Leio no "Observador": "FMI errou na "narrativa". A Portugal faltava poupança, não competitividade. O Relatório independente, encomendado pelo FMI, diz que o fundo desenhou o Programa da troika partindo de um diagnóstico errado. E que chegou ao fim ainda em risco de entrar num caminho "explosivo". O Fundo Monetário Internacional (FMI) aterrou em Portugal em 2011, para desenhar o programa de resgate, trazendo no bolso vários anos de diagnósticos errados dos principais problemas da economia nacional. Foi esta quinta-feira divulgado um vasto relatório, encomendado pelo FMI, em que vários especialistas fazem uma análise independente da forma como o FMI interveio na Grécia, Irlanda e Portugal" (...) O FMI colocou demasiada ênfase na falta de competitividade no sector exportador de Portugal como causa primordial dos défices comerciais e da conta corrente. Não encontrámos suporte a esta análise nos dados". A pergunta é legítima: isto significa(ou) incompetência por parte dos técnicos do FMI ou as análises feitas tiveram um cunho intencional? Porventura, um dia, se saberá.
Eles são técnicos, obviamente, mas respeitam, julgo eu, quem os chefia. Daí que esteja em causa Christine Lagarde. Aliás, Senhora que ao longo de todo o tempo demonstrou avanços e recuos discursivos muito pouco equilibrados para as funções que desempenha. Mas, reportando-me aos técnicos, nunca gostei do ar arrogante, a forma como entravam no nosso Parlamento Nacional, o semblante carregado como se apresentavam, ao jeito de "donos disto tudo", e que terminou (?) com o chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), Subir Lall, a faltar à reunião da Concertação Social que ele próprio tinha convocado (28 de Junho). Uma deselegância de significado político relevante. A leitura que qualquer pessoa faz de todo este processo, é que a sofisticada engrenagem está muito para além do que os nossos olhos alcançam.
Lamento, entre outras, três coisas: primeiro a subserviência dos Órgãos de Soberania Nacional, durante quatro anos, ao ponto do então Presidente da República, Professor Cavaco Silva, ter sublinhado: "(...) Foi tomada uma decisão muito importante para o nosso futuro: colocámos atrás das costas a sétima avaliação" (...) "Penso que foi uma inspiração da nossa Senhora de Fátima"; depois, lamento a falta de referências políticas no plano das instituições internacionais. Deixámos de acreditar na honestidade e seriedade dos processos e das concomitantes decisões políticas; finalmente, pelo erro de diagnóstico, pagámos e continuamos a pagar. Quem nos ressarcirá pelos danos?
Em três palavras: somos constantemente enganados. O presente relatório do FMI isso mesmo demonstra.
Ilustração: Google Imagens.
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