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sábado, 14 de agosto de 2010

DE FERRARI QUANDO NEM DE FIAT 600 TÊM PARA ANDAR


Estou convencido, pela forma como funciona o sistema empresarial que o Presidente do Governo e o Secretário das Finanças da Madeira, se governassem as suas vidas como governam a Região, no mínimo, há muito estariam despedidos e, no plano pessoal, se contratualizassem e gastassem acima das suas possibilidades (receitas) estariam sob a alçada da Justiça.

Às vezes recebo alguns comentários ao que aqui vou reflectindo, face aos quais fico com a sensação que, para algumas pessoas, em primeiro lugar está o partido ou as convicções partidárias e, só depois, as pessoas, o bem comum, o crescimento e o desenvolvimento que a todos interesse. Eu não alinho nesse jogo e respondo sempre na mesma linha.
O partido, para mim, constitui, apenas, o instrumento, o meio pelo qual se pode implementar, sendo governo, um conjunto de princípios. Antes disso, sou cidadão. Nunca me deixei triturar por interesses e nunca me deixei que me passassem o ferro uniformizador do pensamento. Respeito princípios, porque neles acredito, mas tento ter a flexibilidade para perceber e confrontar as minhas leituras de processo com as leituras dos outros.
Hoje, tive, por exemplo, que responder a um leitor, sobre questões que se relacionam com o "desenvolvimento" da Madeira e a falta de dinheiro fresco para continuar esta política designada, como alguém já qualificou, por "fúria inauguracionista". Uma "fúria" baseada na ideia peregrina de que "com milhões faço inaugurações e com inaugurações ganho eleições". Não interessa o Povo, o que está em causa é o poder. Os equilíbrios, o respeito pelo ordenamento do território, aliás, por todos os instrumentos de planeamento, as perguntas simples perante uma proposta de obra (para que é que isto serve, a quem serve, qual o retorno directo e indirecto do investimento), a capacidade orçamental em função das prioridades sociais, enfim, essa montanha de reflexões que devem constituir o primeiro acto da atitude de planear, é absolutamente claro que tem sido secundarizado. É pública e notória a irresponsabilidade.
Estou, por isso, convencido, pela forma como funciona o sistema empresarial que o Presidente do Governo e o Secretário das Finanças da Madeira, se governassem as suas vidas profissionais como governam a Região, no mínimo, há muito estariam despedidos e, no plano pessoal, se contratualizassem e gastassem acima das suas possibilidades (receitas) estariam sob a alçada da Justiça. Mesmo com os atrasos da Justiça, penso que já estavam presos. Na vida pública, porém, isso não acontece. Não se investe, gasta-se, porque alguém há-de pagar a factura. O programa de governo é soberano!
Ora, a irresponsabilidade deriva desta mentalidade doentia em que o partido deixa de ser um instrumento para se tornar no meio pelo qual, através do dinheiro dos contribuintes, da ignorância e do controlo da sociedade, se perpetuam no poder.
Na minha vida pessoal, de forma sustentável, tive acesso aos vários bens de acordo com o meu próprio crescimento e desenvolvimento. Se não posso andar de Ferrari (nunca tive esse interesse) nem tenho uma tia rica lá pelas Américas, contento-me a andar de Renault Modus. E já andei de Fiat 600 e de Renault 4. Aos poucos melhorei. Nunca deixei de fazer a minha vida mas tenho crédito. O problema coloca-se, pois, na lógica da governação, embora na devida proporção. Endividaram-se e já não têm crédito, ao ponto das gerações futuras estarem condicionadas a pagar uma factura que não pediram, geraram pobreza e desemprego, geraram novas e acentuadas assimetrias, mataram o desenvolvimento cultural, reduziram a cimento a mentalidade de abertura ao mundo, à criatividade e à inovação, fecharam-se sobre si próprios, tudo, mas tudo, em uma lógica de poder a qualquer preço. Para além da sansão política, há muita coisa que me parece susceptível de ser criminalizada. Não sei, a História o dirá.
Ilustração: Google Imagens.

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