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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

UM CERTO ESTRABISMO


A "Plataforma Democrática" constitui um acto de cultura, de liberdade e de respeito do Homem por si próprio. Um acto que, objectivamente, pretende dizer à sociedade, de lés-a-lés, dos pobres aos ricos, do sistema empresarial às instituições, sejam elas quais forem, de natureza social, cultural ou desportiva, que em defesa de todos nós madeirenses e porto-santenses, não podemos continuar com este jogo de cabra-cega que nos está a empurrar para o abismo fatal.


Mesmo que não queiram não conseguem disfarçar. A questão da "Plataforma Democrática" parece estar a incomodar mais o PSD que os restantes partidos da oposição. Enquanto que se assistiu a uma primeira reacção, absolutamente natural, por parte dos partidos da oposição, de uma alguma reserva, porventura por desconhecimento do conteúdo da proposta, sectores do PSD já estão aí, saltitando, parecendo incomodados, em uma efervescência que dá para retirar ilações. Falam de um "frentismo" quando não é nada disso que está em causa. E mesmo que constituísse uma "frente", desde logo assumida, do meu ponto de vista, ela seria bem vinda, em nome da Democracia, da Autonomia e da importante questão Social que afecta milhares.
Mas, para já, meus senhores, não é isso que se discute. Apear o PSD do poder é óbvio que sim, porque 36 anos de poder absoluto, de domínio de todos os sectores da sociedade, constitui um factor extremamente condicionador do próprio futuro da sociedade. Não se pode ignorar este aspecto. Mas, para já, o que em causa está, é colocarmo-nos de acordo em relação às questões de fundo e que são transversais à sociedade e a todos os partidos da oposição. Está em causa agitar consciências adormecidas por anos a fio de rotinas, de cada um para seu lado, de lutas individuais e inglórias, de colocar a sociedade a experimentar o novo, a sair da toca do medo, da crítica inconsequente, de um coma político induzido pela pressão, pela irracional gritaria do aparentemente mais forte. É isso que está em causa. Está em causa fazer acordar os milhares e milhares com direito a voto, que sofrem mas que não comparecem no dia das eleições.
A "Plataforma Democrática" constitui um acto de cultura, de liberdade e de respeito do Homem por si próprio. Um acto que, objectivamente, pretende dizer à sociedade, de lés-a-lés, dos pobres aos ricos, do sistema empresarial às instituições, sejam elas quais forem, de natureza social, cultural ou desportiva, que em defesa de todos nós madeirenses e porto-santenses, não podemos continuar com este jogo de cabra-cega que nos está a empurrar para o abismo fatal.
Ora, é disto que a maioria tem medo. Por isso, apavoradamente, fala do bicho papão "frentismo". Para esta maioria conservadora e interesseira tudo estaria bem se se mantivesse este estado comatoso. Estaria tudo bem que o partido A continuasse a reivindicar isto ou aquilo e o partido B, continuasse a denunciar os erros da governação. Todos, isoladamente, cada um na sua capela e, bastas vezes, esgrimindo-se nos argumentos. O PSD sempre quis isto, este estado morno e de subserviência que ajuda ao controlo da sociedade. O desafio que o PS coloca a toda a sociedade, não apenas aos partidos, é precisamente o da reflexão que espevite as consciências. Não estão em causa questões de natureza ideológica e de colocar todos dentro do mesmo saco político. Há que respeitar os caminhos programáticos que cada um entende como os melhores para conseguir as necessárias mudanças. Outra coisa é a convergência naquilo que estruturante de um pensamente estratégico de mudança.
O caminho é difícil, cheio de escolhos, há monumentais medos por aí espalhados, há gente bem colocada na estrutura governativa que comigo fala, entre outras pessoas que nada têm a ver com o PS, pessoas que abominam o que se está a passar. Criticam, com argumentos, a vergonha deste sistema. Mas têm medo, porque têm família e filhos. Basta olhar para as denúncias dos partidos e para as primeiras páginas do DN-Madeira para percebermos que este governo e esta maioria não tem futuro. A "Plataforma Democrática", em uma apreciação meramente pessoal, tem o significado de "Salvação Regional". É isto que está em causa, porque se alguém tem tido, desde sempre, uma atitude "frentista" contra a racionalidade, o bom senso, as boas propostas, contra a vida democrática, contra os pobres, contra os empresários e contra as empresas, tem sido, claramente, o governo da responsabilidade do PSD.
Ilustração: Google Imagens.

2 comentários:

Espaço do João disse...

Óh meu caro André.
Então ainda não verificou que quem não for do PSD, tem de ser forçosamente Comunista? Não é essa a doutrina do Ditador?
Lembra-se do que disse o Salazar quando o Humberto Delgado pronunciou a frase " que me importa a mim que se ame Deus ou um escaravelho, se temos um povo a defender". Hoje a sina é a mesma. Ou se é PSD, ou se é Comunista. E viva o velho.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Interessante e oportuno.