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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ESPELHO MEU... QUEM TEM MAIS PROBLEMAS DO QUE EU?



É que ser Ministro das Finanças de Portugal não é propriamente equiparável a um Secretário Regional das Finanças, não só no volume das responsabilidades como na permeabilidade às pressões que, eventualmente, venham da Quinta Vigia, do tipo, "Garcês, vê lá se não complicas, resolve-me isso até ao meio-dia". E o Garcês resolve, isto é, endivida mais a Região.


De forma célere o presidente do Governo Regional apareceu a comentar uma posição, absolutamente legítima, do Senhor Representante da República. E veio comentar com a repetida tecla do costume: o Ministro das Finanças é o principal "problema" de Portugal. É o "problema", digo eu, porque é um Homem de rigor, disciplinado e que não vai nas histórias daqueles que, no plano político, sempre gostaram de gastar à grande e à francesa.
As contas públicas têm de ser corrigidas e, portanto, todos, mas todos, terão de contribuir para esse esforço. É por isso que, para o presidente do Governo Regional da Madeira, ele é o principal "problema do País". Simplesmente porque não vai nas suas jogadas e nas suas pressões. Se o ministro, por receio da sua língua, cedesse à chantagem, é óbvio que o Doutor Teixeira dos Santos era o melhor Ministro das Finanças de sempre!
Se me questionarem sobre determinados dossiês específicos, por exemplo, os apoios a certa banca falida, a minha posição, em abstrato, vai no sentido de uma não concordância. Mas, atenção, não sou economista, não tenho formação em finanças e, por isso, não consigo avaliar os prejuízos colaterais de uma não intervenção. Teria de estudar o problema para ter uma opinião mais fundamentada. Agora, que naquele ministério, sensível como é, em função do momento que o País atravessa, tem de ter um político de mão dura e de controlo exigente, disso, não me restam dúvidas. É que ser Ministro das Finanças de Portugal não é propriamente equiparável a um Secretário Regional das Finanças, não só no volume das responsabilidades como na permeabilidade às pressões que, eventualmente, venham da Quinta Vigia, do tipo, "Garcês, vê lá se não complicas, resolve-me isso até ao meio-dia". E o Garcês resolve, isto é, endivida mais a Região.
É por isso que digo que é preciso ter muito desplante para dizer que o Ministro das Finanças é o principal "problema" de Portugal e não ter um espelho para reconhecer que, porventura, o presidente do governo regional é o principal "problema" da Madeira. É lógico que assim se analise, a partir do facto que um está há 32 anos no poder regional e, o outro, apenas há cinco em uma das pastas governativas de maior importância nacional.
Ora, o "défice de informação" alegado pelo Senhor Representante da República, relativamente ao Ministro das Finanças, no contexto em que o considerou, entendo-o absolutamente natural e justificável. Disse alto o que pensava, em sua defesa e do brio profissional que coloca nas análises, coisa que por aqui não acontece, onde os apaniguados do sistema, podem ver, dia-a-dia, o barco a adornar, mas não se atrevem a dizer seja o que for. O sentimento que tenho é que apenas procuram se manter no salva-vidas do chefe, na esperança que se salvem, politicamente!
Ilustração: Google Imagens.

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