A "mediocratização" de que fala o presidente do governo corresponde à mediocratização do seu próprio governo.
Escreve o presidente do governo regional da Madeira na edição de hoje do JM:
"(...) Com o sistema educativo que hoje temos, com a «informação» controlada e distorcida que por aí é transmitida, com a legislação que leva à insegurança de pessoas e bens (...) com um Povo sujeito escolarmente à mediocratização, massificado e enganado pela informação (...) torna-se absolutamente ridículo ver perorar tanto sobre finanças (...)".
Ora bem, permitam-me o leitor que diga, aberta e frontalmente: mas que distinta lata escrever assim. Se não temos melhor sistema educativo, ele que está regionalizado há muitos anos, as culpas não podem ser sacudidas para outros, mas assumidas aqui por aqueles que não souberam desenhar um sistema que desse resposta à construção do futuro. Pela enésima vez digo que isso não tem nada a ver com a Constituição da República e muito pouco tem a ver com o Ministério da Educação. Embora, a Constituição, sublinho, possa e deva ser clarificada em alguns aspectos. Daqui se pode concluir que o governo da Madeira não procurou desenvolver um projecto consistente e de futuro porque apenas, e muitas vezes mal, limitou-se a adaptar a legislação nacional. Há, em todo este processo, três dezenas de anos de costas voltadas para este problema, o da Educação, três décadas de laxismo, de desnorte e de ausência de estratégia. O problema reside aí. O governo esteve mais preocupado com a construção dos edifícios escolares do que com aquilo que lá se faz ou produz no campo educativo. O governo esteve mais preocupado com as inaugurações do que com as políticas sociais e de família susceptíveis de garantirem uma melhor escola. A "mediocratização" de que fala o presidente do governo corresponde à mediocratização do seu próprio governo.
E vem falar de "informação controlada", quando se sabe, quando está aos olhos de todos, desde o Jornal da Madeira onde escreve sem possibilidades de ser confrontado, até às rádios locais, passando pelo serviço público de rádio e de televisão, onde é conhecida toda a sua influência que, aliás, está em sede de análise no Conselho de Administração, na Entidade Reguladora da Comunicação Social e no Conselho de Opinião da RTP, por público e notório domínio dos canais de informação.
Este presidente do governo regional e mentor de toda esta teia promíscua escreve como se nada fosse com ele. Como se nada nesta terra não tivesse que passar pelo seu crivo. Como não fosse ele o topo da hierarquia política de onde provém a orientação à qual todos se submetem. Como salientou hoje o presidente do PS-Madeira, este presidente do governo é um "pirómano político profissional". Incendeia, coloca-se à distância e mais tarde arma-se em vítima. Os outros é que não o entendem. Se já era, hoje, politicamente, está a tornar-se cada vez mais sufocante. O tempo implica um virar de página, em defesa da Madeira, do Porto Santo, enfim, de todos aqueles que ambicionam uma Região livre, democrática e expurgada de políticos e de políticas que a condicionam.
Ilustração: Google Imagens.
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