Já mete repulsa este constante matracar na cabeça dos governantes e dos portugueses em geral. Todos os dias regressa a história das sanções. Alguns, até, pela forma como se posicionam, parece que se regozijam com o regresso da austeridade, com um tal plano b, com medidas adicionais, seguindo a cantoria externa e os poderes internos, neste caso, quer os do patronato da comunicação social, quer os de costela partidária. É apertar porque "o povo aguenta... aguenta". Um mínimo de bem-estar, através da reposição dos salários e reformas roubadas, a anulação das sobretaxas disto e daquilo, o aumento do salário mínimo, a restituição de vários abonos para quem é pobre, as 35 horas de trabalho que até deveriam ser para todos, enfim, para os senhores da Europa tudo aquilo são extravagâncias e não pode merecer aprovação. Mas por que raio devemos estar dependentes da sofisticada engrenagem que esmaga e, todos os dias, nos intimida?
Há dias, na página de facebook, o Dr. António Macedo deixou um comentário. Trago-o para este meu texto, enquanto reflexão, pelas preocupações enunciadas.
"Ao que consta, a decisão do Ecofine não foi unânime, tendo merecido a oposição da França e da Grécia (que provavelmente se esqueceu da antiga postura de Passos Coelho, em Bruxelas). É altura de Portugal e Espanha se juntarem a estes países, tentando arrastar também a Itália para poderem, mais facilmente, enfrentar o directório político que (des)governa a UE. Reafirmo o que há algum tempo venho escrevendo. Em conjunto, os países do Sul são auto-suficientes em agro-pecuária, têm capacidade industrial e tecnológica da melhor, possuem uma plataforma marítima imensa, para ser explorada e defendida da pirataria actual, estão numa posição geo estratégica privilegiada, mantêm fáceis relações com a África, América do Sul e Ásia. Tudo isto dá-nos força para impor mais respeito por parte dos nossos parceiros da UE. Somos europeus, todos ganharíamos com uma Europa forte e unida, mas não podemos aceitar sermos tratados como europeus de segunda. É urgente encontrar alguém com capacidade e determinação para liderar este processo e devolver a dignidade que, aos poucos, vamos perdendo. A não conseguirmos isto, temos que assumir que há mundo para além da Europa. Mundo que bem conhecemos e que nos (re)conhece. As manifestações de alegria pela vitória de Portugal no campeonato da Europa, ocorridas um pouco por todos os continentes, são disso a prova".
Sanções, senhores da Europa? Tenham vergonha.
Ilustração: Google Imagens.
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