo que levantam a sua voz. Há mais gente por aí que começa de dizer alto aquilo que vão sentindo. O problema é quando se afirma a necessidade de um novo paradigma e os jornalistas perguntam: "Defendeu, no último mail enviado aos membros da Associação, que era preciso as pessoas se unirem e participarem num novo paradigma. Ainda recentemente o PS falou numa plataforma que devia abarcar não só os partidos, mas outros movimentos cívicos. Estaria disponível?
A resposta: "Não estou disponível. Até porque julgo que o novo paradigma não se aplica só a quem tem governado, aplica-se também ao modo como a oposição tem funcionado. O novo paradigma pressupõe pensar uma Madeira para os nossos filhos e netos assente numa nova filosofia de desenvolvimento. O 'ter' tem sido o verbo mais conjugado por este poder e pela própria oposição. Porque a oposição quando vai para campanha é sempre dar, dar, dar e ter, ter, ter. A nova filosofia teria de ser muito mais centrada no ser, centrada não nos valores quantitativos, mas sim nos valores qualitativos. Julgo até que neste novo paradigma deveria ser analisada a possibilidade de, com a nova revisão constitucional, abrir-se caminho para o aparecimento de partidos regionais, que não tivessem que estar ligados por correias aos partidos nacionais. Isto é uma questão que se tem de discutir sem tabus. O pior que pode acontecer a um povo é enredar-se na bilhardice sem discussão".
Desde logo, Caro Raimundo, "o modo como a oposição tem funcionado"? Então, não têm sido as lutas da oposição, no Parlamento e fora dele, as denúncias feitas, as visitas aos locais e o trabalho político realizado que têm evitado que o descalabro seja maior? Podemos meter no mesmo saco um poder absoluto de 36 anos, que manietou a sociedade e os movimentos cívicos, com aqueles que deram a cara, não se refugiaram e lutaram contra as causas de tudo quanto está a acontecer? Não se pode, obviamente que não.
Desde logo, Caro Raimundo, "o modo como a oposição tem funcionado"? Então, não têm sido as lutas da oposição, no Parlamento e fora dele, as denúncias feitas, as visitas aos locais e o trabalho político realizado que têm evitado que o descalabro seja maior? Podemos meter no mesmo saco um poder absoluto de 36 anos, que manietou a sociedade e os movimentos cívicos, com aqueles que deram a cara, não se refugiaram e lutaram contra as causas de tudo quanto está a acontecer? Não se pode, obviamente que não.
Depois, Caro Raimundo, a Revisão Constitucional, pergunto, para quê? Para que o PSD seja alternativo a si próprio, em função do descalabro a que levou a Região e que tão assertivamente é criticado nesta entrevista? Há aqui um evidente contrasenso, ou melhor, eu percebo a intenção, mas prefiro aproveitar a parte muito positiva desta entrevista.
Ora bem, ao concordar, em absoluto, porventura com a declaração mais profunda e mais feliz da entrevista, que "o problema da Madeira é um problema de formação" (...) porque "é muito mais fácil fazer estradas do que construir o edifício da educação", parece-me evidente que, sem vinculação partidária, seria óbvio que o Dr. Raimundo Quintal estivesse disponível para debater as grandes questões que se colocam, neste caso nos sectores e áreas que domina. Não estar disponível para o debate, enfim, respeito, mas deixa-me uma mágoa, pois corresponde ao comportamento (a)normal da sociedade. Todos, mas todos nós que amamos esta terra, e não me restam dúvidas que o Dr. Raimundo é um deles, deveríamos estar livres para a discussão séria, profunda, científica e sem rodeios. Não basta apontar os erros, já elencados por tantos, interessa, no momento que estamos a viver, de juntar a voz a outros, ouvir e educar um povo que para aí não está virado. É por isso que dou vinte valores a um outra declaração que li nesta entrevista: "um poder de tantos anos que já não tem criatividade e já não é capaz de apontar saídas". O problema residindo aí exige que as muitas competências técnicas e científicas que por aí andam deveriam se juntar para lutar por um futuro melhor.
Ilustração: Google Imagens.
1 comentário:
Não conheço o DR. Raimundo Quintal, mas conheço e bem o Arquitecto Ribeiro Telles, para mim um íncone do ambiente, pessoa que já conversei várias vezes. Já abordei assuntos da Madeira com ele e, traçou-me um quadro muito negro sobre as aberrações da ilha. Em tempos também com o Ilustre Eng. Edgar Cardoso, que infelizmente já não se encontra entre nós, sobre o aeroporto de Santa Catarina , onde cheguei a ser Radiomecânico, alertou-me para grandes deficiências. Seus conselhos foram desprezados e, por esses motivos já tivemos alguns problemas sérios . Ainda era director o Engº Falcão Costa.Também já falecido segundo creio. Culpado o SR. AJJ? não sei, pois o projecto do Engº Edgar Cardoso não foi aceite.
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