É curioso. Tantas e tantas vezes, ao longo de anos, o PS da Madeira (e não só) foi visado por, no dizer da propaganda montada, vergar-se ao Continente. Tenho registos de opiniões e declarações políticas que, no essencial, transmitiram a ideia de que uns são verdadeiros autonomistas e outros nem por isso. Essas posições fizeram o seu caminho, pela repetição marcaram politicamente e influenciaram, pressuponho, os comportamentos dos eleitores. Hoje, face a uma situação que define uma clara determinação, até pela sua natureza estatutária, que diálogo sim, imposições não, surgem comentários que tentam encostar o PS à parede. Porque "não se entendem", que andam a se "digladiar à moda antiga", "socialistas em guerra", enfim, caso para dizer, "preso por ter cão e por não ter".
Do meu ponto de vista, seria óbvio que muitos dissessem, finalmente, batem o pé por uma razão do mais elementar direito. Aliás, porque quem cede em matérias de natureza interna, que joga a autonomia estatutária para o lixo, pergunto, que condições terá, amanhã, para discutir de igual para igual e ser respeitado nas questões da governação do País com implicações na Madeira? Ora, a Madeira não é Lisboa, Porto ou Coimbra. A Madeira é uma Região Autónoma e é isto que está em causa. Não está em causa "guerra" alguma, mas simplesmente uma dinâmica de respeito. Não está em causa um projecto político alternativo para a Madeira, está sim, em causa, repito, uma dinâmica de respeito institucional que, sublinho, deve ter natureza bilateral.
O PS ficou, uma vez mais, na berlinda, mas, curiosamente, a atitude, para mim absolutamente pacífica, do Dr. Miguel de Sousa (PSD) ter dito não ao Dr. Miguel Albuquerque para encabeçar a lista do PSD à Assembleia da República, tem passado sem comentários sobre o que tal atitude representa na lógica das relações políticas e dos equilíbrios internos. Tudo normal. Para mim, também. Se isto tivesse acontecido em um partido da oposição, pressuponho que o eco teria sido outro.
Finalmente, uma nota: da mesma forma que consideraria um abuso Passos Coelho, Paulo Portas ou qualquer outro líder partidário imporem a sua vontade, determinando os candidatos dos seus partidos pela Madeira, também no caso do PS, entendo que foi uma atitude de António Costa que, no plano do respeito institucional interno, não aplaudo e jamais poderei concordar com tal interferência.
Ilustração: Google Imagens.
3 comentários:
Muito bem professor.eu tambem apoio o carlos
O PS sempre andou vergado,caro professor.Primeiro, foi ao continente,agora é ao ppd
Obrigado pelo seu comentário. Não creio que esteja vergado ao PSD. A demonstrá-lo estão as posições assumidas na Assembleia e o recente livro "A Herança" que, se o leu, verificou que o Dr. Carlos Pereira está no lado oposto, bem oposto das posições defendidas pela maioria social-democrata.
Enviar um comentário