Tenho vindo a acompanhar o debate on-line do DN-M subordinado à pergunta: como travar o número de mortes nas estradas da Madeira? E isto porque, em meio ano ano já lá foram catorze vidas. Tem lido desabafos, uns mais sérios e profundos do que outros, a verdade porém que são poucos os que tocam no ponto essencial que, desde logo, se trata de um problema de educação e de cultura e, logo depois, de rigor na fiscalização e punição. Mas o primeiro aspecto é, do meu ponto de vista, central e crucial. E dou dois exemplos:
a) Visitei a Noruega. Tenho, por hábito, deslocar-me às cidades e lugares que pretendo visitar, conduzindo uma viatura. Em uma das deslocações fiquei em Dalen, uma cidade a cerca de 200 km. de Oslo e a outros tantos de Bergen. Pensei eu ser este um ponto estratégico, uma vez que 200 km., em Portugal, cumprem-se, com segurança e em boas estradas, no máximo, em duas horas. Erro meu. Na Noruega para fazer os tais duzentos quilómetros leva-se para cima de quatro horas. Os condutores não ultrapassam os limites de velocidade (entre 60 e 80 km) e as estradas, embora bem pavimentadas, não permitem aventuras. Nem se entrevem a ultrapassar os limites impostos. É, de facto um problema de educação. Aliás, a Noruega, segundo país do Mundo nos índices de desenvolvimento humano, apenas tem cerca de 200 km de autoestrada, fundamentalmente, à saída dos aeroportos. Os inúmeros túneis são "tenebrosos" (li eu na internet quando preparei a visita), alguns com 16 e outros com 24 km. Passei por eles. Não têm nem a configuração muito menos a iluminação dos túneis madeirenses a qualquer hora do dia. E são ricos e nós somos pobres! Têm petróleo e nós não. As prioridades deles são umas, as nossas são outras. Eles investem no útil e reprodutivo; nós gastamos no não prioritário. Enfim, opções, de quem pensa que Keynes era empreiteiro e não economista, como diz o meu Amigo Carlos Pereira.
b) No ano passado visitei a Alemanha e a Suiça. Em várias cidades, sobretudo em Dresden e em toda a Suíça, pude testemunhar o intervalo de segurança, entre uma viatura e outra, na estrada e mesmo ao sair de um semáforo vermelho para um verde.
Ora bem, quem assim se comporta evidentemente que demonstra educação, cultura e respeito pela vida. Que lá também existem prevaricadores, disso não tenho dúvidas. A grande mancha, porém, sabe o que significa ter uma viatura nas mãos. Foi sta a impressão com que fiquei.
Em férias, normalmente faço 5000/6000 km. Conheço, felizmente, muitos países e muitas estradas, desde os grandes aos pequenos centros, de conduzir à direita e à esquerda. Nunca tive um acidente. Não estou livre disso, porém, com a condução não se pode brincar. É uma questão de educação, repito, mas também de mão pesada relativamente aos prevaricadores.
Nesta nossa via rápida, extremamente perigosa, entendo que os limites de velocidade deveriam ser substancialmente reduzidos.