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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A TRAGÉDIA NO PORTO SANTO


Passar pela tragédia sem uma preocupação de estudo às suas causas ou atribuir às situações uma valorização de absoluta normalidade, parece-me próprio de gente inferior e oportunista.

Nota prévia:
Abomino quem da desgraça se aproveite, directa ou indirectamente, com pezinhos de lã ou de forma descarada. Metem-me dó. Quem por aí se mete demonstra ausência de princípios. Mas a tragédia, quando ela nos bate à porta, deve também ser motivo de reflexão, de busca das causas, de análise e de inevitáveis consequências. Passar pela tragédia sem uma preocupação de estudo às suas causas, ou atribuir às situações uma valorização de absoluta normalidade, parece-me próprio de gente inferior e oportunista. Quero com isto dizer, como nota prévia, que a tragédia ocorrida ontem no Porto Santo, tem, desde logo, a minha total solidariedade em relação às famílias, vítimas da situação, bem como ao partido que ali realizava um comício. Que isto fique claro para que não subsistam dúvidas.
Outra coisa é a responsabilidade política. Ouvi o Senhor Presidente da Câmara, em um primeiro momento, que a palmeira maldita tinha caído para o lado contrário para onde estava inclinadíssima. Declaração infeliz, mas enfim, o momento, sendo difícil e complexo, acabou, certamente, por induzi-lo em erro de análise. Mais tarde, em uma primeira peritagem, disse que as raízes estavam "podres" e que iria mandar analisar a situação das restantes. Depois, escutei as palavras da Vereadora Renata Sousa que afirmou que a tal e perigosa inclinação há muito que tinha sido objecto de chamada de atenção. O próprio DN já tinha, em Julho, salientado o perigo. No meio disto, ouço o presidente do governo regional pedir para rezar, para que este ano passe depressa face aos sucessivos acontecimentos, e que há que investigar o que se passou no Porto Santo por considerar estranho que, logo ali, no decorrer do comício, a palmeira tombasse. Para mim, este foi o primeiro sinal de atirar para longe as responsabilidades políticas.
Certo é que morreu uma pessoa, duas estão internadas em estado que inspira cuidados, a palmeira pertence ao "quintal" da autarquia, visível todos os dias, a Câmara foi avisada, tombou e ninguém assume a responsabilidade política. Lembro-me que, na Ponte Entre-os-Rios, o Dr. Jorge Coelho, então Ministro, demitiu-se porque sentiu o peso da responsabilidade política. Aqui, a vida continua, tudo é relativizado, quer se trate de uma palmeira que mate ou de uma construção nos Socorridos, construída em lugar de sério risco e que levou duas pessoas para a morgue. Tudo é normal, porque o "chefe" disse, não há muito tempo, que temos de conviver com o risco.
Não faço juízos criminais. Há entidades para o fazer. Tenho, apenas, um posicionamento político que implica respeito e responsabilidade no quadro das funções públicas, por eleição ou por nomeação. A questão, ao contrário do que alguém disse, não é de "mau olhado" sobre a Madeira, tampouco "imprevisível". A questão é outra, é de responsabilidade política quer se fale de 20 de Fevereiro, onde hoje se sabe que muito poderia ter sido atenuado, quer se fale de incêndios na floresta, ou quando o assunto é uma palmeira, com uma alta probabilidade de cair, e que mata uma pessoa.
Sinto muito pelas famílias atingidas, mas não aceito, enquanto cidadão, que não se retirem as ilacções políticas das desgraças que vão acontecendo. Numa empresa, quando o colaborador a desprestigia e não cumpre com as suas tarefas, obviamente, que sabe, tarde ou cedo, qual o seu destino. Na política deveria funcionar da mesma maneira. Para que todos possamos nela acreditar. Sublinho: falo de responsabilidade política.
Ilustração: Google Imagens e DN-Madeira (10.07.2010)

3 comentários:

Espaço do João disse...

Conheço o Largo das palmeiras, há mais de 50 anos. Vivi no Porto Santo ainda era vivo o Dignissimo médico DR. José Diamantino de Lima. Grande filantropo cuja perda o Porto Santo bastante sofreu. Agora vir certos energúmenos, choorar lágrimas de crocodilho e dizer que não se deve fazer política sobre o assunto da queda da palmeira que causou pelo menos uma morte, não considero oportunismo de quem fala no assunto.Devemos tomar as devidas atenções aos perigos eminentes antes que as desgraças aconteçam. Vejo que o "Polvo" da Madeira e Porto Santo idolatra o povo para se srvir dele e não para o servir. As minhas condolências aos familiares das vítimas. Contem com a minha solidariedade.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Escreva sempre. Aprecio-o.

André Escórcio disse...

Peço desculpa ao leitor que deixou uma mensagem sobre a tragégia ocorrida no Porto Santo. Eu compreendo-o. Todavia a forma como escreveu ultrapassa o limite dos critérios que orientam este blogue. Publicar seria criar um problema para mim.