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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

POR FAVOR, VÃO BRINCAR À POLÍTICA DESPORTIVA PARA OUTRO LADO!


Desculpem-me, pelo respeito que tenho pelos convidados, mas a secretaria regional da Educação e dos Recursos Humanos que vá brincar à política desportiva para outro lado. É que já não há pachorra para aturar congressos que regressam sempre à vaca fria! Com designações diferentes, leio o programa e concluo, genericamente, por um lado, a exaltação das virtudes e da importância do desporto em variadíssimos sectores e áreas de actividade, por outro, o choradinho do costume que concluirá: sem contratos-programa sufocamos! Não irá além disto e de umas sempre agradáveis pausas para o café. Não é que me espante, mas qualquer pessoa fica perplexa quando se questiona sobre os resultados de outros congressos e conferências (ainda o ano passado, a 09 de Março, aconteceu um onde estiveram inscritos 250 participantes) e os vários encontros do movimento associativo, todos eles com temas muito semelhantes para não dizer iguais aos agora propostos. Mais ainda. E os congressos do PSD-M, realizados no Tecnopólo, com casa cheia de "ilustres convidados", não vou mais longe, o de 08 de Abril de 2011, de onde resultaram intervenções apontando para uma mudança de paradigma? E as declarações do Presidente do Governo sobre política desportiva? E as propostas e debates em sede de Assembleia Legislativa? Alguém já se esqueceu do projecto "Madeira Sabor a Desporto", que foi apresentado na Região a 28 de Julho de 2005, da responsabilidade da AM-Cell, liderada por Javier Murugarren, empresa de marketing e comunicação e que deve ter custado uma pipa de massa? E que é feito da Convenção do Desporto Madeirense realizado em 2006 sob o lema "Reflectir o presente, ganhar o futuro"? Pasmo quando o Director Regional dos Desportos vem falar de uma "busca de soluções realistas" (...) "sobre aquilo que nós queremos para o futuro". Só pode estar a brincar à política desportiva, com o selo do indescritível político, secretário da Educação, Dr. Jaime de Freitas, que considerou ser este "um momento alto e de grande importância para o desenvolvimento do fenómeno desportivo da Madeira" (que grande fenómeno) e que o congresso não ficará por aqui, porque "obriga-nos a perspectivar o futuro, o que podemos fazer pelo desporto integrando uma estratégia de futuro para a Região". Repito, só pode estar a brincar à política, porque de palavras de circunstância todos estão fartos. Vá ler a História, já!


Tenhamos presente: a Convenção de 2006 (entre outras) teve por objectivos: "1. Em primeiro lugar, importa proporcionar aos agentes operantes no sistema desportivo regional um momento de reflexão sobre a experiência percorrida; 2. Em segundo lugar, importa implicar esses mesmos agentes na definição das estratégias que permitirão construir um futuro consonante com as novas realidades sociais, económicas e desportivas; 3. Em terceiro lugar, importa, tanto quanto possível, conferir a essas mesmas estratégias uma dimensão operacionalizante no tempo e no espaço em que se projectam; 4. Em quarto lugar, importa criar um clima favorável ao desenvolvimento das actividades específicas de todos e cada um dos entes colectivos e individuais operantes no sistema desportivo madeirense." Então, para que serviu essa Convenção, realizada há sete anos? E ninguém escutou, daí para cá, as declarações, quase diárias, de dirigentes desportivos, jornalistas, comentadores e de académicos, caracterizadoras da situação real do desporto regional? Ninguém conhece as causas das insolvências pela falta de cumprimento dos contratos-programa assumidos e não pagos? É, por isso, que apetece mandar bugiar quem vem, novamente, com a treta de "Reflectir e Perspectivar o Futuro". Em 2006 foi o mesmo! Vão aos arquivos e leiam. Já não vou aos "velhos" mas sempre actuais conceitos estratégicos de um desporto nestas ilhas tradicionalmente pobres, assimétricas e dependentes, nem preciso se torna abordar a sempre triste paralisação de clubes e de instalações desportivas por ausência de financiamento, mas tenho aqui à minha frente um recorte do DN, de um trabalho elaborado pela jornalista Marta Caires, sob o título "Os males do Desporto" (15 de Outubro de 2006), onde o dirigente desportivo, Dr. Emanuel Alves, assumiu: "(...) O desporto regional não tem política e está nas mãos dos burocratas do IDRAM (...) "os apoios serviram um modelo político, não o povo, não fomentou o exercício físico, nem levou mais jovens à alta competição. (...) O desporto escolar está resumido a uma festa anual, as associações têm mais inscritos que praticantes para garantir os subsídios". Querem mais do que esta síntese que, em meia-dúzia de palavras explica tudo ou quase tudo?
Só fumo!
Este Congresso (22 e 23 de Novembro), repito, com todo o respeito pelas personalidades convidadas, é uma treta à luz da História deste processo. Está tudo ou quase tudo escrito e está quase tudo por fazer. Há livros publicados na Madeira. Ficam aqui alguns: "Da Educação Física ao Alto Rendimento" (2001), de Olímpio Bento, Gustavo Pires, Gastão Sousa e José Manuel Meirim, (152 pág); "Desporto e Política" (1996), de Gustavo Pires (486 pág); "Povos e Culturas - Cultura e Desporto" (2004), da Universidade Católica Portuguesa, com colaboração madeirense (538 pág), entre tanta bibliografia existente, regional, nacional e estrangeira, em livros e revistas. 
Pasmo quando o Director Regional dos Desportos vem falar de uma "busca de soluções realistas" (...) "sobre aquilo que nós queremos para o futuro". Só pode estar a brincar à política desportiva. Mas que ele o diga, enfim... agora o indescritível político, secretário da Educação, Dr. Jaime de Freitas quando considerou ser este "um momento alto e de grande importância para o desenvolvimento do fenómeno desportivo da Madeira" (que grande fenómeno!) e que o congresso não ficará por aqui, porque "obriga-nos a perspectivar o futuro, o que podemos fazer pelo desporto integrando uma estratégia de futuro para a Região", julgo que só pode estar a brincar à política, porque de palavras de circunstância todos estão fartos. O que se espera de um secretário é que apresente uma linha de pensamento, uma estratégia para o futuro e não aquele sistemático empurrar os problemas com a barriga. Anda há mais de dois anos nisto! Ainda por cima em vésperas de debate do Plano e Orçamento da Região para 2014.
Ilustração: Google Imagens.

1 comentário:

Anónimo disse...

Jardim deu ordens para o adiamento do congresso.Palhaçada!Adiou porquê??