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segunda-feira, 25 de julho de 2016

AEROPORTO INTERNACIONAL DA MADEIRA CRISTIANO RONALDO


Não tenho um posicionamento muito rigoroso e fundamentado sobre essa história do aeroporto internacional da Madeira passar a designar-se por Cristiano Ronaldo. Escrevo ao correr do pensamento, desprendido, sem qualquer reserva ou preconceito. Sei que ele é o madeirense, provavelmente, de todos os tempos, mais conhecido e reconhecido no Mundo. O preconceito de que falo e que, liminarmente, excluo, refere-se ao facto de ser um multimilionário do futebol. Isso, para mim, não tem relevância, não acrescenta nem limita o meu pensamento, embora tenha, assumo, muitas reservas relativamente aos abusos ou excessos da indústria do futebol. De forma recorrente, quanto não valerá, por exemplo, o trabalho dos investigadores no combate a doenças que nos afligem? E quanto auferem? Bom, mas essa é uma outra longa história. 


Tenho como adquirido que ninguém visita um país, uma região ou uma cidade pelo nome do aeroporto. É muito discutível, portanto, que tal proposta se inscreva no quadro do marketing. Visita-se porque existem particularidades e património histórico-cultural, entre outras, que nos motivam. Nunca pelo nome do aeroporto. O museu dos feitos de Cristiano Ronaldo, quando integrado nos roteiros internacionais, é, considero, de muito maior relevância que a atribuição do seu nome ao aeroporto da Madeira. Da mesma forma que a recente parceria entre um hoteleiro e o CR7 é inteligente e relevante.
Independentemente desse aspecto, quanto a mim central, a questão que coloco é se tal proposta do governo foi devidamente pensada, amadurecida e que relatório final justificou a decisão política. Porque este tipo de decisão não deve assentar em um qualquer impulso de momento, mas em rigorosos, ponderados e justificados critérios. É essa a sensação de rigor que não transporto.
O mesmo digo em relação aos aeroportos de Lisboa e do Porto. Há muito que defendo que esses dois principais aeroportos, a atribuir um nome, deveriam ostentar o dos nossos dois únicos Prémios Nobel: António Egas Moniz (1949) e José Saramago (1998). Quantos, no exercício da política, inclusive, opositores ao regime de então, foram tão ou mais importantes que Francisco Sá Carneiro e Humberto Delgado? Quantos?
Aliás, a propósito, a um outro nível, lembro-me de um debate que tive à mesa da vereação da Câmara Municipal do Funchal, já tem uns anos, na altura que o Dr. Miguel Albuquerque presidia à autarquia. Este assunto está em acta. Em  causa estava a toponímia da cidade, relativamente às novas acessibilidades ou àquelas que não dispunham de uma identificação. A questão surgiu pelo meu posicionamento contra a atribuição dos nomes de algumas "personalidades", enquanto outras, de muito maior mérito e representatividade, em vários domínios, ficavam no rol dos eternos esquecidos. Defendi que uma comissão, no âmbito do departamento de cultura, após definição de critérios, elencasse, por sectores, áreas e domínios, o nome de figuras madeirenses prioritárias na designação da toponímia funchalense. Que eu saiba nada disso foi realizado de forma consistente. E o que me parece é que, no governo, o mesmo está a acontecer. Repito, não está em causa o madeirense e famoso Cristiano Ronaldo, mas as decisões políticas que não podem ficar ao sabor dos impulsos do momento.
Ilustração: Google Imagens.

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