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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

RTP: BASTA, BASTA E BASTA!


Mas não, a RTP-Madeira preferiu o mais fácil e menos comprometedor: falou de lá, do Continente, quase como uma extensão do presidente do governo. Ninguém no PSD teria feito melhor. Foi a chamada entrevista perfeita, isolou a Madeira de qualquer responsabilidade, como se esta terra não tivesse Assembleia, Governo e orçamento próprio, e colocou o problema bem longe. Um fatinho à medida dos interesses da RTP.

A RTP-Madeira está a produzir
um fatinho à medida dos interesses
do Governo Regional.
É público e notório.
Acabo de assistir ao Telejornal da RTP-Madeira. Uma vergonha. Basta de clara protecção ao governo do PSD-Madeira e de ofensa clara aos partidos da oposição. BASTA!
Assisti a uma entrevista ao Dr. Luís Campos Cunha, um economista que foi Ministro das Finanças do XVII Governo Constitucional. Tratando-se do TELEJORNAL da Madeira, lógica e obviamente, que a este Catedrático deveriam ser colocadas questões relacionadas com a Madeira, com a dívida da Região que já vai em seis mil milhões, com a política de "factoring", com as opções de criação das Sociedades de Desenvolvimento e Empresas Minicipais, com as políticas do Centro Internacional de Negócios da Madeira, sobre a política de impostos e de como sair desta gravíssima situação em função da Autonomia, enfim, a jornalista tinha tanto por onde explorar no sentido desta figura trazer o novo, através da opinião abalizada. Mas não, a RTP-Madeira preferiu o mais fácil e menos comprometedor: falou de lá, do Continente, quase como uma extensão do presidente do governo. Ninguém no PSD teria feito melhor. Foi a chamada entrevista perfeita, isolou a Madeira de qualquer responsabilidade, como se esta terra não tivesse Assembleia, Governo e orçamento próprio, e colocou o problema bem longe. Um fatinho à medida dos interesses da RTP. Não estou aqui, até porque não gosto, a fazer uma avaliação subjectiva e partidária, apenas estou a constatar. Comentadores sobre a política nacional já temos tantos e em vários canais. Aqui, espera-se a análise e o comentário sério, fundamentado e profundo sobre a realidade da Madeira. Ou não será assim?
Ora, o que se passou é, do meu ponto de vista, intencional, pois não acredito que seja por ausência de qualidade profissional. Enquanto espectador da RTP-Madeira interessa-me seguir o que se passa na minha terra e que alguém me traga análises que estão para além da minha capacidade de observação. Tomar "conhecimento" do conhecido não me interessa e, certamente, não interessará à maioria dos espectadores. É intencional, repito, todo este formato de Telejornal. Nos dias de plenário na Assembleia, qualquer actividade parlamentar já não merece cobertura noticiosa e já começaram a faltar a iniciativas partidárias. Ainda ontem li uma, muito importante, que ocorreu no Concelho de Santa Cruz, sobre a dramática situação financeira da Câmara local, assunto que não mereceu a atenção da RTP e, ainda hoje, face a uma outra situação, ainda mais dramática que está a ser vivida no Porto Santo, que aqui já dei nota em anteriores textos, a reportagem não mereceu mais do uns míseros 31''.  Isto para não falar, por exemplo, de, ainda ontem, na sequência da apresentação do Orçamento da Região, não ter procurado as naturais e importantes reações dos partidos da oposição. Ora, isto tem uma intenção e enquadra-se no âmbito da perseguição a uns e da protecção a outros, melhor dizendo, protecção ao Governo Regional. Não brinquem com as pessoas, porque a televisão é pública e é paga por todos nós. BASTA!
Ilustração: Google Imagens.

4 comentários:

António Trancoso disse...

Caro André Escórcio
Creio que o Doutor Paquete de Oliveira teria uma palavra importante a dizer numa situação atentatória da dignidade dos tele-espectadores.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Trata-se, de facto, de um atentado à dignidade dos espectadores. E sobre esta matéria, se me restar algum tempo, voltarei a escrever hoje sobre esta matéria.
Não o faço por qualquer sentimento partidário (nunca o faria) mas porque, tratando-se de um "serviço público", tal responsabilidade não pode estar entregue a posicionamentos claramente partidários.

Anónimo disse...

Qualquer ser desta face da terra concordará com esta sua brilhante análise a uma RTP que deixou de ser da Madeira para ser só de alguns. No entanto, relembro ao Senhor Deputado que o seu partido tem responsabilidades nesta matéria ao ter colocado lá incompetentes que só derramaram perante alguns dos seus amigos mordomias que agora estamos todos a pagar. Além do conteudo da estação,convem também procurar saber como e onde se gasta tanto dinheiro numa simples delegação retransmissora da rtp 1.

André Escórcio disse...

Obrigado pelo seu comentário.
Com toda, mas toda a sinceridade lhe digo que não conheço a interferência do PS nesta situação. Se tivesse dados concretos, acredite que os denunciava.
Mas há aqui uma questão de fundo: os meios de comunicação social devem manter-se distantes dos apetites partidários. Por isso, devem ser geridos, de dentro para fora, com competência e com profissionais com passado no áudio-visual. Gerir uma televisão não é a mesma coisa que gerir uma mercearia. Mais, ainda, há uma grande diferença entre uma rádio e uma televisão!
E só mais uma: gerir pessoas ainda mais complicado é.´
O caso da RTP-Madeira é um pouco de tudo isto.
Obrigado, uma vez mais, pelo seu comentário.